RITMO ALUCINANTE
PUBLICAÇÃO
sábado, 15 de abril de 2000
Leandro Calixto
TV Press
A correria e a comédia continuam sendo as principais marcas de Carlos Lombardi. Foi o que se viu em algumas cenas da próxima novela das sete da Globo, Uga-Uga!, realizadas no charmoso e tradicional bairro de Santa Teresa, centro do Rio de Janeiro. Na gravação dirigida por João Camargo, o detetive particular Salomão e a rebelde Bionda, vividos por Ângelo Paes Leme e Mariana Ximenes, se encontram numa delegacia. Os dois discutem e um tenta fugir do outro. O trabalho do Carlos Lombardi é assim mesmo: pura adrenalina e muito bom humor, define um dos diretores da novela, João Camargo.
A cena realizada na 7ª Delegacia Policial de Santa Teresa reuniu cerca de 60 profissionais, entre atores, figurantes e equipe técnica. Na trama, Bionda foge do altar quando tenta se casar pela terceira vez. Curiosamente, em todo momento de apuro, ela acaba se esbarrando em Salomão. Depois de Bionda deixar o terceiro namorado no altar, o pai da moça, que ainda não teve o intérprete definido, mobiliza a polícia para encontrar a filha. Ela é uma rebelde sem causa, avisa Mariana.
Depois de se encontrar com o detetive, a personagem de Mariana Ximenes não pensa duas vezes e diz para polícia que estava sendo sequestrada pelo detetive. Ao sair da delegacia, Salomão encontra Bionda na rua. Inconformado, ele tenta fugir da moça que, por não ter para onde ir, resolve segui-lo. Os dois vão viver uma relação tipo cão e gato. Devem fazer parte do núcleo de humor da novela, acredita Ângelo Paes Leme.
Ao contrário de outras cenas que foram realizadas nas ruas de Santa Teresa, as que foram feitas na 7ª DP permitiram que o diretor fosse mais minucioso na hora da gravação. Por isso, João Camargo chegou a gravar a cena em que Bionda e Salomão discutem até seis vezes. Esta repetição não é por preciosismo. Quando pode, a gente grava um número elevado de cenas só para ter opções na hora da edição, justifica João Camargo, lembrando que as gravações no bairro estão mudando um pouco a rotina dos moradores, que precisam utilizar o bonde para se locomover. Por este motivo, as cenas são gravadas de primeira e sem ensaio quando realizadas nas ruas de Santa Teresa. É para não prejudicar o fluxo dos moradores, preocupa-se o diretor João Camargo.
Os atores não reclamaram da insistência e dos cuidados do diretor. Faz parte de nosso trabalho, conforma-se Ângelo. Apesar disso, a expectativa dos dois atores é a melhor possível. Depois de ganhar projeção nacional como a doce Celi, de Andando nas Nuvens, de Euclides Marinho, Mariana admite que queria neste momento da carreira interpretar um personagem totalmente mais apimentado, depois de ter feito também uma participação especial no último capítulo de Força de Um Desejo.
Já Ângelo Paes Leme, que tem mais de seis anos de carreira na televisão, segue o caminho oposto de Mariana. Ele não esconde o entusiasmo ao falar sobre o detetive Salomão. Ele já saiu em defesa do personagem. Ele é um bom filho e só quer se dar bem na vida trabalhando honestamente, explica. Por outro lado, Salomão é um personagem atrapalhado. O ator espera aproveitar esta faceta do detetive para investir em um lado seu nunca antes explorado na tevê: o humor. Até então, só havia feito papéis convencionais como personagens meigos ou rebeldes, recorda Ângelo, que recentemente interpretou Vasco Antunes na macrossérie A Muralha. A maior virtude de A Muralha foi que a produção contribuiu por recuperar uma parte de nossa história. Foi muito gratificante ter participado deste projeto, empolga-se o ator, que estreou na televisão em 1996 na novela História de Amor, de Manoel Carlos, no papel de Caio.