Enquanto houver gente séria como os paulistas do Quinteto em Branco e Preto, o velho e bom samba de raiz não morrerá. Na contramão do movimento pagode-mauricinho, os jovens músicos do quinteto, revelados nacionalmente por Beth Carvalho, fazem som de altíssima qualidade. Eles se apresentam hoje à noite no Cimples Bar - Clube do Samba, no litoral do Paraná. Amanhã, no mesmo local, eles estarão animando uma roda de samba no horário do almoço. Nas duas apresentações, o palco será dividido com o grupo catarinense Bom Partido.
As idades do quinteto variam entre 18 e 25 anos, mas todos os músicos já tem longa convivência com os bambas. ‘‘A gente cresceu ouvindo todas as feras do samba e ficamos admirados quando vemos que estamos no palco com eles agora’’, diz o vocalista, compositor e pandeirista Magno de Souza. ‘‘Não sei se sorte é a palavra mais adequada. É gratificante demais’’, comemora.
O contato direto com os músicos da velha guarda do samba tem sido muito enriquecedor para o grupo. Seus padrinhos são a cantora Beth Carvalho e o compositor e escritor Nei Lopes, mas o quinteto já dividiu o palco com uma longa lista de bambas. Entre eles estão Jamelão, João Nogueira, Dona Ivone Lara, Nelson Sargento e muitos outros.
Magno comenta que o objetivo inicial era apenas conhecer melhor as obras de Cartola, Nelson Cavaquinho e outros grandes sambistas. Ele afirma que o quinteto não foi formado com a intenção de ganhar dinheiro e que seus integrantes não conseguem sobreviver exclusivamente da música.
Formado por Maurílio de Oliveira (cavaquinho e vocal), Everson Manoel (violão e vocal), Emerson Manoel (violão e vocal) e Victor Hugo (surdo), além de Magno, o quinteto apresenta no show todo o repertório de seu CD ‘‘Riqueza do Brasil’’.
As faixas do disco apresentam composições próprias, como ‘‘Desfez de Mim’’, ‘‘Nova Psicologia’’, ‘‘Fetiche Real’’ e ‘‘Riqueza do Brasil’’, que deu o nome ao CD. Há também músicas assinadas por nomes de peso do samba como ‘‘O Tempo Que Eu Era Criança’’, de Wilson das Neves e Paulo César Pinheiro, e ‘‘Sempre Acesa’’, de Sombra e Luiz Carlos da Vila.
Lançado pela gravadora CPC-Umes, o disco não tem o título ‘‘Riqueza do Brasil’’ por acaso. ‘‘Este maravilhoso grupo de jovens músicos de São Paulo resolveu acreditar no samba como um valor permanente, graças ao qual podemos dizer que a música popular é a mais surpreendente riqueza do Brasil’’, comenta o diretor artístico da gravadora, Marcus Vinícius de Andrade.
O show do Quinteto em Branco e Preto acontecerá hoje, às 22 horas, no Cimples Bar (Rodovia Praia de Leste/ Pontal do Sul, quilômetro 3,5, fone 41-458-3022), com abertura do grupo catarinense Bom Partido. O preço do couvert artístico é R$ 7,00. No mesmo local, amanhã, a partir do meio-dia, haverá roda de samba com a participação das duas bandas. O preço é R$ 10,00 para duas pessoas.