Depois de recolher o livro O Avesso da Pele, de Jeferson Tenório, das escolas de Ensino Médio do Paraná, a Secretaria de Educação (Seed) pode redistribuir o livro nas unidades da EJA - Educação de Jovens e Adultos, destinada a pessoas com mais de 18 anos.

A afirmação foi feita pelo secretário da Educação do PR, Roni Miranda, após o evento Pé-de-Meia, do governo federal, realizado na quarta-feira (20) em Curitiba, para discutir as diretrizes para a permanência dos alunos do Ensino Médio nas escolas, a partir de um programa de financiamento educacional, ao qual o Paraná aderiu. A informação sobre o livro foi divulgada na coluna Painel, da Folha de S. Paulo.

O secretário disse que há 700 exemplares do livro no Paraná e repetiu, como já havia informado à imprensa, que a Secretaria da Educação está "fazendo uma avaliação pedagógica do livro, a ser concluída na semana que vem." E completou que "há uma tendência neste sentido", de redistribuir os livros recolhidos à EJA.

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Miranda também deu sua opinião sobre o livro à reportagem da Folha de S. Paulo: "Eu li o livro. Ele é bom, é de qualidade. Porém, as páginas 29 e 30 têm uma linguagem obscena, vulgar, chula. E a escola tem que fazer um trabalho de nortear. Por exemplo: se você vai assistir a um filme hoje, tem uma classificação de idade. Se este livro se transformasse em filme, ele provavelmente seria um filme classificado para mais de 18 anos", justificou o secretário."

Essas duas páginas - o livro tem ao todo 192 - são alvo de crítica de segmentos conservadores da política e da sociedade que desviam a atenção dos temas principais de "O Avesso da Pele" - como o racismo estrutural, a violência policial e a própria precariedade da educação no Brasil - para se fixar no diálogo de um casal , formado por um homem negro e uma mulher branca, que aborda a sexualidade.

Por outro lado, professores, intelectuais, jornalistas, associações de escritores e outros segmentos da sociedade também criticam a decisão do livro ter sido recolhido da escolas de Ensino Médio de três estados: Paraná, Mato Grosso Sul e Goiás, por considerarem a ação um retrocesso.

O livro, que foi incluído no catálogo do MEC ainda durante o governo de Jair Bolsonaro, teve suas vendas aumentadas em mais de 6.000% no site da Amazon após sofrer retaliações, críticas e ser recolhido das escolas, a polêmica tem sido pauta de matérias na Folha de Londrina e na imprensa em geral.

* Atualizada às 22h16.