Daniella Cicarelli finalmente saiu da geladeira e está de volta à grade da Band. Sem programa desde setembro de 2008, quando viu seu ''Quem Pode Mais?'' ser retirado do ar de forma brusca, a apresentadora estreia hoje dividindo o comando do ''Zero Bala'' com Otávio Mesquita. Na produção, os competidores entram no estúdio - literalmente - com um carro velho e podem sair com um Volkswagen Fox zerinho. Se não ganhar o automóvel, o participante ainda tem a chance de se consolar levando para casa um fogão, uma geladeira ou uma máquina de lavar roupas. ''Eu e o Otávio juntos vira uma loucura. A gente não leva nada a sério. Acho que toda segunda-feira vamos levar um puxão de orelhas da direção porque fizemos muita bagunça no domingo'', brinca a apresentadora.

O programa, ao vivo, tem uma hora de duração e começa às 13h. Bem no momento em que o ''Programa da Eliana'' e o ''Tudo é Possível'' estiverem no ar no SBT e na Record, respectivamente. Apesar disso, a concorrência com Eliana e Ana Hickmann não preocupa Cicarelli. ''Não penso em concorrer com elas. Prefiro pensar no orgulho que é estar do lado das pessoas do domingo. Há dez anos, estava fazendo minha faculdade de Administração em Belo Horizonte e assistindo a programas dominicais'', rememora a apresentadora, que está mais loura do que nunca.

Como funciona o programa?

Para participar do programa, é preciso fazer a inscrição no site www.band.com.br/zerobala. O competidor que for selecionado só entra no jogo se acertar uma pergunta do tipo ''verdadeiro ou falso''. Acertando, o motorista entra no estúdio com o seu carro velho lotado de amigos e familiares, que vão ajudá-lo a responder as perguntas sobre conhecimentos gerais. Se eles errarem, saem do programa e entra um novo candidato. Se acertarem, vão avançando na competição até chegar à roleta de prêmios, onde está o carro zero.

O programa é criação da produtora Endemol International, que tem no currículo o sucesso ''Big Brother''. Isso pesou na hora de aceitar o convite?

Esse projeto encheu os meus olhos desde a primeira vez que o vi. Esse mesmo formato já foi exibido na Argentina, na Geórgia e na Romênia. Tenho até alguns episódios argentinos gravados. O título original do programa é ''Go!''. Na hora pensei que a Volkswagen poderia patrocinar, por causa do nome do carro que eles fabricam. No final, deu tudo certo. Mas, em vez de Gol, vamos dar um Fox.

Que elementos o ''Zero Bala'' tem para atrair o público?

Acho que ele vai agradar a todo mundo porque é um programa dinâmico e ao vivo. Enquanto um participante estiver respondendo às perguntas no palco, outros possíveis competidores estarão do lado de fora, numa fila, esperando sua vez. Quando quem está no programa erra, a gente preenche sua vaga pelo próximo da fila. Otávio e eu vamos ficar zanzando. A gente vai lá para fora, fala com o pessoal que está esperando, conhece a história das pessoas...

Você não acha que o formato do ''Zero Bala'' é muito parecido com o do ''Lata Velha'', quadro que vai ao ar aos sábados, no ''Caldeirão do Huck''?

Recentemente passei um fim de semana na casa do Luciano Huck e da Angélica e a gente estava conversando sobre isso. Chegamos à conclusão que as duas produções são bem diferentes. No ''Lata Velha'' você tem um carro velho e não troca por nada porque é apaixonado por ele. No ''Zero Bala'' é ao contrário. Estamos falando daquele carro que você olha na garagem e não quer mais. Ao olhar para ele, você pensa: chuta que é macumba! São formatos diferentes, emissoras diferentes, apresentadores diferentes... É tudo diferente.

Você entende de carro?

Eu não sou daquelas que sabe tudo, mas também não me desespero. Nunca bati. Quando vou ao mecânico, ele faz o orçamento e, antes de eu desmaiar com o preço, ligo para o meu pai dizendo o que precisa ser feito. Ele faz as correções, dizendo que não precisa trocar o filtro de ar, por exemplo. Aí, volto no mecânico e digo que não precisa. No final, ele concorda.

Você gosta de dirigir?

