A banda norte-americana Sonic Youth, uma das atrações do Free Jazz Festival que termina hoje em São Paulo, disse em entrevista coletiva que não se considera um paradigma do rock alternativo, apesar dos 19 anos de estrada.
‘‘As bandas que vieram depois, como o Nirvana, foram rotuladas pela indústria como rock alternativo. Esse rótulo nos ajudou, de certa forma, mas ainda nos achamos muito esquisitos para nos considerarmos uma instituição da cena alternativa’’, disse o vocalista e guitarrista do Sonic Youth, Thurston Moore.
Os integrantes não apontaram nenhuma em especial, mas reconhecem que influenciaram outras bandas, mais até na atitude e na forma de trabalhar em grupo do que pelo som. ‘‘Há algum tempo, havia bandas na Inglaterra que faziam um som parecido com o nosso, mas não eram interessantes’’, disse o guitarrista e vocalista Lee Ranaldo.
O Sonic Youth afirmou conhecer pouco de música brasileira, uma vez que a informação chega raramente aos EUA, mas disse que houve uma certa febre, há alguns anos. ‘‘Mas só se tinha acesso a coisas mais antigas e ‘mainstream’, como Gal Costa, Caetano e Gil’’, disse Moore.
A banda apresenta músicas antigas em metade do show. ‘‘Nunca nos consideramos uma banda de hits, mas percebemos que as pessoas queriam as músicas antigas’’, disse Moore, afirmando que ainda pode fazer coisas como antes, por exemplo, afinações ‘‘esquisitas’’ com chave de fenda. O Sonic Youth foi criado em Nova York, em 1981, no ocaso da cena punk.
Estranho no ninho num festival de jazz, a banda lembrou da apresentação mais estranha que fez, em 89, na ex-União Soviética. ‘‘Era como se tivessem parado no tempo. Pessoas novas e velhas pediam músicas do Sex Pistols. Eles queriam ouvir qualquer coisa do Ocidente’’, disse Ranaldo.
Moore disse que não faria julgamentos sobre bandas que tocam em rádio. ‘‘Não ouço rádio. Não queremos competir com o ‘‘mainstream’. Isso não nos interessa’’ - concluiu.