Pianista Nelson Freire morre aos 77 anos; sua última apresentação em Londrina foi em 2019

Morreu na madrugada desta segunda-feira (1), em sua casa no Rio, o pianista Nelson Freire, aos 77 anos. Reconhecido internacionalmente, ele teve uma trajetória artística de mais de sete décadas, apresentando-se no Brasil e nos maiores palcos do mundo.

Em 2019, ele sofreu uma queda durante uma caminhada no Rio e teve que fazer várias cirurgias, a previsão era de que voltaria a fazer concertos em 2020, mas veio a pandemia e ele continuou ausente dos palcos.

Nascido em Boa Esperança (MG), ele começou a tocar piano aos três anos e fez seu primeiro recital aos cinco. Aos 12 anos ficou em sétimo lugar num concurso nacional firmando-se como um talento precoce e ganhou uma bolsa de estudos do governo JK para estudar em Viena, com o renomado Bruno Seidlhofer.

Nelson Freire conquistou o primeiro lugar no Concurso Internacional de Piano Vianna da Motta, em Lisboa em 1964 e, em Londres, recebeu as medalhas de ouro Dinu Lipatti e Harriet Cohen. A partir de então não parou mais.

Freire tocou com maestros de grande prestígio incluindo Pierre Boulez, Eugen Jochum, Lorin Maazel, Charles Dutoit e Rudolf Kempe (com quem realizou diversas turnês pelos Estados Unidos e Alemanha com a Royal Philharmonic Orchestra), além de Roberto Carnevale, John Nelson, Seiji Ozawa e Isaac Karabtchevsky.

Freire fez alguns concertos em Londrina, sempre reunindo grande público. O último foi em 2019 quando fez a abertura do 39º Festival Internacional de Música de Londrina - FIML. Em 2005 também esteve na cidade, quando estreou no Teatro Marista um exemplar do piano de cauda Steinway, instrumento nobre adquirido pela Associação Artis Colegium com recursos obtidos através da Lei Rouanet (Lei Federal de Incentivo à Cultura).

Com vários álbuns lançados, Freire foi aclamado pela crítica internacional com um CD dedicado às obras de Chopin. A gravação recebeu o Diapason d’Or e um prêmio “Choc” do Monde de la Musique. Também ficou como 10.º no ranking da revista Répertoire e foi recomendado pela revista Classica.

O pianista brasileiro foi incluído pela Philips na série ''Os grandes pianistas do século XX'', que mapeou a história do piano nos últimos cem anos com uma lista de 74 nomes de diferentes gerações e nacionalidades. Num total de 200 CDs, a série é um atestado do reconhecimento internacional do artista. Ele também foi tema de documentário de João Moreira Salles.

O corpo de Nelson Freire será velado nesta terça-feira (2) no foyer do Theatro Municipal do Rio, o velório será aberto ao público das 11 às 16h, ele será sepultado no Memorial do Carmo, no Caju, na zona norte da cidade.

* A Folha 2 de amanhã (2) traz entrevista com o pianista Marco Antonio Almeida falando sobre Nelson Freire.

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