Adoro dirigir e não conseguiria nunca ter um motorista na vida. Não imagino uma pessoa me esperando dentro de um carro para sair.
O ''Zero Bala'' fica no ar até 7 de fevereiro do ano que vem. Você não tem medo de voltar para a geladeira quando o programa terminar?

Nunca pensei nisso de geladeira.

Mas você ficou fora da tevê desde 2008, quando o ''Quem pode mais?'' saiu do ar. O que você ficou fazendo nesse tempo?

Eu me dediquei ao curso de Direito que faço na Faculdade Metropolitanas Unidas, em São Paulo. Me formo daqui a dois anos. Fora isso, tenho meus trabalhos paralelos e fiz muitos desfiles, campanhas publicitárias... Tem meu esporte também que amo. É uma coisa que me faz bem. Fico na maior felicidade quando termino de correr. A endorfina é uma coisa absurda.

Você apresentou o programa ''Beija Sapo'' na MTV, em 2005, e fez um grande sucesso. Não sente falta de apresentar um produto para os jovens?

O ''Beija Sapo'' foi o maior sucesso, mas comecei nova e o programa era eu! Me sentia tão adolescente quanto as pessoas que participavam. Com o passar do tempo, a gente amadurece. Acho que tenho um espírito de jovem, sou super brincalhona, mas a gente amadurece. Os quatro anos que o ''Beija Sapo'' durou foram perfeitos. Foi o programa certo, na idade certa, na hora certa. O ''Zero Bala'' tem brincadeira, tem humor, mas pega um público um pouquinho mais velho, assim como eu.

Você é formada em Administração de Empresas e agora faz Direito, mas segue a carreira de apresentadora. Por que você escolheu áreas tão distintas da carreira que tenta seguir?

Acho que o advogado tem o dom da oratória e o apresentador também precisa ter. Fora que é muito interessante estudar filosofia, antropologia, sociologia... E quando terminar Direito, pretendo fazer Psicologia. Quero administrar, endireitar e analisar o negócio.

Houve uma época em que você se arriscou como atriz. Em 2001, interpretou a Larissa em ''As Filhas da Mãe'', na Globo, e sete anos depois fez uma participação como a Lorena de ''Água na Boca'', na Band. Você não pensa em investir na carreira de atriz?

Para ser atriz vou precisar estudar bastante. Definitivamente, não sou atriz. Me vejo canastrona na tela. Antes de virar atriz, quero me formar em Direito.

Você vai voltar a aparecer na tevê e, com isso, vai voltar a ser o foco de revistas e jornais especializados. Você está pronta para viver novamente essa exposição?

Confesso que, ao longo desses dez anos, já experimentei o lado ruim da carreira que escolhi. Toda profissão tem os dois lados. Ser médico é ótimo, você cura as pessoas, traz um bebê ao mundo... Em compensação, tem de dormir com o celular ao lado da cama, dar plantão. Eu tenho curiosidade em saber se fulano vai estar com fulana, quanto ganha um determinado artista... Aprendi a conviver bem com essa exposição. Muitas vezes saem notas que não são verdadeiras, mas não me deixo dominar por isso.



Primeiro carro


O primeiro carro de Daniella Cicarelli foi um Fiat Tipo e, segundo a apresentadora, poderia participar do ''Zero Bala''. Ele foi comprado usado e com muita dificuldade, já que Cicarelli trabalhava em duas fábricas de roupas em Belo Horizonte. No pouco tempo que tinha vago, ela cursava Administração de Empresas. ''Não me pergunte como eu conseguia fazer isso tudo porque não sei responder'', avisa.

É bem verdade que a carga horária ajudava. Cicarelli ficava só quatro horas em cada fábrica. Além disso, sempre que precisava fazer o serviço de banco, ligava para o avô, que entrava na fila de idosos. ''Ele não gostava de fazer isso, mas era o único jeito de eu andar mais rápido'', lembra. O empenho em comprar seu primeiro carro era tamanho que Cicarelli não recebia o pagamento todo mês. ''Pedia para as donas me pagarem a cada dois meses. Ficava com medo de gastar'', diz. De lá pra cá, muita coisa mudou. Hoje, a apresentadora tem um Volkswagen Touareg e um Land Rover na garagem.