A escrita é uma forma de se expressar. Para transmitir conhecimento, registrar dados como o nascimento ou óbito, celebrar contratos e também colocar, por meio das palavras, sentimentos de dentro para fora. Letras de música, poesias, poemas e até bilhetes entregues sorrateiramente prosperam.

Valorizar essa forma de comunicação e arte e proporcionar às pessoas mais conhecimento sobre a ferramenta integra a proposta do projeto "Escrita e cura: Oficina de criação literária para mulheres", e que será realizado na Biblioteca Pública Municipal de Londrina. Contemplado pelo Promic (Programa Municipal de Incentivo à Cultura) e idealizado pela jornalista e doutora em Letras (UEL) Layse Barnabé de Moraes, que pesquisou a poética da cura na escrita das mulheres no doutorado, o curso teve recorde de inscrições.

Por meio das oficinas gratuitas de leitura e escrita, o objetivo do projeto é levar o assunto para além do ambiente acadêmico e apresentar textos de escritoras mulheres como um mote para discussões, reflexões e propostas de escrita. As oficinas são consideradas um convite para que as participantes se apropriem da palavra e contem as histórias que desejam, sejam elas reais ou inventadas.

Sobre a questão da cura, Layse explica que a palavra "cura", em sua etimologia, diz respeito a cuidado e transformação do indivíduo. "Não é sobre pensar a escrita como uma solução para os problemas, mas uma forma possível de elaboração do que sentimos e também de cuidado de si", reflete

Layse é graduada em Jornalismo e em Letras, Mestra em Estudos Literários (UEL) e Doutora em Letras (UEL). No doutorado, pesquisou a poética da cura na literatura contemporânea escrita por mulheres. Desde 2016, ministra oficinas de criação literária. Também mantém, desde 2009, o @coraçãononsense, onde publica poesias, crônicas, resenhas, newsletters e vídeo-poemas.

Palavras libertam?

A Biblioteca Pública Municipal de Londrina será a última parada desse ciclo de oficinas, que já aconteceram na Cadeia Pública Feminina de Londrina, no Assentamento Eli Vive e junto ao CAM (Centro de Acolhimento à Mulher). A experiência com as mulheres da Cadeia, em especial, foi marcante: "Percebi, com o passar dos encontros, o quanto elas foram se abrindo, conseguindo se comunicar mais, escrever mais. Uma delas veio me agradecer no último dia e disse que, com as oficinas, conseguia 'sair' dali, mesmo sem sair de fato".

"Uma outra participante, que desde o início produziu textos muito fortes e bem construídos, me contou que não gostava nem de ler nem de escrever antes da oficina. E eu me perguntava: como? A resposta a que cheguei é que não é preciso escrever para escrever. Essas mulheres já escreviam com o corpo e com a memória já escreviam do lado de dentro. A oficina foi apenas um meio para que elas acordassem essas histórias que estavam adormecidas", relata Layse.

Oficinas realizadas pela jornalista  Layse Barnabé de Moraes
Oficinas realizadas pela jornalista Layse Barnabé de Moraes | Foto: Divulgacao/ João Ricardo Almada

Layse reforça também que receber o incentivo do Promic foi fundamental para a realização das oficinas. "Tivemos a preocupação de acessar espaços de diferentes regiões e variadas singularidades - mulheres apenadas, mulheres vítimas de violência, mulheres da zona rural e agora a turma aberta a mulheres na Biblioteca Pública Municipal de Londrina. Não seria possível uma atuação tão ampla, com tantos encontros, sem esse apoio. É muito gratificante poder trabalhar, de forma democrática e acessível, a escrita e a leitura como uma possibilidade de criação e reinvenção junto às mulheres."

Serviço:

Oficina de criação literária para mulheres

Quando: Terças de maio (9, 16, 23 e 30), das 19h às 21h

Onde: Biblioteca Municipal de Londrina (Av. Rio de Janeiro, 413)

Participação gratuita (inscrições encerradas)

Mais informações e inscrições pelo link ou @coracaononsense

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