Elisa Marilia Carneiro
De Curitiba
Os movimentos necessários para tocar um instrumento, carregar uma mala, falar, exige muito mais bom senso e um trabalho cerebral complexo do que uma infinidade de movimentos desnecessários e inúteis. O professor suiço Ulf Tolle ministra amanhã uma palestra sobre a Técnica de Alexander, na programação da 18ª Oficina de Música de Curitiba.
Muitas vezes, segundo Tolle, os músicos não executam somente uma tarefa com seus instrumentos, mas também dançam com eles. ‘‘Os flautistas e os violinistas são os mais animados na hora de dançar’’, observa. ‘‘Mas a orquestra toda se mexe muito, mais do que exige o instrumento.’’
Também não é preciso ficar estático. As duas maneiras são prejudiciais: muito parado e movimentando-se demais. ‘‘É preciso reconhecer, mentalmente, o que o instumento pede, utilizar o bom senso junto com os princípios da Física e do funcionamento fisiológico’’, reforça.
Tolle enfatiza sempre que é preciso bom senso. ‘‘Em geral, as pessoas desprezam essa virtude em detrimento de um modelo, ou padrão a ser seguido ou copiado. Isso prejudica a própria pessoa e o grupo todo’’, alerta.
Quando se toca um instrumento utilizando todos os recursos da Técnica de Alexander, a música expande-se, entra em sincronia com o grupo, se for uma orquestra, e o resultado é o esforço direcionado para a produção do som. Como exemplo, Ulf Tolle cita uma aluna de pandeiro, que sentia grande dores nos braços. Ela aprendeu a organizar o cérebro de forma a ouvir os outros instrumentistas. A performance foi bem melhor, segundo o professor. ‘‘O grupo entra em sincronia e aumenta a sinergia de todos. As pessoas não se concentram na tensão física e se ligam na tarefa executada.’’
Tolle reforça que a técnica não ensina a relaxar mas a coordenar os movimentos. ‘‘Quando estão se apresentando, os músicos têm de pensar neles mesmos, nos outros instrumentistas, no maestro, nas luzes, na platéia, etc. Isso deve ser feito nas várias camadas de pensar do cérebro, de forma a obter-se um resultado completo.’’
O professor conta que durante uma apresentação do pianista Vladimir Horowitz no New York Metropolitan Hall, uma mulher entrou atrasada e o andar dela fazia barulho por causa do salto. ‘‘Sentindo-se incomodado, o pianista começou a tocar no ritmo dos passos da moça e foi acompanhando-a até ela sentar-se. Desta forma, mostrou o quanto ela estava atrapalhando. Ele conseguiu usar sua liberdade de criar utilizando vários níveis do pensar, de forma excepcional.’’
No Brasil, a Técnica de Alexander é pouquíssimo difundida. Existem apenas 15 professores no País. O professor Ulf Tollo vem a Curitiba duas vezes ao ano desde 1997 para dar continuidade ao trabalho. Na cidade, além da palestra, ele ministra aulas particulares.
Palestra interativa ‘‘Técnica de Alexander’’, com o professor suiço Ulf Tolle. Salão Nobre do Colégio Estadual do Paraná, domingo (16), das 9h às12h e das 14h às 17h. Inscrições a R$ 10,00. Informações: 322-1525 (ramal 2260). Sobre as aulas particulares com Melina: (41) 252-8781; e-mail: [email protected].