Professor com mais de 30 anos de carreira, Gutemberg Freire não pode contabilizar o número de alunos com os quais dividiu seus conhecimentos. Do Ensino Médio ao Superior, o entusiamo é sua marca, seja qual for a disciplina à qual se dedica. “Não há aeroporto que eu vá, ou então locais públicos aqui na região sul, em que não seja reconhecido por alguém. Nem eu tinha ideia de que contribuí com a educação de tanta gente! “Cheguei ser interceptado em Fortaleza e Brasília por pessoas que afirmaram terem sidos meus alunos”, conta.

Formado em Direito, História, Teologia e Filosofia, exerce incrível empatia por alunos e ex-alunos . Ao tratar da Criminologia para alunos do curso de Direito, desperta neles o entendimento acerca da realidade e explica de modo claro e objetivo sobre a Teoria das Janelas Quebradas. “Amo a Ciência Jurídica, principalmente seus aspectos humanistas e filosóficos. Nunca me dediquei à advocacia, por não concordar com o fisiologismo do judiciário brasileiro, mas considero uma profissão de gigantesca relevância social”, explica. De Nike a Ajax, fala sobre Mitologia e como os Deuses do passado, graças ao poder que possuíam, estão representados até hoje em produtos de limpeza, por exemplo.

Natural de Curitiba é Mestre em Direito da Personalidade e concilia o estudo com o trabalho desde muito cedo. Já foi Guarda Mirim, funcionário público e bancário. “Mas até hoje sou professor. A diferença é que hoje dirijo meu próprio Colégio. Além disto, leciono Direito em algumas faculdades da região”. De uma época em que todos se apelidavam, virou Mr. Magoo. “Nome de um antológico velhinho de desenho animado famoso por ser “cegueta”. Eu era muito reservado e não pegavam, mas como uso óculos desde criança, esse vigorou na 8ª série.

O que você mais gostava de fazer na escola quando criança?

Sem hipocrisia, mas eu adorava ir à biblioteca.E não era só eu. Pode parecer estranho hoje, mas a biblioteca era como acessar o “google” atualmente. Em uma época de mídias limitadas, ir a biblioteca era a melhor forma para se conhecer o mundo.

Qual a melhor lembrança desse período de escola?

Foi quando meu pai matriculou-me em uma escola no centro da cidade para cursar o “ginásio”, atual ensino fundamental II. Eu morava na periferia de Curitiba e nunca ia para o centro. Quando visitei a escola pela primeira vez (Escola Tiradentes) fiquei deslumbrado com o tamanho, com os corredores, com o laboratório, com a biblioteca, etc. A impressão que eu tive, na época, era de que o mundo se abria para mim naquele momento.

Havia alguma matéria que gostava mais? E qual era a que gostava menos?

Sempre amei as aulas de História! Adorava folhear os livros de História, ver as figuras e imaginar aquelas situações. Na época, não gostava muito das aulas de Matemática. Não parecia muito criativo para mim (risos).

Usava uniforme?

Sim. Era obrigatório. Camisa branca com bolso bordado com a logo da escola e calça azul. Sempre de “tergal” (tipo de tecido).

O que você gostava de comer na hora do recreio?

Em uma época de vida muito simples, comer uma coxinha e tomar um refrigerante era maravilhoso.

Suas notas eram boas? Qual a disciplina que ia melhor?

Sim. Sempre fui um dos melhores alunos da escola. Tanto que era convidado para representar a escola em qualquer evento público. Mas não sei se eu era um bom aluno por inteligência ou para compensar outras limitações. Era era sonhador demais e, por isto, muito reservado.

Professor Gutemberg: “Somos como atores, sempre é possível nos reinventarmos e foi isto que fiz ao longo da carreira, me reinventei"
Professor Gutemberg: “Somos como atores, sempre é possível nos reinventarmos e foi isto que fiz ao longo da carreira, me reinventei" | Foto: Divulgação

E quando criança, imaginava que teria essa profissão?

Sempre me imaginei professor. Já brincava de dar aulas ainda na infância.

Quem eram seus ídolos nessa época?

Meus ídolos eram os pilotos de “Fórmula Um” da época, em especial um deles: Niki Lauda, que faleceu recentemente. Se estiver falando de ídolos mais abstratos, então posso afirmar que sempre tive uma profunda admiração por Napoleão Bonaparte. Tanto que defendi (e consegui a absolvição!) de Napoleão Bonaparte em um júri simulado, na 8ª série.

Por que gosta tanto de Napoleão?

Bom, se hoje valorizamos tanto a liberdade, a igualdade e outros direitos, devemos isto a ele. Foi Bonaparte que disseminou pelo mundo (do jeito dele, é claro!) os ideais da Revolução Francesa.

De que maneira o gosto pela leitura o auxiliou na formação?

A leitura me conduziu ao gosto pelas ciências humanas. Desde criança sonhava em cursar História e Direito. Só que eu tinha uma visão muito romântica do curso. Imaginava uma coisa meio “Indiana Jones” ou meio “Perry Mason”. Este último eu acho que os mais jovens nem ouviram falar, era um seriado de tribunais da época.

Teve irmãos? Ajudava nas tarefas?

Sim, quatro, todos mais novos. Eu era uma espécie de professor particular deles.

Como as outras crianças lidavam com o seu nome? Tinham curiosidade de saber quem foi?

Meu nome era incomum aqui na região sul. No Nordeste, de onde descendo, é comum o uso de nomes históricos. Enfrentei alguns problemas com relação ao nome mas, no geral, as pessoas achavam um nome bem sofisticado e “chique”. Me chamavam muito de “Gute” (risos).