São Paulo, 06 (AE) - Alguns dos filmes brasileiros mais importantes dos últimos tempos tratam do tema da religiosidade. "Santo Forte", de Eduardo Coutinho, chegou a ser escolhido o melhor filme do ano passado pela Associação Paulista dos Críticos de Artes (APCA). Mais plástico até do que o filme de Coutinho (mas menos denso), "Fé", de Ricardo Dias, é outra obra destacada a tratar do assunto. A religiosidade agora é o tema de quatro curtas-metragens reunidos no oitavo programa da série "Curta às Seis", no Espaço Unibanco de Cinema.
O primeiro conta uma história de anjos. Sob a "Sombra dos Anjos", de Rogério Terra Jr., mostra como um anjo chega para tratar da proteção de um rapaz, atendendo aos desejos da mãe dele. A idéia do diretor, a que não falta ironia, é que um anjo pode criar um inferno. Ele reprime tanto o pobre protagonista que o rapaz se entrega de corpo e alma a uma mulher sedutora enviada pelo diabo para afastar a criatura de Deus.
"Pedro e o Senhor", de Luiz Bolognesi, baseia-se na literatura de cordel sobre as andanças de Jesus Cristo e seu amigo São Pedro pela Terra. Há um milagre em cena, mas ele parece coisa do diabo, porque inclui um assassinato. Mais ironia se faz presente em "Conceição", de Heitor Dahlia e Renato Ciasca, em que dois fugitivos da cadeia realizam o milagre pedido por duas prostitutas, que querem casar-se usando vestidos de noivas. E "O Sonho de Dom Bosco", de Maria Letícia, mostra retirantes que chegam ao Planalto Central para realizar, em Brasília, o sonho da terra própria.
Nenhum desses filmes chega a ser imperdível, mas os três primeiros, em maior ou menor grau, se inscrevem na vaga categoria de "interessantes". "Conceição" chega a ser bom, em partes. Mas cabelembrar que, apesar da obra de Coutinho, o grande filme brasileiro sobre religiosidade popular ainda é um curta dos anos 60 - o admirável "Viramundo", de Geraldo Sarno. Serviço - Curta a Religiosidade. Diariamente, às 18 horas. Grátis. Espaço Unibanco 3. Rua Augusta, 1.475, tel. 288-6780. Até 20/1