Passar uma temporada em Londres e não experimentar o tradicional breakfest inglês é o mesmo que vir a Londrina e não conhecer o Lago Igapó. Ou melhor, vir para a Little London e não degustar o sanduíche do Arnaldos, o pastel com vitamina na Sergipe, o suco da rodoviária, o bolinho de carne do Utopia e o agora inacessível e saudoso parmegiana do Rodeio. Então, nos 15 dias que passei recentemente por lá, fiz questão de, pelo menos uma vez, deliciar-me com a iguaria típica.

O café da manhã inglês é bem reforçado. Leva ingredientes pesados, que matam a fome e que me deixaram sem vontade de almoçar. O original inclui linguiças, chouriço, ovo frito, tomate, cogumelos salteados, feijão, bacon e pão torrado. Há variações de regiões inglesas que substituem a linguiça por peixe, por exemplo. Além disso, alguns países colonizados pela Inglaterra também variam ingredientes conforme seus hábitos e costumes culinários. De qualquer maneira, hoje o café da manhã inglês se tornou turístico e frequentemente consumido em ocasiões mais especiais.

Explico: sua origem remonta à Era Vitoriana, no século XIX, que coincide com o surgimento da Revolução Industrial. As primeiras fábricas do mundo, nascidas na Inglaterra, recebiam operários para trabalhar em jornadas extenuantes de 12 a 16 horas por dia, em lugares muitas vezes insalubres e com condições precárias. Por vezes, sem intervalo nem tempo para dar uma descansada. Então, era preciso realizar uma refeição bem reforçada para aguentar o tranco. Foi assim que surgiu o café da manhã reforçado.

Com o tempo e o passar das décadas, a refeição se transformou em algo mais turístico, já que os direitos trabalhistas passaram a considerar intervalos para os trabalhadores fazerem uma pausa e comerem um lanche. Hoje, qualquer restaurante oferece um breakfest english tradicional, ora mais caro ora mais barato, ora mais original ora mais adaptado. E o costume passou a ser consumi-lo, pelos londrinos, nos finais de semana, em dias sem muito compromisso de horário, em passeios mais familiares.

Qualquer restaurante oferece um breakfest english tradicional, ora mais caro ora mais barato, ora mais original ora mais adaptado
Qualquer restaurante oferece um breakfest english tradicional, ora mais caro ora mais barato, ora mais original ora mais adaptado | Foto: Fabio Luporini

Aqui em Londrina nunca vi alguém preparar esse prato, a não ser muitos anos atrás na Brot – Panificação Alemã que, a cada temporada de uns 40 dias, oferecia no cardápio um tipo de café da manhã típico de cada país diferente: alemão, americano, francês, inglês, entre outros. Hoje, não tenho mais conhecimento disso. Seria legal ter na Pequena Londres mais uma conexão com a Big London, desta vez, gastronômica.