A pergunta feita na canção de Nando Reis e Tony Bellotto, lançada em 1985, no disco “Televisão”, parece ter ganhado uma resposta agora, em 2023. É cedo ou tarde demais para dizer adeus? Em uma turnê emocionante, pelo Brasil e exterior, certamente os fãs de Titãs não desejavam ter que se despedir de uma das maiores bandas do Brasil.

Reunidos em sua clássica formação para as últimas apresentações, a turnê “Titãs Encontro – Pra Dizer Adeus” traz Arnaldo Antunes, Branco Mello, Charles Gavin, Nando Reis, Paulo Miklos, Sérgio Britto e Tony Bellotto, em 22 apresentações. Os ingressos estão à venda no site oficial da banda ou na plataforma Eventim.

LEIA TAMBÉM:

Ingressos para show dos Titãs em Londrina já estão à venda

Ingressos para show de Paul McCartney em Curitiba estão à venda

Formada na cidade de São Paulo, a banda de rock nasceu em 1982 e possui impressionantes números dentro do mercado musical, mais de 6,3 milhões de álbuns vendidos e parcerias com vários artistas brasileiros de renome, também com diversos cantores internacionais, além de premiações como Grammy Latino, em 2009, e o Troféu Imprensa de Melhor Banda por quatro vezes.

UMA TURNÊ REVOLUCIONÁRIA

Idealizada pela 30e a Bonus Track Entretenimento, toda estrutura das apresentações dos Titãs é algo revolucionário no show business brasileiro, a princípio seriam apenas 10 shows, mas a lista precisou aumentar para atender a demanda de fãs e regiões. Com novas datas confirmadas - algumas em lugares novos - telões de LED e artes criadas para o espetáculo chamam a atenção do público e deixam marcas na história da música brasileira, como os shows realizados no Allianz Parque, em São Paulo, onde pela primeira vez uma banda nacional encheu um estádio em três noites seguidas.

De acordo com o presidente da Fundação de Esportes de Londrina (FEL), Marcelo Oguido, 52, o estádio da cidade já foi sinalizado para que possa receber um grande público, além disso, as programações para a melhoria de estrutura irá se manter no calendário, pois há processos em andamento para a parte hidráulica e iluminação: “O pessoal do evento olhou e vistoriou, o Estádio foi liberado para ser usado como está”.

Fora do Brasil, Estados Unidos e Portugal poderão ouvir “queria ter amado mais”, em outubro e novembro, as demais localizações nacionais ficam com o Rio de Janeiro (Arena Jockey), Recife (Área Externa Centro de Convenções), Natal (Arena das Dunas), Juiz de Fora (Expominas), Londrina (Estádio do Café), Uberlândia (o local será anunciado em breve), Porto Alegre (Auditório Araújo Vianna), Teresina (Teresina Hall) e finaliza novamente em São Paulo (no Allianz Parque).

A EXPECTATIVA DOS FÃS

Com todas as letras no toca cds do carro, além de estar sintonizada nas estações que divulgam o estilo da banda, Cristiane Oliveira, 46, acompanha os Titãs desde a sua adolescência. Ela, que estará presente no show em Londrina, já está saudosa com a turnê de despedida: “Bandas como o Titãs nunca serão substituídas porque as letras das músicas são ótimas, a banda é maravilhosa e conquista até os mais jovens. Espero que o show seja muito animado e que eles cantem muito. Vou preparada para curtir, acompanhada de alguns amigos, do marido e do meu filho mais velho”, desabafa Cristina que já espera por ouvir a sua música preferida, “adoro a música ‘Enquanto Houver Sol’”.

Cristiane Oliveira: "Vou preparada para curtir, com o marido, o filho e os amigos"
Cristiane Oliveira: "Vou preparada para curtir, com o marido, o filho e os amigos" | Foto: Divulgação

Informado sobre o show pelos amigos “titanomaniacos”, como ele descreve, Fabrício da Silva Evaristo, 31, começou a ouvir a banda e a não perder nenhum lançamento após a vinda dos Titãs para Londrina, em 2022, mas já havia escutado nas rádios anteriormente e pegado gosto: “Eu, como colecionador, gosto de souvenirs, pegar autógrafo, tirar fotos, isso demanda tempo, disponibilidade, paciência e força de vontade. É muito difícil achar alguém com esse perfil. Então, prefiro sempre ir sozinho. E, claro, sempre faço amizades duradouras em todo show que vou”.

Animado para ver um show no estádio da cidade pela primeira vez, não vê a hora de rever a banda que o inspira, já que também é músico, “adoro shows em estádios! Vai ser uma experiência nova”, celebra, Fabrício.

Marisa Colares dos Santos, 55, é fã de longa data, as músicas já se misturam com suas histórias e o show vai ser um momento de grande emoção: “Conheço os Titãs desde a formação da banda, eu era adolescente, hoje tenho 55 anos. Lembro de começar a escutar porque meu marido, Paulo, na época também adolescente, vivia cantando as músicas do LP ‘Cabeça Dinossauro’. A qualidade deles é tanta que as músicas não envelhecem, não são datadas. Você ouve Skank, Legião Urbana, Paralamas do Sucesso e Titãs e parece que as letras foram feitas hoje”.

