Roberta Flack, a diva do soul, morre aos 88 anos
Intérprete de "Killing Me Softly With His Song", um dos dos seus maiores, ela foi premiada no Grammy nos anos 70
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segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025
Intérprete de "Killing Me Softly With His Song", um dos dos seus maiores, ela foi premiada no Grammy nos anos 70
Folhapress

SÃO PAULO - Morreu, nesta segunda-feira (24), a cantora Roberta Flack, do sucesso "Killing Me Softly with His Song", uma das canções mais emblemáticas do soul, aos 88 anos. Em 2022, a estrela recebeu um diagnóstico de esclerose lateral amiotrófica (ELA).
Em nota, sua assessoria diz que Flack "morreu pacificamente e cercada por seus familiares". "Roberta quebrou barreiras e recordes. Ela também era uma educadora orgulhosa", diz o comunicado, enviado à revista Variety.
Cantora e pianista de formação, Flack teve seu primeiro sucesso com a repercussão da música "The First Time Ever I Saw Your Face", usada por Clint Eastwood no filme "Perversa Paixão", de 1971. A canção tinha sido lançada cerca de dois anos antes, em seu primeiro álbum, "First Take".
Dois anos depois, viria o sucesso estrondoso de "Killing Me Softly" - o hit seria premiado no Grammy como gravação do ano e melhor performance vocal pop feminina. A composição de Charles Fox havia sido gravada, em 1972, por Lori Lieberman, em pegada folk, com arranjos em violão.
A versão original não foi um sucesso, mas Flack se apaixonou por ela e decidiu retrabalhá-la sob o signo do soul, cantando e tocando o piano. Ela a apresentou pela primeira vez ainda em setembro de 1972, ao abrir um show de Quincy Jones.
Flack se manteve no auge do sucesso no gênero pop e R&B ao longo da década de 1970, ainda com "Where Is the Love", de 1974. No total, o estilo suave e lento de Flack lhe rendeu seis hits pop no top 10 americano, além de dez singles de R&B no top 10, alguns ao lado de Donny Hathaway.
"Killing Me Softly with His Song" voltaria aos holofotes na década de 1990, após ao grupo Fugees relançar o hit na voz de Lauryn Hill. Depois, em 1996, a faixa de Flack foi remixada por Jonathan Peters e voltou às paradas de sucesso americanas. "Sei que meus sucessos dos anos 70 são muito sampleados, e agradeço muito a quem faz isso", disse ela à Folha de S. Paulo, em 2012. O hit entraria para o Hall da Fama do Grammy em 1999.
TRAJETÓRIA
Nascida em Black Mountain, no estado americano da Carolina do Norte, numa família ligada à música, a artista pegou gosto pela arte por meio da música gospel de Mahalia Jackson e Sam Cooke. Prodígio, começou a estudar piano aos nove anos e entrou para a Howard University em Washington, aos 15, com uma bolsa integral. Lá, começou a trabalhar em boates e, com a recomendação do pianista de jazz Les McCann, foi contratada pela Atlantic Records em 1968.
Lá, gravaria "First Take", seu primeiro disco, em 1969, que não foi um sucesso de imediato, até "The First Time I Saw Your Face" ganhar projeção no filme de Clint Eastwood. Em janeiro de 1973, recebeu o Grammy de disco do ano.
Ao longo da carreira, foram mais de 20 álbuns de estúdio. O último deles foi lançado em 2012, "Let It Be: Roberta Flack Sings The Beatles", no qual relê com acento soul grandes da banda britânica.
"Sempre fui fã de belas melodias, e o repertório dos Beatles inclui pelo menos umas cem músicas que eu adoro", disse a cantora à Folha, na época. "Amo a forma como eles falavam sobre o amor em suas várias formas, e de como eles escreveram sobre emoções tão profundas quando ainda eram tão jovens."

