Contenham-se, rapazes. Uma banca de Londrina e outra de Curitiba já receberam as duas primeiras revistas da coleção Opera Hentai, série especializada em quadrinhos eróticos japoneses que a editora Play Press começa a publicar no Brasil.
‘‘Toshiki’s Sensual Girls’’ e ‘‘Kondom’s Safadinhas’’ chegam às prateleiras no momento em que o gênero hentai vira tema de livro. As histórias das duas revistas mesclam elementos de fantasia, erotismo, magia e sensualidade em doses maciças e proibidas para menores.
Obviamente, as imagens são impublicáveis em jornal. Nas páginas, o sexo é explícito e sem culpa, muitas vezes perverso e promíscuo. Os apelos picantes crescem nos detalhes dos contornos dos corpos de adolescentes curvilíneas. Os ângulos expõem, sem pudor, partes generosas de suas intimidades.
Como a maioria dos títulos do gênero, os autores dos dois mangás (gibis japoneses) escondem-se atrás de pseudônimos a exemplo de toda a ficha técnica incluindo os editores. Nisso remetem aos primórdios das histórias em quadrinhos pornográficas brasileiras assinadas por um tal Carlos Zéfiro nas décadas de 50, 60 e começo de 70.
‘‘Na verdade, praticamente todos os que trabalham com gibis eróticos usam pseudônimos. O motivo é que todos colaboram com publicações de outros gêneros, especialmente o segmento de títulos infantis, e não querem misturar as coisas’’ – explica Franco da Rosa, que há pelo menos 20 anos usa o codinome Homero Romero.
Franco é editor do selo Play Press e autor do livro ‘‘Hentai – A Sedução do Quadrinho Erótico Japonês’’. O volume está em fase de revisão de texto e deve ser lançado em abril, durante a Bienal do Livro, em São Paulo. Segundo ele, nem todos as ramificações de quadrinhos se encaixam no padrão hentai. ‘‘As histórias tem que ser urbanas, cotidianas, positivas. Aventuras policiais ou de ficção científica são rejeitadas pelos leitores. Tem que puxar para o romantismo. É o que dá retorno’’.
Não por acaso, as três histórias de ‘‘Toshiki’s Sensual Girls’’ são protagonizadas por um casal tímido de namorados, cujo receio de transar é rompido por uma terceira personagem – esta, lasciva – criada pela imaginação do rapaz. ‘‘Kondom’s Safadinhas’’, por sua vez, reúne aventuras estreladas por duas fadas patrulheiras da floresta.
O problema é que ambas são movidas a libido, incapazes de sossegar o facho, seja diante uma da outra ou com a variada fauna que habita as adjacências – insetos e animais silvestres entre eles. Convém ressaltar que as duas revistas foram escritas e desenhadas no Japão, respectivamente pelos mestres Mushskhsdjh e Kondom, o que as diferencia da maioria dos quadrinhos do tipo hentai editados no Brasil.
O grosso da produção sempre foi feito por artistas locais, que apenas se inspiravam nos originais. A qualidade desse material, porém, vem subindo e já começa a ser exportado para a Europa. O desenhista Mozart Couto, um dos mais conceituados na área de quadrinhos, incursiona pelo hentai e terá um de seus trabalhos publicado brevemente na Espanha.
Couto assina o último número da revista ‘‘Hentai X’’ sob o pseudônimo Marcel Toshiga. ‘‘Hentai X’’ é um dos cinco títulos do gênero publicados pela editora Xanadu, que começou a comercializar hentai há três anos. No próximo mês, o selo Play Press apimenta mais ainda o mercado lançando uma linha nacional de hentai. O título de estréia faz uma paródia de personagens famosos de animes (desenhos animados japoneses).
Há ainda a editora Kingdon Comics, de Santos, que também envereda pelo segmento e periodicamente lança as edições das revistas ‘‘Hanime’’ e ‘‘Power Sexy’’. Mas não se pode falar de um boom do estilo. A proliferação recente de títulos veio na esteira do sucesso alcançado pelos mangás e animes no país. Em Londrina, as revistas da Play Press só estão disponíveis na Batbanca. As demais podem ser encontradas, meio escondidas, em qualquer banca de esquina.
Serviço: Mangás eróticos ‘‘Toshiki’s Sensual Girls’’ e ‘‘Kondom’s Safadinhas’’. Editora Play Press. Caixa Postal 586. CEP 01059-970. São Paulo. SP. Em Londrina, estão disponíveis na Batbanca (Rua Raposo Tavares, 687, tel. 43/337-0587). Em Curitiba, na Itiban Comic (Av. Silva Jardim, 845. tel. 41/232-5367).