Nada como um festival após o outro. O contraste de ânimo entre os organizadores foi flagrante ao longo dos quinze dias desta 22 edição do FML, na comparação com o ano passado. Se a escassez de verbas e a falta de apoio tiraram o brilho da temporada anterior, marcada pelo improviso, desta vez tudo parece ter corrido às maravilhas.
''O festival foi um sucesso, foi um dos melhores dos últimos anos'' afirmou o maestro e diretor artístico do evento, Norton Morozowicz, durante a entrevista convocada ontem de manhã para fazer o tradicional ''balanço'' do FML. Toda a comissão deliberativa e a comissão diretora do festival estavam presentes na coletiva.
Em ato simbólico, a Secretária Estadual de Cultura Mônica Rieschbieter assinou o convênio entre o Governo do Estado e a organização do Festival garantindo o repasse de R$ 100 mil. Segundo ela, o festival londrinense foi uma das prioridades de sua pasta. ''Todo festival é um drama, estamos sempre correndo atrás do prejuízo. Mas estou satisfeita com o que vi aqui. Quando existe planejamento, não tem muito que dar errado'' disse.
Além da verba do Governo, o orçamento deste ano contou com R$ 200 mil, oriundos da Secretaria municipal de Cultura; R$ 250 mil da Lei Rouanet; e R$ 25 mil destinados pela Universidade Estadual de Londrina. ''Só tivemos um problema este ano: algumas pessoas não puderam assistir a alguns concertos por causa da lotação e tiveram que voltar para casa. Felizmente, é um problema até agradável'' observou o Secretário Municipal de Cultura Bernardo Pellegrini.
Os números dão respaldo ao discurso. A assessora pedagógica Solange Cristina Batigliana estima que 60 mil pessoas assistiram à maratona musical desde o dia 6. Com a reforma do Cine-Teatro Ouro Verde, boa parte das atrações se concentrou no Teatro Marista. Mas as apresentações aconteceram também no Londrina Country Club, Anfiteatro do Zerão, Teatro Com Tour, Teatro Zaqueu de Melo, Teatro Crystal Palace, Calçadão, Concha Acústica, Associação Médica, Catuaí Shopping, campus da UEL, Circo Funcart, Capelas dos colégios Marista e Mãe de Deus; além de vários bairros da cidade incluindo assentamentos.
Palcos de Maringá, Cambé, Apucarana e Ibiporã também serviram de extensões para a programação. ''O público não tem barreiras'' enfatizou Morozowicz. ''Nós é que criamos as barreiras. Há muitos anos, carrego o slogan de que não existe música popular e música erudita: existe música de qualidade. A música é uma linguagem universal e, se for boa, desperta a sensibilidade de todos''.
A parte pedagógica da programação também apresentou números positivos. Ao todo, 1.270 alunos se inscreveram nos vários cursos, workshops e oficinas batendo o recorde do festival. Desse total, 470 vieram dos mais diversos pontos do país, do Amapá ao Rio Grande do Sul. O corpo docente, com 73 professores, bateu outro recorde.
Não só isso, pôde ser totalmente renovado graças ao planejamento. ''O FML já é o mais importante do país no aspecto pedagógico. Essa é uma opinião unânime entre os professores participantes'' salientou o diretor artístico. A reitora da UEL, Lygia Pupatto, ressaltou a qualidade dos concertos apresentados e a presença massiva de jovens nas platéias. ''O festival possibilita a socialização da cultura musical. E este é também o papel da univerdade'' destacou.
A musicista e diretora pedagógica do evento, Magali Kléber, deu ênfase à união de esforços entre as instituições promotoras, empresas patrocinadoras e a Associação de Amigos do Festival (da qual é presidente) que garantiu a realização desta 22 edição. Para ela, ''o festival já não pode ficar na mão de um ou outro, mas ser assumido por toda a comunidade''.
Enfim, as lamentações de anos anteriores deram lugar à perspectivas otimistas.