Londrina encarada como um grande jardim formado por pessoas de várias etnias e diferentes culturas e que segue florescendo rumo ao seu centenário. Esse foi o ponto de partida para a concepção de uma projeção mapeada (vídeo mapping) que homenageia os 86 anos do município por meio do projeto “Memórias - Uma Reinvenção da Cidade Jardim”. As imagens que serão projetadas nas paredes do prédio da Biblioteca Pública Municipal Professor Pedro Viriato Parigot de Souza, na noite desta quinta (10) e sexta-feira (11), às 20h e 21h, destacam parte do patrimônio imaterial londrinense, incluindo personagens fundamentais no processo de construção do município com trilha sonora criada a partir de seu panorama sonoro.

Com 14 minutos de duração, o vídeo mapping tem concepção dos artistas cariocas Renato e Ricardo Vilarouca e composição sonora criada especialmente para o projeto por Janete El Haouli e José Augusto Mannis. “O vídeo mapping foi produzido dentro dessa ideia de Londrina ser um grande jardim de pessoas de etnias diferentes: a comunidade oriental, índios, negros, italianos, enfim, muita gente que veio atrás da riqueza do café. Tem essa coisa muito interessante de toda a história de Londrina ser completamente registrada já em fotograma, desde o seu marco inicial, até agora. Isso é muito incomum. E, por outro lado, também, é uma cidade que já passou por um perrengue imenso, como a geada negra, por exemplo, que transformou de forma radical a base socioeconômica da cidade, que renasceu por um outro caminho. É uma cidade que está sempre florescendo”, destaca Ricardo Vilarouca.

Fachada da Biblioteca terá um video mapping que conta a história de Londrina. mostrando etnias que estão nas raízes da cidade, como a africana e a indígena
Fachada da Biblioteca terá um video mapping que conta a história de Londrina. mostrando etnias que estão nas raízes da cidade, como a africana e a indígena | Foto: Divulgação

Idealizador do projeto que na primeira fase criou iluminação cênica para prédios históricos da cidade, Fabrício Polido explica que o vídeo mapping conta uma história cartesiana, com começo, meio e fim. “Nossa intenção é instigar o público a lembrar a importância de personagens fundamentais na construção do município e que fazem parte do patrimônio imaterial de Londrina. Durante nossas pesquisas, percebemos que a essa biografia da cidade dá muita ênfase aos ingleses. Já a participação dos negros e índios que estavam aqui desde o início permanece pouco divulgada. Nossa intenção foi jogar luz sobre isso”, comenta ao informar que as pesquisas para o projeto foram realizadas com apoio do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (Neaf), da Universidade Estadual de Londrina (UEL) e junto a acervo de museus paranaenses

Já a trilha sonora composta e produzida por Janete El Haouli e José Augusto Mannis exigiu um levantamento minucioso de materiais sonoros. “Tentamos referenciar os múltiplos aspectos da cidade de Londrina - desde sua fundação até os dias atuais -, ou seja, aquilo que poderia ser escutado como uma espécie de ‘marca sonora’ ou sonoridades características da cidade”, ressalta Mannis.

“Dentre os elementos sonoros usados na composição, destacamos as paisagens sonoras gravadas e coletadas por mim e por José Augusto Mannis; expressões de culturas originárias que constituíram Londrina (canto Alentejano; canto de Candomblé; cantos e rituais dos índios Kaingang; cantos de trabalho como 'panha café', cantoria de boi, cantiga de roça etc; taiko; jongo; excertos de obras musicais de J. A. Mannis, Arrigo Barnabé e muitos outros materiais sonoros”, salienta Janete El Haouli.

Ela ressalta que uma contribuição especial e que aparece na composição é a música “Londrina”, de Arrigo Barnabé, interpretada e gravada no acordeon por Gabriel Levy. “A partir da escuta desses materiais, iniciamos o processo de pensar e imaginar cenas sonoras remetendo às memórias de Londrina. Buscamos contrastar os materiais sonoros para mostrar as dicotomias da cidade como o progresso tecnológico e a natureza, a relação entre a vida urbana e rural”.

Serviço:

Projeto “Memórias_Uma Reinvenção da Cidade Jardim”

Quando – Quinta (10) e Sexta-feira (11), às 20h e 21h

Onde - Biblioteca Pública Municipal Professor Pedro Viriato Parigot de Souza (Av. Rio de Janeiro, 413)

Gratuito