Em "ZYJ Mateus - Minhas Histórias no Rádio", o jornalista J. Mateus compartilha vivências de sua trajetória profissional e pessoal. Nas 95 páginas do livro, José Mateus de Lima escreve em primeira pessoa e traz situações curiosas, discorre sobre as viagens internacionais a trabalho, conta sobre seu primeiro emprego e também sobre a gratidão perante profissionais como o professor João de Godoi, com quem teve aulas de Português, em Arapongas, no Colégio Estadual Emilio de Meneses.

J. Mateus com o livro recém-lançado: 95 páginas de memórias de sua vida profissional e pessoal
J. Mateus com o livro recém-lançado: 95 páginas de memórias de sua vida profissional e pessoal | Foto: Walkiria Vieira

Sinônimo de rádio, J.Mateus está perto de completar 60 anos de profissão. Associar seu nome a um prefixo para dar título ao livro foi ideia do autor que teve até seu nome eternizado em uma enciclopédia, no ano de 2012. "Narradores, comentaristas e repórteres de todos os estados estão com suas biografias nesta obra. A minha está na página 190. Do Paraná foram incluídos Airton Cordeiro, Carneiro Neto, Dirceu Graeser, Lombardi Júnior e Oldemar Kramer (de Curitiba) - Edson Morais (de Cascavel) - e Fiori Luis, JB Faria, Tatinha e eu (de Londrina). Estar inserido num trabalho deste nível é algo indescritível", escreve.

1988: J. Mateus trasmitindo Brasil X Suécia, no estádio da Rasunda, em Estocolmo
1988: J. Mateus trasmitindo Brasil X Suécia, no estádio da Rasunda, em Estocolmo | Foto: Divulgação

Logo nas primeiras páginas, revela que foi aos 10 anos de idade que começou a gostar de futebol. "Comecei a gostar de rádio e de futebol em 1957, quando fiquei internado, pela segunda vez, no Pavilhão Fernandinho, da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Tive paralisia infantil aos cinco meses de idade e, pelas dificuldades da época, meu pai só conseguiu tratamento para minhas pernas em 1954. Eu tinha sete anos de idade e fiquei oito meses seguidos em internamento, passando por cirurgias e outros tipos de atendimento", escreve.

Tem mais: em 1957, com 10 anos, mais seis meses dentro do hospital. "Novas cirurgias, fisioterapias e, logo depois, comecei a andar como sempre andei, sobre duas muletas. Foi nesse ano que o rádio e o futebol entraram na minha vida. O passatempo da molecada do hospital era ouvir os jogos pelo rádio. Foi ali, também, que escolhi o Corinthians, como time preferido."

Criativo, bem humorado e incapaz de se fazer de vítima, o garoto de Arapongas fez do que era privação, prova de talento. O futebol de botão era seu hobby e jogava sozinho. "Jogos com narração e cada partida com a voz de um locutor diferente. É isso, eu jogava e narrava", escreve.

A habilidade em usar a voz e imitar locutores famosos deu a ele emprego de plantão esportivo, sendo que o primeiro emprego na vida foi como datilógrafo do escrivão Adalberto Balock na delegacia da polícia civil, perto de sua casa., aos 16 anos. "O escrivão perguntando, o povo respondendo, muitos chorando e eu transpondo para o papel. Era uma novidade muito pesada para um jovem inexperiente. Eu não tinha vocação para ouvir e escrever tantos enguiços, tantos problemas", admite.

Autêntico, fez de sua carreira no rádio referência profissional e é, até os dias atuais, muito respeitado por nomes tão conhecidos como o seu mundo afora. Seu prestígio não vem só do rádio e por isso também expressa no livro as experiências que teve no jornalismo escrito e também na TV. "Eu me sinto realizado como profissional. Vivi o jornalismo nos seus mais importantes veículos: rádio, televisão, revista e jornal".

O radialista J. Mateus com Pelé,  na Dinamarca, em 1989, durante cobertura da excursão da Seleção Brasileira na Europa
O radialista J. Mateus com Pelé, na Dinamarca, em 1989, durante cobertura da excursão da Seleção Brasileira na Europa | Foto: Divulgação

UM LIVRO DE MEMÓRIAS

Um livro sem cunho comercial, com pequena tiragem e detalhes que colocam o leitor em cada cena. A habilidade de um bom contador está presente em todas as histórias e, graças aos textos objetivos, uma puxa a outra - ainda que não haja uma linha do tempo para amarrar narrador, nem leitor. A memória do escritor traz ainda fotos de períodos que compreendem não apenas as vivências de Mateus, mas muitas são parte da história do futebol, de seus times e tantos desafios do esporte e suas diferentes modalidades.

Quando a emoção do lance a lance alcança o ouvinte, ela é capaz de colocá-lo, literalmente, no jogo. Isso é mérito do narrador. Mas se há improviso no rádio, há também preparo.

As transmissões de missas também estão no currículo de J. Mateus e para fazer chegar a melhor mensagem a quem não estivesse na missa, mas sim ao pé do rádio, o jornalista se preparava para fazer o melhor.

Ele explica que se cercava de informações para que a cobertura não ficasse monótona para quem estivesse acompanhando apenas por rádio. "Transmiti posse de governador, Miss Paraná, procissões, desfile de Sete de Setembro e até uma luta de boxe entre Adilson Maguila Rodrigues e o norte americano Mike White , no Moringão, em 1984, com a vitória do brasileiro", lembra-se.

O radialista coleciona as credenciais que recebeu nas coberturas jornalísticas pelo Brasil e o mundo
O radialista coleciona as credenciais que recebeu nas coberturas jornalísticas pelo Brasil e o mundo | Foto: Divulgação

Uma coleção de credenciais é também prova de que se deslocou para várias partes do mundo para trabalhar como repórter. Chegou a ficar 54 dias longe da família - foi a Copa do Mundo dos Estados Unidos, em 1994, quando o calor era de 40 graus. As credenciais formam um quadro original e de presença e ocupam uma parede no escritório do radialista. De modo distinto, as credenciais, cada qual com identidade, mostram o jornalista em diferentes fases, em eventos de grande repercussão mundial e um compromisso: o de levar ao ouvinte, além da emoção, a informação em sua integralidade.

O título de cidadão londrinense concedido em 2010 ao jornalista é considerado por ele uma honraria. "Foi aqui que minhas filhas cresceram e se formaram. Foi aqui que a Olésia e eu fizemos a nossa vida familiar". No ar pela Paiquerê, 91,7 FM com o programa Bate-Bola, publicou em 1996 "Do Caçula Gigante ao Tubarão", sobre a história do Londrina Esporte Clube, em comemoração aos 40 anos do time. Em 2002, lançou "Onze contra Onze", livro que considera uma miscelânia do futebol com curiosidades, números e histórias engraçadas. "Felizmente, os dois tiveram edições esgotadas".

Imagem ilustrativa da imagem Radialista J. Mateus: um bate-bola de primeira reúne histórias em livro
| Foto: Divulgação

Serviço:

Livro: ZYJ Mateus - Minhas Histórias no Rádio

Autor: J. Mateus

Valor: R$25 reais

Edição independente, 95 páginas

Onde comprar: Banca Rodeio e Banca Flamengo, em Londrina

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