Prêmio Quizomba contempla artistas negros e indígenas de Londrina

Diante da impossibilidade de realizar atividades presenciais durante a pandemia, o Coletivo Quizomba criou uma premiação com o objetivo de dar visibilidade ao trabalho de jovens artistas negros e indígenas que atuam em Londrina. Por meio de um edital público aberto no mês de maio, foram recebidas 30 inscrições para a premiação que abriu espaço para iniciativas envolvendo circo, dança, teatro, artes visuais, fotografia, cinema e vídeo, artes gráficas, artesanato, música, literatura, tradições populares, capoeira e hip hop. Nesta semana foi divulgada a lista dos cinco premiados que receberão recursos de R$ 3 mil e R$ 1,5 mil pagos com recursos do Programa Municipal de Incentivo à Cultura (Promic).

Na categoria Coletivos, dois grupos foram premiados com R$ 3 mil cada. Um deles é o grupo de dança Nen`ga, da Terra Indígena do Apucaraninha, composto em sua maioria por jovens que têm se destacado na luta pela preservação da cultura Kaingang em Londrina. O outro é o Coletivo Dona Vilma Yá Mukumby, que promove atividades artísticas e culturais direcionadas às crianças e jovens negras moradoras do Jardim Nossa Senhora da Paz/Favela da Bratac.

Três artistas foram contemplados na categoria Individual, cada um receberá o prêmio de R$ 1,5 mil. Formanda em Design de Moda na Universidade Estadual de Londrina, Geovana Teixeira foi premiada pelo projeto desenvolvido em seu Trabalho de Conclusão de Curso, que buscou incentivar o protagonismo criativo de meninas negras periféricas por meio da moda. A iniciativa foi desenvolvida junto ao Coletivo Ciranda, com meninas e adolescentes da Comunidade Nossa Senhora da Paz (Favela Bratac).

Artista urbana e muralista desde 2014 e formanda em Artes Visuais pela UEL, Priscila Sousa Anunciação foi contemplada por seus trabalhos que dialogam com a opressão vivida por ela como mulher lésbica e afrodescendente. Já Maria Alice Silva Oliveira foi contemplada com o prêmio por sua atuação como fotógrafa profissional e cineasta amadora junto a artistas negros da cidade. Graduanda em Artes Visuais na UEL, ela integra coletivos de foto-ativismo em Londrina.

“Esta primeira edição do Prêmio Quizomba superou todas as nossas expectativas. Tivemos mais de 30 inscritos, entre eles artistas de Londrina que já receberam até prêmios nacionais por desenvolverem projetos da mais alta qualidade. Porém nosso critério de escolha foi dar visibilidade a artistas que estão iniciando seus trabalhos e que, por isso, ainda não estão totalmente inseridos do contexto da produção artística da cidade”, afirma Kennedy Piau, professor do Departamento de Artes Visuais da UEL e coordenador do Projeto Quizomba.

Ele explica que devido à alta qualidade dos projetos inscritos, a comissão formada por nove integrantes do Coletivo Quizomba optou por aumentar o número de premiados. “Inicialmente seriam distribuídos quatro prêmios com recursos do Promic. Mas durante a seleção resolvemos conceder um prêmio extra a Geovana Teixeira. Essa premiação será paga com recursos próprios do nosso coletivo”, destaca Piau.

Criado há 15 anos, o Coletivo Quizomba sofreu algumas adaptações durante a pandemia. “A ideia inicial era dar continuidade a um trabalho de formação cultural-comunitária no Conjunto Cafezal IV, zona sul de Londrina. Porém, devido à pandemia neste ano optamos por realizar o Quizomba On-line [realizado no mês passado], com apresentações artísticas transmitidas pela internet. E também criamos o prêmio para dar visibilidade e socorrer emergencialmente alguns artistas e coletivos neste período”, salienta.