Na época da colonização de Londrina, estima-se que representantes de mais de 30 etnias tenham migrado para o município fundado em 1934. Junto com o desejo de desbravar uma nova terra, os pioneiros trouxeram consigo idiomas diversos, além de uma profusão de cantos folclóricos, cantigas de ninar e instrumentos musicais típicos de seus países de origens. A babilônia linguística que se formou na cidade em suas primeiras décadas de existência está sendo resgatada e documentada agora pelo violonista londrinense Ozório Perez através do projeto Opera Mundi.

“Criei esse projeto com o objetivo de registrar esse patrimônio cultural sonoro antes que ele acabe se perdendo”, destaca Perez. O instrumentista explica que a ideia é realizar gravações com pioneiros que vivem em Londrina desde os anos 1940. “E também com pessoas que ouviam músicas típicas cantadas por seus ancestrais e guardam no imaginário essa herança não material”, acrescenta o músico.

O violonista comenta que o trabalho começou a ser realizado há algumas semanas. “Quero fazer um registro multiétnico amplo. Por isso, tenho produzido vídeos curtos, cada um com um tempo médio de 30 segundos. Nas gravações, além de cantar ou tocar um instrumento, os entrevistados contam uma breve história de suas lembranças musicais e da importância que a canção escolhida tem para sua família”.

A cantora Marli Tomal também gravou uma música para o projeto Ópera Mundi
A cantora Marli Tomal também gravou uma música para o projeto Ópera Mundi | Foto: Divulgação

Entrevistas já realizadas por ele estão sendo postadas no Youtube, no canal criado com o nome de Osório Perez. Em uma das postagens Marli Tomal, filha do marceneiro Vitor Martins - que ajudou a construir a antiga ferroviária da cidade e o prédio onde hoje está instalada a Biblioteca Pública -, cantou uma música folclórica alemã que a mãe dela costuma cantar para a neta dormir. Em outro vídeo, o descendente de japoneses Fernando Yudi Mori executou uma canção oriental tocando shakuhachi, uma flauta típica do Japão. “Ele fez uma homenagem ao navio Kasato-Maru, que trouxe os primeiros imigrantes japoneses para o Brasil”, relata Perez. A pioneira Halha Ostrensky Saridakis, nascida em Londrina em 1940, cantou uma canção que costuma ouvir na voz de sua família que tem origem ucraniana. Já o sírio Feras Orfali, que mora em Londrina desde 2015, interpretou uma música folclórica de seu país.

Osório Perez com o sírio Feras Orfoli que gravou um vídeo para o projeto
Osório Perez com o sírio Feras Orfoli que gravou um vídeo para o projeto | Foto: Divulgação

Perez esclarece que a pesquisa não ficará centrada apenas em pioneiros e seus descendentes. “Como Londrina é uma cidade muito nova, as pessoas que estão chegando agora serão consideradas pioneiras daqui algumas décadas. Por isso, pretendo também realizar gravações com senegaleses e outros imigrantes que vieram morar aqui há pouco tempo”, informa.

O trabalho documental está sendo realizado pelo violonista com apoio do Museu Histórico de Londrina. “Pretendo doar essa pesquisa ao museu. Eu também inscrevi o projeto no Promic [Programa Municipal de Incentivo à Cultura] deste ano e estou aguardando o resultado da seleção. Caso eu consiga o patrocínio, pretendo trabalhar nessa pesquisa nos próximos três meses. O projeto deve ser concluído com a publicação de cerca de 30 vídeos na internet, além de reunir as entrevistas com os participantes em um e-book e um áudio-book que serão disponibilizados gratuitamente pela internet. O lançamento deve acontecer provavelmente no mês de dezembro, durante as comemorações do aniversário da cidade”, ressalta Perez.

Pessoas interessadas em participar do projeto Opera Mundi, podem entrar em contato com o violonista pelo telefone (43) 99937-1246 ou pelo e-mail [email protected].

ASSISTA A ALGUNS VÍDEOS DO PROJETO:

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