A tela "Número 16" (1950), do americano Jackson Pollock, foi finalmente leiloada na sexta (1º), em Nova York. A venda da obra, que pertencia ao Museu de Arte Moderna do Rio, foi confirmada pela casa de leilões Phillips.
De acordo com a instituição, que não confirma os valores envolvidos, a tela foi adquirida por um colecionador particular. De acordo com pessoas próximas às negociações, o valor gira em torno de US$ 13 milhões (cerca de R$ 48 milhões). A comissão da casa em um caso desses é de 15%.

Venda do quadro de Jackson Pollock causou controvérsias, era o único do artista exposto à visitação pública no Brasil
Venda do quadro de Jackson Pollock causou controvérsias, era o único do artista exposto à visitação pública no Brasil | Foto: Reprodução/ MAM Rio



A novela da venda do quadro pelo MAM estava sem desfecho desde novembro do ano passado, quando chegou a ir a leilão, mas não atingiu o valor mínimo que tinha à época: US$ 18 milhões (R$ 66 milhões). Àquela altura, quando o valor estipulado pelo leiloeiro não passou de US$ 15,7 milhões, a venda não se concluiu.
O valor de US$ 18 milhões, porém, não era considerado alto pelo mercado. Um dos motivos é que, em novembro, outro trabalho de Pollock, "Composition with Red Strokes" (1950), chegou a ser arrematado por US$ 55,4 milhões, cerca de R$ 207 milhões.

"Por que não vendeu? Porque estava avaliado acima do mercado", resumiu em novembro Jones Bergamin, diretor da casa brasileira de leilões de arte, Bolsa de Arte. Para ele, isso significava que o quadro deveria valer entre US$ 14 milhões e US$ 15 milhões - valor acima do que teria sido adquirido na sexta.

"Número 16", um quadrado de 56 cm, era vista como a tábua de salvação do MAM, que passa por uma crise financeira e via na negociação uma maneira de equilibrar as contas a longo prazo. A tela foi dada de presente ao MAM do Rio, em 1952, pelo ex-vice-presidente americano Nelson Rockefeller, que havia adquirido a obra pouco antes por US$ 306.  
A decisão do museu de leiloar o quadro gerou controvérsia no circuito da arte no Brasil e encontrou resistência do Instituto Brasileiro de Museus. Mas, diante da situação financeira preocupante da instituição, o Ministério da Cultura deu aval para a venda do único Pollock acessível à visitação pública no Brasil.