Honrar e celebrar a imensa herança cultural do Brasil: este é o mote do Festival Quizomba de Culturas Tradicionais, que neste mês, apresenta o Abril dos Povos Originários. São cinco dias de programação com representantes da cultura indígena, em oficinas, apresentações musicais, debates e também no lançamento do filme ‘Terra Sem Males’, produção que narra a retomada de territórios indígenas no norte do Paraná. A entrada é franca em todos os eventos.

No Brasil os indígenas correspondem a 0,83% da população total, segundo dados do IBGE do ano passado. Nesta porcentagem, estão 266 povos e 150 línguas diferentes. Quantas histórias e narrativas existem e resistem com eles por - pelo menos - 524 anos? É uma pergunta que o Quizomba abre espaço para ser respondida pelos protagonistas da sentença.

‘’Nós entendemos que, mais do que falar sobre os povos originários, é preciso possibilitar espaços de protagonismo e ensinamento’’, explica Luiza Braga, comunicadora do Coletivo Quizomba, que é pautado em perspectivas críticas com foco nas culturas e saberes marginalizados no país. Assim, as trocas e debates do Abril dos Povos Originários, possibilitam um olhar atencioso para a permanência e memória de quem já estava aqui

antes da colonização. ‘’O objetivo é esse: possibilitar o protagonismo e o diálogo para que juntos possamos ecoar a luta de quem faz muito para a manutenção da nossa vida, do ecossistema, do país e da cultura brasileira como um todo’’, completa Luiza.

O filme "Terra Sem Males", produzido pelo povo Guarani-Nhandeva, do Paraná, será exibido na abertura do Festival
O filme "Terra Sem Males", produzido pelo povo Guarani-Nhandeva, do Paraná, será exibido na abertura do Festival | Foto: Divulgação

DOCUMENTÁRIO INDÍGENA

A abertura do evento é marcada pelo lançamento do documentário ‘’Terra Sem Males’’, título que faz referência ao mito guarani sobre uma terra onde não haveria fome, guerras e doenças. Produzido pelo povo Guarani-Nhandeva, o filme narra a retomada das terras indígenas Iwi Porã Posto Velho, Laranjinha e Pinhalzinho, localizadas entre Ribeirão do Pinhal e Abatiá, a cerca de 125km de Londrina.

A direção de fotografia é assinada pelo Cacique Reginaldo Alves, de Pinhalzinho, que também auxiliou no roteiro, fez o Canto Final da produção e contribuiu com o seu próprio depoimento enquanto Cacique. Ansioso, ele explica que o filme o aproximou - ainda mais - da história de seu povo.

‘’O que mais me marcou foram as narrativas dos mais velhos. Eles contam quanta crueldade existiu na época do colonialismo, as torturas que passaram’’, relata e contempla com admiração a resistência de seus ancestrais: ‘’Entendi o quanto os indígenas sofreram e o quanto precisaram superar tudo isso para não se entregar’’, finaliza o Cacique. Após a exibição do filme ocorre um bate-papo com outros integrantes da produção.

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O Festival é uma parceria entre Quizomba, Vila Cultural Alma Brasil e Universidade Estadual de Londrina, fomentado pelo Programa Funarte de Apoio à Ações Continuadas de 2023. O Festival Quizomba é o único projeto do interior do Sul do Brasil a ser contemplado pelo programa.

Outras duas edições do Festival estão previstas para os meses de julho e novembro, dedicadas às mulheres negras latino-americanas e caribenhas e ao mês da Consciência Negra, respectivamente.

SERVIÇO

Abertura do Festival com o lançamento de ‘’Terra Sem Males’’

Quando: quarta-feira (10), às 19h

Onde: Cine Teatro Ouro Verde

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Roda de Conversa ‘’Artes Visuais, povos originários e tecnologias no contexto da educação decolonial’’

Quando: quinta-feira (11), às 19h30

Onde: Sala de eventos do CECA - UEL

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Oficina Grafismos Kaingang, marca ancestral

Quando: sexta e sábado (12 e 13) 19h e 15h, respectivamente

Onde: Vila Cultural ALMA

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Lançamento do Livro Histórias de Piragui com Olívio Jekupe

Quando: sábado (13), às 10h

Onde: Loja Ciranda

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Festa de encerramento

Quando: domingo (14), às 15h

Onde: Gramado em frente à Vila Cultural ALMA