Curitiba - O principal temor da adaptação de uma obra literária para o teatro é manter a veracidade do texto e o teor original do livro. O medo cresce (tanto para quem produz quanto para o espectador) quando se trata de uma das obras mais célebres da literatura mundial. Para afastar esse fantasma, o diretor da montagem Werther, baseada na obra ''Os sofrimentos do Jovem Werther'', de Johan Wolfang Goethe (1749 - 1832), Antonio Gilberto, optou por trabalhar com o texto original.
Não foi feita uma livre adaptação, mas sim utilizado o texto traduzido diretamento do alemão, com cortes é claro, como convém ao palco. O monólogo estrelado por Pedro Osório estreou em janeiro, no Rio de Janeiro, e será apresentado pela primeira vez em Curitiba hoje, dentro da programação da 15 Festival de Teatro de Curitiba.
A tradução e a adaptação do texto é assinada por Marcos Ribas de Faria, que levou dois anos trabalhando no projeto. No ano passado, o ator Pedro Osório mergulhou no universo de Goethe e no texto de Faria. Passou quatro meses ensaiando antes da estréia, mas mesmo depois de decorar textos e saber detalhes da vida do autor, não larga a obra nem em dias de folga. ''É um livro de cabeceira'', contou em entrevista.
E por mergulhar na obra do escritor alemão, o ator revela que o mais importante na peça é o texto. No espetáculo, ele não tem apoio de nenhum outro elemento cênico. ''O único cenário é um manequim onde Werther coloca seu casaco. A luz e a música funcionam apenas como passagens e não interferem no espetáculo'', conta o ator que já foi indicado ao Prêmio Shell.
Para Osório, o texto aborda principalmente o sentido da vida. Ou a procura desse sentido pelo personagem central. A obra fala do amor dilacerante de Werther por uma jovem. O final não é dos mais felizes. Na época do lançamento do livro, a polêmica foi grande, já que muitos suicídios foram atribuídos à leitura do livro. ''É um desafio encenar um espetáculos com essa temática'', revela o ator.
Depois de Curitiba, a montagem entra em cartaz em São Paulo e no segundo semestre volta a entrar em temporada no Rio de Janeiro. Durante o FTC, o espetáculo acontece hoje e amanhã. As outras apresentações de hoje são '''Um Homem é um Homem'', do Grupo Galpão, ''Hygiene'', do grupo XIX de Teatro e ''Hércules'', dos Parlapatões em parceira com a Pia Fraus.

Serviço:
- 15º Festival de Teatro de Curitiba. Hoje, na Mostra Contemporânea 'Werther' (Sesc da Esquina), Um Homem é um Homem (Teatro da Reitoria), Hygiene (Casa Vermelha) e Hércules (Pedreira Paulo Leminski), sempre às 20h30. Ingressos a R$ 24,00 e R$12,00 Mais informações www.festivaldeteatro.com.br