Simone Mazzer: “Sempre tive um trabalho independente, nunca tive uma gravadora divulgando meu trabalho, acho que o The Voice pode aumentar a visibilidade sobre o meu trabalho” 
Simone Mazzer: “Sempre tive um trabalho independente, nunca tive uma gravadora divulgando meu trabalho, acho que o The Voice pode aumentar a visibilidade sobre o meu trabalho”  | Foto: Isabella Pinheiro/ G Show/ Divulgação

Em três décadas de dedicação à arte, Simone Mazzer já dividiu o palco com grandes estrelas da MPB. Gravou uma música com Elza Soares em seu disco de estreia. Cantou no Teatro Municipal do Rio de Janeiro no mesmo evento em participaram Gilberto Gil, Ney Matogrosso, Alcione e muitos outros astros da MPB. No cinema, atuou ao lado de Glória Pires no filme “Nise - O Coração da Loucura” e por seu trabalho no teatro foi indicada diversas vezes aos mais prestigiados prêmios da área, como o Shell e o APCA (concedido pela Associação Paulista de Críticos de Arte).

Apesar de estar acostumada com a adrenalina que envolve a ribalta, a artista londrinense radicada há mais de 20 anos no Rio de Janeiro revela que nunca ficou tão tensa em um palco como na estreia do programa The Voice Brasil. “É muito surreal estar ali, uma sensação diferente de tudo o que já vivi. Fiquei muito nervosa por tudo o que aquilo representava para mim”, afirmou a cantora em entrevista à Folha por telefone.

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Muita gente que acompanha a trajetória da cantora que lançou três álbuns e desfruta de um grande prestígio no cenário independente estranhou o fato de vê-la em um programa de calouros da TV Globo. Mesma emissora que já teve a voz de Simone na trilha sonora da novela “A Lei do Amor” interpretando a música Estrela Blue (composta pelo poeta londrinense Maurício Arruda Mendonça), escolhida para embalar as cenas da personagem Magnólia, vivida pela atriz Vera Holtz .

A própria Simone confessa que participar do The Voice nunca fez parte de seus planos. “Apesar de gostar do formato do programa a ponto de assistir a versões estrangeiras antes da estreia no Brasil, eu nunca pensei em me inscrever. Mas no final do ano passado fui convidada pela produção do programa a fazer parte das audições e depois de pesar muito os prós e os contras, acabei aceitando o desafio”, revela a londrinense.

O que mais pesou a favor na decisão da cantora foi a popularidade que o programa tem. “Pensei, sou artista, 52 anos, mulher, gorda. Moro num país que desconsidera a cultura há alguns anos. Sempre tive um trabalho independente, nunca tive uma gravadora divulgando meu trabalho. É difícil encarar o mercado. Acho que o The Voice pode ajudar a furar essa bolha e aumentar a visibilidade sobre o meu trabalho”, argumenta.

Mesmo tendo sido convidada pela produção do programa, Simone conta que teve que passar por todas as etapas de seleção pelas quais passaram os demais concorrentes. “Participei de duas pré-audições no início deste ano, em São Paulo. Fiquei sabendo que havia sido aprovada um dia antes de tudo fechar por causa da pandemia no mês de março. Somente em meados de julho entraram em contato informando sobre o início das gravações do programa, que desta vez não terá plateia. No período de gravações a gente fica isolado em um hotel e faz testagens diárias antes de ir para o estúdio. É um protocolo rigorosíssimo”, detalha.

A participação de Simone que foi ao ar na semana passada, no dia da estreia do programa (15), havia sido gravada em agosto. “Pediram para que fizesse uma lista com cinco músicas que gosto de cantar e dentre elas escolheram Vaca Profana. Por conta do nervosismo, não lembrava de nada durante a apresentação. Tive a impressão que o Carlinhos Brown só virou a cadeira no finalzinho da apresentação. Somente quando o programa foi ao ar que pude ver que ele havia virado na metade da música”, lembra ao afirmar que ficou satisfeita por integrar o time Brown. “Meu plano era escolher ele ou o Lulu Santos, caso ele também tivesse virado a cadeira”, diz.

Enquanto se prepara para enfrentar as próximas etapas da competição, a londrinense aproveita para saborear a popularidade que o programa tem proporcionado. “Estou muito feliz com essa repercussão toda. Desde que a minha participação foi ao ar, não parei de receber mensagens de apoio de pessoas de todo o Brasil pelas redes sociais. Inclusive de gente que não me conhecia e que agora está pesquisando sobre o meu trabalho. Londrina também compareceu em peso na torcida. Está sendo muito gostoso viver tudo isso”, enfatiza.

“Meu plano era escolher o Carlinhos Brown ou o Lulu Santos, caso ele também tivesse virado a cadeira”, diz Simone 
“Meu plano era escolher o Carlinhos Brown ou o Lulu Santos, caso ele também tivesse virado a cadeira”, diz Simone  | Foto: Isabella Pinheiro/ G Show/ Divulgação

Por determinação contratual, Simone não pode revelar quando e como serão suas próximas participações no The Voice, mas dá pistas de qual estratégia pretende seguir para atingir o grande público. “Pretendo investir na música brasileira, de todos os estilos. Não tenho nenhum preconceito em cantar em outros idiomas, mas tem tanta coisa linda para ser reverenciada e lembrada na nossa música. E é isso que pretendo fazer no programa. Espero chegar até a final”, adianta a artista.