Planejado por Oscar Niemeyer para receber grandes espetáculos, o recém-inaugurado Auditório do Ibirapuera teve seu momento mais fashion na quinta-feira. Com produção caprichadíssima e direção de Bia Lessa, o desfile-espetáculo da Ellus fechou o segundo dia desfiles da SPFW misturando samba, rock'n'roll e beldades. A belíssima Letícia Birkheuer puxou a fila de homens e mulheres de preto com pouquíssimas concessões a outras cores. O negro das roupas contrasta com a neve falsa que não pára de cair no palco, causando efeito deslumbrante. A trilha sonora é apresentada ao vivo pela badalada Wry, banda brasileira que é adorada mundo afora.
O final é apoteótico com a entrada de todos os modelos embaladas por uma bateria de escola de samba. O preto ganha então o azul das pequenas lâmpadas nas roupas. O clima da coleção chamada de mulher-pássaro tem um perfume vitoriano na austeridade dos tons escuros e os volumes das mangas. Mas as calças são todas muito justas como pede a modelagem da estação tanto para mulheres quanto para os homens.
O dia que começou com no espaço minimalista da Maria Bonita, seguiu para o esplendoroso jardim do Museu Ipiranga no inspirado desfile da Cavalera, que deixa o streetwear de lado para se entregar ao luxo das rendas renascença.
Streetwear por natureza, a Zapping brinca com os comprimentos mini tanto nos shorts, minissaias quanto nos coletes e jaquetas, que aliás, ganham o toque metalizada tanto no dourado quanto no verde e roxo.
A Triton também mira num público mais jovem. A inspiração é o Pequeno Príncipe, personificado na passarela pelo modelo Tiago Gass. Mas o loirinho criado por Saint-Exupéry, é só uma pincelada na coleção, que é voltada para o lúdico das aplicações de nuvens e casinhas. Os vestidos são curtos e soltos. Até os meninos ficam mais descontraídos nos tricôs listrados.
Em homenagem a Cazuza, a VR Menswear trouxe o ator Daniel de Oliveira encarnando o personagem tal e qual fez no cinema. A trilha sonora teve Zélia Duncan declamando as letras das músicas de Cazuza. Na passarela, nada que lembrasse realmente o compositor e poeta. Muito tweed e lã que dificilmente vestiriam o menino do Rio. Quem sabe a irreverência dos paletós sem acabamento, como se estivessem virados do avesso.
O outono-inverno da Iódice tem como inspiração um baile de máscaras. Mas elas não aparecem literalmente. Só mesmo como perfume nos longos vestidos e no esconde-revela dos pesados casacos de tricô combinados com vestidos de chiffon. A mineira Patachou surge na 20 edição da SPFW com a assinatura da estilista Tereza Santos em primeiro plano, como pede o mercado internacional. O desfile vem no espírito dos anos 20 na França. As meninas usam boinas com ar colegial nas saias plissadas, nos tons austeros e nos sapatos de amarrar.
Ontem, ainda sob o impacto do desfile-show, os fashionistas outra vez foram convidados para um teatro. No caso, a apresentação de Reinaldo Lourenço. Inspirado nos espetáculos da casa de shows francesa Moulin Rouge, Lourenço abriu as imponentes cortinas de veludo do Teatro Faap para mostrar uma coleção com muitos trench-coats (uma das peças-chave da estação!) e, é claro, muito preto. O tom, que nas últimas temporadas deu lugar às cores fortes e às estampas acesas, agora está de volta. E em grande estilo.
A jornalista Karla Matida viajou a São Paulo a convite da organização do evento.

Serviço:
Desfiles de hoje
- 11 horas - Fause Haten (feminino)
- 14h30 - Pedro Lourenço
- 15h30 - Ronaldo Fraga
- 16h30 - Huis Clos
18 horas - Alexandre Herchcovitch (masculino)
19 horas - Caio Gobbi
20h15 - André Lima
21h30 - Osklen
Domingo
- 11h30 - Glória Coelho
- 14h30 - Lorenzo Merlino
- 16 horas - Raia de Goeye
- 17 horas - Fause Haten (masculino)
- 18 horas - Samuel Cirnanski
- 19 horas - Erica Ikezili
- 20h30 - Lino Villaventura
Segunda
- 10h30 - Isabela Capeto
- 14h30 - Gisele Nasser
- 16 horas - Zigfreda
- 17h30 - Fábia Bercsek
- 19 horas - Jefferson Kulig
- 20h15 - V.Rom
- 21h30 - Sommer