Curitiba Exemplos da expressão espontânea e explosiva de grafitismo podem ser conferidos a partir de amanhã, no Sesc da Esquina, em Curitiba. Na mostra ''Retalhos'', o cartunista e artista gráfico Marco Jacobsen mostra 14 obras que unem a técnica da arte urbana com a arte popular. Os quadros foram criados a partir de formatos geométricos industriais, mas trazem em sua composição os traços fortes que marcam os desenhos de Jacobsen, cartunista do jornal ''O Estado do Paraná''.
''Retalhos'' faz parte da campanha promovida pelo Serviço Social do Comércio (Sesc) ''Pichação é a maior Sujeira''. A campanha tem o objetivo de ressaltar o grafite como manifestação artística, o que não é, de fato, uma novidade. O princípio do grafitismo remonta a década de 70, mas sua fase de maior atuação aconteceu nos anos 80, quando era utilizado pelas gangues de rua para marcar território. Foi nessa época que o grafite foi reconhecido como arte, com pioneiros como Basquiat e Keith Haring.
Mas como levar para as galerias uma arte que nasceu e se desenvolveu nas ruas? A discussão é antiga, mas Jacobsen mostra que é possível. Valendo-se de técnicas variadas e utilizando principalmente o spray e máscara para desenvolvê-las, as obras retratam como personagens, trabalhadores, artistas e bailarinos, colocados em um pano de fundo extremamente colorido e rico em detalhes.
Jacobsen compara o trabalho a uma colcha de retalhos. ''Eu já tinha um projeto de retratar trabalhadores. Acabei relacionando com a colcha de retalhos, que não podia deixar de acompanhar figuras humanas por ser um trabalho popular'', conta.
Os quadros também utilizam a gravura em suas composições. As figuras destacadas são feitas a partir de máscaras. Algumas aparecem repetidas, em tamanhos e formas diferenciadas que conferem uma nova perspectiva ao trabalho. Em algumas obras, por exemplo, os corpos ganham expressão e dividem a tela com elementos relacionados ao trabalho, como as engrenagens, que também aparecem em formas de máscaras.
A mostra é dividida em três grandes obras. São dez telas de 1x70 metros e quatro de 1x30 metros, que ora se completam ora mostram como é possível utilizar a mesma técnica com resultados diferentes. Para Jacobsen, a mostra é uma evidência de que é possível trocar as pichações de rua por um trabalho conceitual, mas sem deixar a comunicação de lado.
A intenção do grafitismo, aliás, é exatamente essa, se dirigir ao público longe de um mercado que celebra e queima artistas com a velocidade de um raio.
Isso porque sua difusão está numa proposta fora dos padrões e que intensifica uma arte universal, como a que pode ser vista a partir de amanhã.
Serviço:
''Retalhos'', obras de Marco Jacobsen, no Sesc da Esquina (Rua Visconde do Rio Branco, 969), em Curitiba. Abertura amanhã, às 19 horas, com entrada franca.