Marisa Colares dos Santos: as músicas dos Titãs se misturam à sua história
Marisa Colares dos Santos: as músicas dos Titãs se misturam à sua história | Foto: Divulgação

Não será seu primeiro show, nem mesmo na turnê especial, Marisa foi à apresentação de junho, em São Paulo, e agora espera encontrar o mesmo nível em Londrina. Seus dois filhos, João de 24 anos e Helena de 26 anos, cresceram ouvindo Titãs nas viagens dentro do carro, indo para a escola e também em casa: “Com certeza a música preferida é a versão de ‘É Preciso Saber Viver’, gravada pelos Titãs. Minha filha Helena quando era pequeninha, cantava sempre a plenos pulmões. Virou "meme" na família! Além da música ser maravilhosa”, comenta a fã.

Outro conhecer da banda, desde a década de 80, período em que era estudante de História na UEL, Edson Holtz, 60, lembra que não havia festa universitária ou barzinho que não tocasse as bandas que marcaram aquela época e os Titãs era uma dessas: “Meu estilo favorito é a MPB. Mas depois que participei do coro da UEL, na década de 80, meu universo musical foi ampliado. Aprendi a amar a música clássica, instrumental, tive acesso a música contemporânea em toda sua diversidade, incluindo, é claro, o rock”, diz.

Com dificuldade em escolher a sua música favorita da banda, Edson escolhe algumas produções dos Titãs que marcaram diferentes momentos da sua vida, ‘Enquanto Houver Sol’, ‘Epitáfio’, ‘É Preciso Saber Viver’ e ‘Flores’: “Minha geração foi privilegiada com músicas de extrema qualidade, tanto na letra como nos arranjos, algo raro de se ver hoje em dia”, conta.

Edson Holtz: "Minha geração foi privilegiada com músicas de extrema qualidade"
Edson Holtz: "Minha geração foi privilegiada com músicas de extrema qualidade" | Foto: Divulgação

Mais um dos confirmados para o show em dezembro, está ansioso para as próximas emoções que o grupo, agora unido mais uma vez, tem levado aos fãs por todo Brasil e exterior: “O Estádio do Café é perfeito! Aquele formato de concha das arquibancadas irá funcionar bem para o show. Em Ribeirão assistimos o show no Estádio do Comercial, havia umas 40 mil pessoas, espero sentir a mesma emoção que senti lá, um dos melhores shows de rock que assistimos na vida”, diz Gilberto Antônio da Silva, 41.

Muito fã da banda, acompanha os Titãs há anos, em shows e todos os lançamentos, ele conta que é admirador desde que escutava através de uma fita cassete, presente do seu irmão mais velho. Na fita estava o lendário álbum ‘Cabeça Dinossauro’.

Para Gilberto será difícil substituir uma banda desse porte, os anos 80 parecem mesmo deixar saudades para quem conseguiu aproveitar toda a cultura que foi gerada na época: “Minha música preferida é a ‘Será Que É Isso o Que Eu Necessito?’, essa marcou minha vida por ser a primeira música que vi ao vivo, além de ter sido o primeiro show que presenciei, no dia 6 de maio na Expoingá, em Maringá”, conta.

Ostentando presença, ele já viu alguns shows da turnê, primeiro em Curitiba, na Pedreira Paulo Leminski e em São Paulo, no Allianz Park, em dois dias de apresentação, agora, em Londrina será o seu quarto dia na turnê ao lado dos amigos, também fãs da banda: “O Estádio do Café foi uma boa escolha, um lugar para um mega espetáculo, ótimo para a grandeza dos Titãs”.

Gilberto Antônio da Silva com Paulo Miklos: ele acompanha a banda há décadas
Gilberto Antônio da Silva com Paulo Miklos: ele acompanha a banda há décadas | Foto: Divulgação

TUDO OK PARA O ESPETÁCULO

Uma das expectativas do público é prestigiar um show no Estádio do Café, o local dedicado às partidas de futebol do LEC, agora vai abrir o meio de campo para que outra equipe possa dar o seu espetáculo. Luciano Galbiati, 48, técnico e consultor de áudio e vídeo explica que os projetos de sonorização evoluíram muito com os anos, os estádios conseguem oferecer grandes espetáculos, hoje em dia, e, os possíveis problemas na acústica podem ser contornados, geralmente,esses obstáculos são mais comuns ambientes fechados do que abertos: “Geralmente essas estruturas precisam de 2 a 7 dias para estarem prontas. Já faz parte da história da música contemporânea shows em arenas de futebol, pois são espaços com capacidade para receber grandes públicos. Então, já faz parte da linguagem de grandes shows essas características acústicas de arenas”.

Eventos desse porte, usam de muitos serviços independentes, apenas a estrutura do local precisa estar bem avaliada e liberada para que o suporte técnico e toda a equipe chegue com as instalações necessárias, para que ocorra com segurança e o conforto adequado para receber o público e os artistas: “Se a estrutura do Estádio estiver ok para receber o número de pessoas esperado e a estrutura projetada para o evento estiver bem dimensionada, provavelmente o público terá um bom show. A produção do show precisa garantir que todo o espaço do evento tenha cobertura sonora e visual. Ou seja, independentemente do local onde a pessoa estiver, ela deve conseguir ter uma imersão satisfatória. Esses shows dos Titãs já foram realizados em outras arenas, acredito que aqui não será diferente e o público pode esperar um bom entretenimento”, explica, Luciano.