Por que o breakfest inglês é tão reforçado?
O café da manhã inglês leva ingredientes pesados que matam a fome e que me deixaram sem vontade de almoçar
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sexta-feira, 21 de abril de 2023
O café da manhã inglês leva ingredientes pesados que matam a fome e que me deixaram sem vontade de almoçar
Fabio Luporini - Coluna Multi Chef
Passar uma temporada em Londres e não experimentar o tradicional breakfest inglês é o mesmo que vir a Londrina e não conhecer o Lago Igapó. Ou melhor, vir para a Little London e não degustar o sanduíche do Arnaldos, o pastel com vitamina na Sergipe, o suco da rodoviária, o bolinho de carne do Utopia e o agora inacessível e saudoso parmegiana do Rodeio. Então, nos 15 dias que passei recentemente por lá, fiz questão de, pelo menos uma vez, deliciar-me com a iguaria típica.
O café da manhã inglês é bem reforçado. Leva ingredientes pesados, que matam a fome e que me deixaram sem vontade de almoçar. O original inclui linguiças, chouriço, ovo frito, tomate, cogumelos salteados, feijão, bacon e pão torrado. Há variações de regiões inglesas que substituem a linguiça por peixe, por exemplo. Além disso, alguns países colonizados pela Inglaterra também variam ingredientes conforme seus hábitos e costumes culinários. De qualquer maneira, hoje o café da manhã inglês se tornou turístico e frequentemente consumido em ocasiões mais especiais.
Explico: sua origem remonta à Era Vitoriana, no século XIX, que coincide com o surgimento da Revolução Industrial. As primeiras fábricas do mundo, nascidas na Inglaterra, recebiam operários para trabalhar em jornadas extenuantes de 12 a 16 horas por dia, em lugares muitas vezes insalubres e com condições precárias. Por vezes, sem intervalo nem tempo para dar uma descansada. Então, era preciso realizar uma refeição bem reforçada para aguentar o tranco. Foi assim que surgiu o café da manhã reforçado.
Com o tempo e o passar das décadas, a refeição se transformou em algo mais turístico, já que os direitos trabalhistas passaram a considerar intervalos para os trabalhadores fazerem uma pausa e comerem um lanche. Hoje, qualquer restaurante oferece um breakfest english tradicional, ora mais caro ora mais barato, ora mais original ora mais adaptado. E o costume passou a ser consumi-lo, pelos londrinos, nos finais de semana, em dias sem muito compromisso de horário, em passeios mais familiares.
Aqui em Londrina nunca vi alguém preparar esse prato, a não ser muitos anos atrás na Brot – Panificação Alemã que, a cada temporada de uns 40 dias, oferecia no cardápio um tipo de café da manhã típico de cada país diferente: alemão, americano, francês, inglês, entre outros. Hoje, não tenho mais conhecimento disso. Seria legal ter na Pequena Londres mais uma conexão com a Big London, desta vez, gastronômica.