São Paulo - A cantora Rita Lee, 73, que está em tratamento contra um câncer no pulmão, anunciou na quinta-feira (23) nas redes sociais o lançamento do single "Change", em parceria com o compositor e músico Gui Boratto. Dias antes, ela havia reaparecido em uma foto compartilhada no Instagram pelo marido, o músico Roberto de Carvalho.

A música é a primeira que ela lança após o diagnóstico de câncer no pulmão esquerdo, anunciado no dia 20 de maio. Dias depois, o marido da cantora usou o perfil do Instagram da mulher para revelar que os resultados positivos após o diagnóstico de câncer de pulmão da artista já estavam acontecendo.

Exposição "Samsung Rock Exhibition - Rita Lee", no MIS, em São Paulo, reúne memórias das cinco décadas de carreira da cantora
Exposição "Samsung Rock Exhibition - Rita Lee", no MIS, em São Paulo, reúne memórias das cinco décadas de carreira da cantora | Foto: Marcus Leoni

O lançamento do single coincide com a estreia nesta quinta da exposição "Samsung Rock Exhibition - Rita Lee", no MIS, em São Paulo, que reúne memórias das cinco décadas de carreira da cantora, um dos maiores símbolos da música brasileira.

A curadoria foi feita pelas mãos de Rita Lee e de João Lee, mãe e filho, e mostra a jornada iniciada em 1966 quando ela fazia parte da banda Os Mutantes ao lado de Arnaldo Baptista e Sérgio Dias, seguindo pela carreira da cantora com o grupo Tutti Frutti e pela carreira solo.

Foi em sua jornada sozinha que Rita colecionou lançamentos famosos como "Mania de Você", "Chega Mais" e "Lança Perfume" até a sua aposentadoria dos palcos, em 2012, ano em que também soltou seu último disco, "Reza". Desde então, a cantora fez apresentações pontuais e lançou livros, como "Rita Lee: Uma Autobiografia", há cinco anos.

Entre os objetos que estarão expostos aparecem cadernos de composições escritos à mão por Rita entre os anos 1970 e 1980, instrumentos musicais e figurinos usados pela cantora em seus shows. A cenografia ficou a cargo de Chico Spinosa, e a direção artística é de Guilherme Samora, jornalista e estudioso do legado da cantora paulistana.

"Convido você a dar uma espiada nas lembranças que minha mãe guardou dos seus 50 anos trabalhando com música por este mundo afora, quando subia no palco e dividia com o público suas peripécias, cantando e dançando. Tempos inesquecíveis, maravilhosos e divertidos", escreveu João Lee.

A exposição fica em cartaz até o dia 28 de novembro e os ingressos começaram a ser vendidos na quinta (23) quando a mostra mostra teve início.

ENTENDA O CÂNCER DE RITA

Este tipo de câncer atinge 30 mil brasileiros por ano e em 90% dos casos está relacionado a cigarro, segundo o Inca ( Instituto Nacional do Câncer).

A oncologista e presidente da SBOC (Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica), Clarissa Mathias, diz que o tumor primário é quando ele começa no próprio órgão. "Ele não veio de outro órgão, não foi uma metástase [quando o câncer se espalha pelo organismo atingindo outros órgãos]", explica.

Clarissa diz que as chances de cura vão depender muito do tipo de câncer no pulmão, do estágio da doença e da resposta do tratamento. O tratamento adotado pela equipe médica que atende a cantora é uma combinação de radioterapia e imunoterapia, segundo comunicado divulgado em seu perfil na rede social.

Segundo a oncologista, a imunoterapia é um enorme avanço no tratamento do câncer e seu uso está aprovado há cerca de quatro anos no Brasil. "A imunoterapia é um dos tratamentos mais modernos e eficazes para câncer de pulmão. Ela destrava o sistema imunológico do organismo e ele próprio reconhece as células do câncer e o combate", explica.

O oncologista clínico e presidente do Instituto Oncoclínicas, Carlos Gil Ferreira, diz que o diagnóstico precisa ser individualizado e preciso para que a imunoterapia funcione. Segundo ele, conhecendo as células cancerígenas as medicações vão agir para fortalecer o sistema imunológico combatendo a doença.

"Antes, o que ocorria era a destruição total das células, inclusive as saudáveis, para a eliminação do mal. Agora, o tratamento é focado, o que aumenta as chances de sucesso e qualidade de vida", afirma o oncologista clínico.

A presidente da SBOC afirma que a imunoterapia pode ser utilizada isoladamente ou associada à quimioterapia ou radioterapia. "Existem vários tipos de tratamento para o câncer e de acordo com a característica do tumor, perfil molecular [características únicas do câncer em um paciente] e estágio da doença".

Já a radioterapia, a que Rita Lee está sendo submetida, é um tratamento que utiliza radiações para destruir câncer e evitar que as células aumentem. "É feito com uma uma máquina com aplicação de radiação para controle local da doença".