Luíza Quinteiro em cena de  "Passagem Secreta", filme pelo qual conquistou o prêmio de Atriz Revelação
Luíza Quinteiro em cena de "Passagem Secreta", filme pelo qual conquistou o prêmio de Atriz Revelação | Foto: Lírica Aragão/ Divulgação

Em um universo de fantasia com cenário expressionista, no qual predominam as formas distorcidas e as cores de alto contraste, a atriz Luiza Quinteiro, 15 anos, destaca-se. Ao encarnar a personagem Alice, de 13 anos, ainda vira notícia. Dirigido pelo cineasta londrinense Rodrigo Grota, o filme "Passagem Secreta" acaba de conquistar dois prêmios na primeira edição do Inhapim Cine Festival - Festival Internacional de Cinema Independente de Inhapim-MG. O longa-metragem lançado em 2021 foi premiado na categoria Atriz Revelação, para Luiza Quinteiro, e Melhor Trailer.

Aluna do 2º ano do Ensino Médio, Quinteiro conta que tem uma vida muito semelhante a das pessoas de sua idade. "Moro em Londrina desde que nasci. Minha rotina não é muito diferente da de qualquer adolescente presa em casa devido à pandemia. Eu acordo, assisto as aulas online, almoço, estudo, assisto filmes, durmo."

De seu ponto de vista, viver a situação que nosso País está passando como adolescente é meio angustiante. "Pensar que estou perdendo meses e até anos da minha adolescência em casa. Ano que vem vou para o 3º ano do Ensino Médio, e aí minha passagem para a vida adulta será oficializada e meus anos de colégio ficarão para trás. É tudo meio imprevisível hoje em dia, mas acho que vai ficar tudo bem, no final das contas", reflete.

Desenvolta desde a primeira infância, revela que adorava ser o centro das atenções. "Era um grande prazer apresentar trabalhos no colégio, ler textos em voz alta e inventar histórias fantásticas para encenar com tantas amigas. Amante da escrita, declara que escrever é também um prazer. "Então, me interesso bastante por produção de roteiros", aponta.

Sobre a premiação, a atriz divide que o resultado foi uma surpresa. "O Rodrigo me mandou mensagem falando do prêmio e eu quase não acreditei. É muito gratificante saber que as pessoas gostaram do meu trabalho. Fiquei muito feliz." Ao invadir um parque de diversões para resgatar um dos seus colegas, a personagem Alice descobre segredos sobre a sua identidade e precisa fazer escolhas. “O filme é uma espécie de fábula gótica brasileira e também universal que mescla uma narrativa realista a conflitos internos de teor fantástico”, analisa Rodrigo Grota, que já havia participado da Mostra de Cinema de Tiradentes.

INSPIRAÇÕES E ASPIRAÇÔES

O primeiro trabalho da atriz foi após passar no teste para seriado "Super Família", dirigido por Rodrigo Grota. "Antes disso, não tinha muita experiência com o cinema". Na Kinopus, participou do curta "Pequenos Delitos", e do clipe "The End of Time", com música do Frank Toledo. Sobre suas perspectivas, reflete: "Minhas aspirações para o futuro ainda não são muito claras, desejo fazer mais cursos futuramente, não só pelo aprendizado, porque é divertido estar envolvida em diferentes áreas do cinema e da atuação.

Embora nenhum de seus familiares tenham seguido carreira como artistas, Quinteiro recorda que sempre estiveram envolvidos de alguma forma com a arte. "Meu pai estudou saxofone e música por muitos anos, meu avô estudava piano e era muito interessado em artes plásticas. Pelo que sei, sou a primeira a me interessar por atuação", alegra-se. E emenda: "Aceitei logo de primeira. A Roberta Takamatsu tinha escrito o roteiro pensando em mim, então fiquei muito animada para ler". Realizada com sias conquistas, é grata à família e amigos que a apoiam e são solidários.

A atriz considera um desperdício a forma como tratam o cinema brasileiro. "O cinema é uma arma muito poderosa de comunicação, com o potencial de trazer reflexões profundas na vida das pessoas, mas infelizmente no Brasil é muito desvalorizado. Mesmo com profissionais incríveis, falta apoio financeiro e cultural . Um país que valoriza a arte, seja ela de qualquer região, época e valor, é um país que conhece a si mesmo. Penso que posso afirmar que isso é algo em que o Brasil está em falta", desabafa.

Suas principais inspirações são Winona Ryder, Uma Thurman, Fernanda Montenegro, Fernanda Torres e Taís Araújo. "Também admiro Tim Burton, pois cresci assistindo aos filmes dele e marcou minha infância." Sobre os filmes que mais a encantaram, imagina-se como personagem de "Alice no País das Maravilhas". "Li a obra quando era mais nova e fiquei fantasiando sobre atuar como um dos personagens. Digo uma das personagens porque eu considero todos eles muito interessantes e não sei se conseguiria escolher qual seria o mais legal de interpretar", diverte-se.