Coral Santa Cecília: criado em 1936, quando Londrina tinha dois anos, é o coro litúrgico mais antigo da cidade
Coral Santa Cecília: criado em 1936, quando Londrina tinha dois anos, é o coro litúrgico mais antigo da cidade | Foto: Divulgação

As missas dominicais celebradas na Catedral Metropolitana de Londrina às 10h30 da manhã contam com uma dose extra de emoção. Isso acontece porque todos os cânticos executados durante a celebração religiosa são entoados por 40 disciplinadas vozes que integram o Coral Santa Cecília. Criado em 1936, quando a cidade tinha apenas dois anos de fundação, o mais antigo coro litúrgico do município comemora 83 anos de atividades ininterruptas contabilizando mais de 4 mil apresentações na igreja localizada na região central.

O canto afinado do coral que embala os fiéis a cada domingo exige uma boa dose de disciplina de todos coralistas. “A gente se reúne para ensaiar todas as quartas-feiras, das 19h30 às 21h30, com calor ou frio, chovendo ou não”, afirma Marlene Petrachin, 78 anos, uma das mais antigas integrantes do coral, com mais de quatro décadas de dedicação ao grupo. “Por conta dos ensaios no meio da semana e das apresentações aos domingos, a gente acaba tendo que cancelar outros compromissos pessoais. Mas vale a pena pois cantar é muito bom e os integrantes do coral acabam virando uma família”, enfatiza.

“Grande parte do Coral Santa Cecília é composta por idosos que estão no coro há muitos anos”, destaca Luiz Fontanari, regente do grupo há 11 anos. “São vozes muito experientes e que já têm bastante intimidade com o repertório. Esses são pontos bastante favoráveis. Já os desgastes naturais da voz causados pelo envelhecimento são contornados com exercícios de técnica vocal que a gente aplica durante os ensaios. Dessa forma conseguimos manter uma sonoridade interessante”, ressalta.

“Fui adotado pelos demais integrantes do coral e aprendo com eles a cada ensaio e a cada apresentação”, salienta João Pedro Schneider Simplício, 21 anos, o mais jovem integrante do coro e que passou a fazer parte do grupo há oito meses. “Aprendi a apreciar o canto litúrgico durantes os seis anos em que fui seminarista. É um estilo que remete a algo mais antigo, mais sóbrio e mais elevado, além de possuir uma grande beleza harmônica”, salienta.

O regente do coral explica que o repertório do grupo é formado por cerca de 150 canções. “Em média, o coro apresenta cerca de dez canções a cada missa. Este repertório é dividido basicamente em três tempos. Existe o advento, que é o período de preparação para o nascimento de Jesus. Depois passamos pelo tempo comum, que dura cerca de 30 semanas. Na sequência, vem a preparação para a Páscoa com músicas específicas para a quaresma. Em seguida voltamos ao tempo comum novamente. diz Fontanari, que também atua como solista durante os Salmos e encanta o público com sua voz potente e grave.

“Vivemos novas emoções a cada domingo. É comum recebermos elogios de quem costuma assistir as missas nas quais o coro participa. Mas a nossa grande satisfação é quando todas as pessoas cantam junto com o coral. É uma sensação indescritível”, enfatiza Paulo Damasceno, organista do coral há 17 anos.

Pároco da Catedral Metropolitana de Londrina, o padre Rafael Solano comenta sobre a importância do Coral Santa Cecília para os londrinenses. “A relevância do coral vai além da sua contribuição nas missas da Catedral. A história do Coral Santa Cecília caminha junto com a história de Londrina, que tinha apenas dois anos de fundação quando o coro foi criado. É um patrimônio religioso e cultural dos londrinenses. É importante que as pessoas valorizem o coral, que precisa se renovar com novas vozes e novos instrumentos. Todos os interessados são bem-vindos", conclui o religioso.