Rufino: O programa parece ser de grande valor para a comunidade,  visto que integra o cidadão à execução de atividades construídas com as ferramentas disponíveis da comunidade.
Rufino: O programa parece ser de grande valor para a comunidade, visto que integra o cidadão à execução de atividades construídas com as ferramentas disponíveis da comunidade. | Foto: R.R. Rufino/Divulgação

"Todo artista tem de ir aonde o povo está." A composição de "Nos Bailes da Vida", de Milton Nascimento e Fernando Brant, ecoa como um mantra para cantores, músicos, atores e um sem número de pessoas ligadas ao setor cultural.

Pensando em onde o povo está e nas dificuldades impostas pela pandemia para os artistas, uma expansão cultural e um novo fôlego chegam para músicos, fotógrafos, ilustradores, artesãos, atores e produtores culturais de uma forma geral.

Assim pode ser encarada a criação do Programa Fábrica - Rede Popular de Cultura, que acaba de lançar o seu primeiro edital e planeja distribuir R$ 600 mil em recursos para 24 projetos. A iniciativa tem seu foco para a periferia e por isso as ideias devem estar alinhadas em atingir bairros, distritos e patrimônios. Com isso, aproximar a cultura de quem está nas localidades mais afastadas dos centros culturais.

Apresentada pelo prefeito de Londrina, Marcelo Belinati, e o secretário municipal de Cultura, Bernardo Pellegrini, a proposta é aproximar a arte das pessoas. As ações contempladas serão realizadas em locais como escolas e espaços comunitários, em diversas linguagens artísticas, para promover a distribuição de atividades culturais em todas as regiões de Londrina.

"O Fábrica vai integrar as comunidades dos bairros e periferias a equipamentos como bibliotecas e museus e os grandes eventos como nossos festivais, que ofertem contrapartidas que deixam o programa ainda mais consistente", disse Pellegrini. São esperados projetos socioculturais que envolvam capoeira, dança de salão, hip hop e oficinas digitais, entre outras linguagens.

Para a professora Rosa Alzira dos Santos, da Escola Municipal Professora Corina Mantovan Okano, localizada no Distrito de Maravilha (zona sul), a ideia é muito bem recebida: "Sem dúvida alguma, isso é fundamental, pois as crianças dos distritos precisam receber `chuvas de arte'".

Santos expõe que a distância dificulta este aprimoramento no conhecimento. "Todo conhecimento deve ser finalizado com música, teatro, por exemplo. Uma das minhas filhas está cursando Artes Cênicas e, sinceramente, aprendo todos os dias o poder da criatividade." A unidade atende 98 alunos do P4 ao 5º ano. "Torço muito para que os projetos escolhidos venham sistematizar todo o aprendizado adquirido na escola e oportunizar a comunidade local, com o brilho da cultura londrinense", afirma.

Executado pela a Secretaria Municipal de Cultura (SMC), além do edital próprio, o programa vislumbra articular os projetos participantes do Promic (Programa Municipal de Incentivo à Cultura) para que realizem suas atividades de forma integrada, viabilizando a criação de um sistema municipal de cultura. Todos os editais do Promic lançados a partir deste ano conterão informações e anexos relativos à nova iniciativa.

Professora Rosa, do Distrito de Maravilha: "Torço muito para que os projetos escolhidos venham sistematizar todo o aprendizado adquirido na escola e, oportunizar a comunidade local, com o brilho da cultura londrinense"
Professora Rosa, do Distrito de Maravilha: "Torço muito para que os projetos escolhidos venham sistematizar todo o aprendizado adquirido na escola e, oportunizar a comunidade local, com o brilho da cultura londrinense" | Foto: Divulgação/arquivo pessoal

O coordenador da Fábrica – Rede Popular de Cultura, Valdir Grandini, que também participou da criação da iniciativa, frisou que o incentivo à cultura beneficia a cidade de diversas formas. “A cultura é essencial para a qualidade de vida da população e está diretamente ligada a outras áreas como a saúde, a educação e a segurança pública. Esse é um momento histórico da política pública para a cultura em Londrina”, comemora.

Reconhecido pelo seu trabalho dentro da arquitetura, agronegócio e por exaltar o valor dos biomas brasileiros por meio de suas imagens, o fotógrafo Ronaldo Ronan Rufino recebe a novidade com bons olhos. "Cultura, educação, segurança pública, saúde, boa alimentação, o bem-estar familiar, o esporte e espiritualidade são elementos imprescindíveis para a promoção do bem-estar social e a construção cognitiva, física e intelectual e de um cidadão", pensa.

De seu ponto de vista, levar à comunidade de menos acesso - a fim de estimular, construir, desenvolver e promover o bem-estar do cidadão em áreas diversas e muitas vezes pouco exploradas em comunidades mais simples - é de grande valor para o estímulo da alma e dos sonhos. "O indivíduo que tem a capacidade de sonhar pode transpor a realidade e tem mais chances e oportunidade de transcender, ir adiante e, muitas vezes, além de sua dura realidade", acredita Rufino.

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