PURA SEDUÇÃO
PUBLICAÇÃO
quinta-feira, 26 de outubro de 2000
Celso Mattos De Londrina
A atriz Kate Winslet, ao contrário de seu parceiro de set Leonardo DiCaprio, aproveitou o sucesso de Titanic para se aventurar em produções menos comerciais e mais cerebrais. É o caso de Fogo Sagrado, dirigido por Jane Campion, que tem como um de seus temas preferidos, a tensão sexual entre homens e mulheres de mundos completamentes distintos.
Foi assim em o respeitável O Piano e é o que ocorre em Fogo Sagrado, no qual a cineasta neolandesa volta a trabalhar com Harvey Keitel. No filme, ela mostra a jovem americana Ruth (Kate Winslet, numa interpretação poderosa) que, após uma viagem à Índia, acaba se tornando obcecada por uma religião hindu. Influenciada pelo culto, ela decide jogar toda sua vida para o alto, desistindo de seu passado e de voltar para casa.
Ao tomar conhecimento da situação, a mãe de Ruth vai dos Estados Unidos à Índia para resgatar a filha. Mas mesmo em seu país, Ruth continua obcecada pela religião. É quando entra em cena P.J.Walters (Keitel), especialista em desprogramar fanáticos religiosos. O que Walters não poderia imaginar é que acabaria dominado pela garota, que o seduz completamente.
Até aí tudo bem. Afinal, Jane Campion tem talento de sobra para conduzir uma história e criar cenas de cair o queixo. Mas da metade para o final, Fogo Sagrado fica chato, perde a razão e culmina para um final desinteressante. Uma pena, já que a parte inicial do filme promete muito.
Mesmo ficando entre o drama e a comédia e variando entre erros e acertos, o filme cativa o espectador pela sensualidade da história e por seus momentos delirantes. A boa notícia é que Kate Winlest tira a roupa e mostra tudo. Harvey Keitel também. Lançamento da Paris Filmes. Duração: 114 minutos.
OUTROS LANÇAMENTOS
ReproduçãoComédia despretensiosa que deu a Steve Zahn o prêmio de ator cômico no Sundance Festival
Happy, Texas
Apresentado no Sundance Festival em 1999, Happy, Texas levou um prêmio especial para a interpretação cômica de Steve Zahn, que fez o guitarrista de The Wonders. Este é o caso de um filme que consegue se sustentar com uma única piada. Uma dupla de fugitivos da polícia Jeremy Northam e Steve Zahn vai parar em uma cidade nos cafundós do Texas. Para despistar a polícia, a dupla assume a identidade de um casal gay especialista em moda.
Ao chegar na cidade, eles descobrem que o casal havia sido contratado para ajudar um grupo de crianças a vencer um concurso de beleza. Todo o resto do filme gira em torno das confusões dos farsantes que também planejam roubar o banco local, mas acabam seduzidos pela pacata vida interiorana. Happy, Texas é divertido, mas um pouco tímido. A impressão é que o diretor estreante Mark Illsley teve medo de ousar em seu primeiro trabalho. Despretensioso, o filme não chega a ofender ninguém. Lançamento da Paris. Duração: 98 minutos.
DivulgaçãoNem a boa performance de Johnny Deep salva este último trabalho de Roman Polanski
O Último Portal
Longe dos sets desde 1994, quando realizou A Morte e A Donzela, Roman Polanski parece que esqueceu como se faz um bom filme. O diretor de obras como O Bebê de Rosemary e O Inquilino decepciona com seu último trabalho, que só não naufraga totalmente devido à boa performance de Johnny Deep. Em O Último Portal, o ator interpreta um especialista em livros raros que é contratado por um milionário para encontrar três obras sobre satanismo, escritas no século 17.
Em sua jornada à Europa Medieval, ele encontra personagens bizarros típicos do universo de Polanski. Mas o filme não rende e acaba se tornando muito chato. Uma trama que poderia ser contada em 15 minutos, acaba se estendendo por mais de duas horas. Haja paciência! Ao querer fazer um filme-cabeça, o diretor escorregou feio. Bem que ele poderia ter deixado esse último trabalho fora de seu currículo até então respeitável.Lançamento da Warner. Duração: 133 minutos.