Se cada pessoa é uma história, quantos livros estão ao nosso redor? E quantos desses inúmeros "livros" estão dispostos a se tornarem ‘’livros abertos’’, compartilhando individualidades e percepções para quem ousar se colocar como leitor? É o que propõe o projeto "Livros Humanos - Convite para Ler Pessoas nas Bibliotecas Municipais de Londrina", que leva acervos humanos a diferentes bibliotecas de Londrina, onde, livre de preconceitos, pessoas compartilham experiências a fim de estimular a escuta ativa de histórias autênticas de moradores da cidade.

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Patrocinado pelo Promic e inspirado no conceito dinamarquês de ‘’Biblioteca Humana’’, o projeto teve seu primeiro encontro realizado na última terça-feira (21) e contou com diferentes temas: a luta indígena, vivências femininas, racismo, a experiência de uma mãe de uma adolescente com paralisia cerebral e também a história de um homem que viveu nas ruas. Para encontrar os primeiros Livros, as organizadoras ouviram sugestões de pessoas e entidades que atuam em defesa dos direitos humanos. Agora, para os próximos encontros, a intenção é considerar também novas sugestões, inclusive candidaturas próprias espontâneas.

‘’É um ato corajoso e muito generoso expor acontecimentos da própria vida que são dolorosos, que tocam na ferida do preconceito’’, explica Christina Mattos, jornalista e uma das organizadoras do projeto.

Para ela, o ato de escuta também requer coragem do leitor, pois a intenção é que ‘’os leitores façam perguntas, falem sobre suas próprias inquietações em relação aos preconceitos e estereótipos: não é palestra, é conversa!’’, destaca.

Participantes da primeira atividade do projeto na Biblioteca Municipal do Centro: haverá outros encontros em bibliotecas de bairros nos próximos meses
Participantes da primeira atividade do projeto na Biblioteca Municipal do Centro: haverá outros encontros em bibliotecas de bairros nos próximos meses | Foto: Valéria Félix - Divulgação

CLIMA INTIMISTA

Mas para que o objetivo seja alcançado, o clima intimista é fundamental e se estabelece de duas formas. A primeira é o próprio ambiente da biblioteca: democrático, seguro e inspirador. A segunda é a limitação do número de leitores por livro. ‘’Nós consideramos o número máximo para que uma situação seja intimista é de cinco pessoas. Não é um discurso, não é uma contação de história: é uma pessoa, da nossa comunidade, compartilhando um momento da vida, uma questão da intimidade dela’’, comenta Rosana de Andrade, também organizadora do projeto.

‘’Foi excelente, uma interação maravilhosa. Foi heterogêneo, e a educação que se vale gosta do heterogêneo porque assim as trocas de ideias são melhores, então foi excelente’’, comentou uma leitora sobre esse exercício desafiador.

Christina Mattos e Rosana de Andrade, organizadoras do projeto: "Não é um discurso, não é uma contação de história, é uma pessoa, da nossa comunidade, compartilhando um momento da vida"
Christina Mattos e Rosana de Andrade, organizadoras do projeto: "Não é um discurso, não é uma contação de história, é uma pessoa, da nossa comunidade, compartilhando um momento da vida" | Foto: Valéria Félix/ Divulgação

A próxima edição será realizada na Biblioteca Municipal do Centro no dia 20 de março. As demais, nas bibliotecas da Zona Norte em 24 de abril, Zona Oeste em 22 de maio e Zona Sul em 19 de junho. Os encontros ficarão registrados em painéis nas bibliotecas e também numa publicação digital. As informações e formulário de inscrição estão disponíveis no Instagram @livroaberto.londrina