Em sua 5ª edição, o Sesc Mulheres celebrado em março, em alusão ao Dia Internacional da Mulher, trouxe sua rica e indispensável contribuição para a construção sociocultural de nosso País. O objetivo é promover e discutir o protagonismo feminino no campo das artes e da cultura por meio da realização de palestras, debates, bate-papos, oficinas e apresentações de artes cênicas e musicais.

Em diálogo com as problemáticas e questões que envolvem o mundo contemporâneo e suas produções artísticas, as abordagens giram em torno do olhar de mulheres que trabalham, vivem e fazem o setor cultural no Brasil. A programação é especialmente pensada para os clientes do Sesc e o público em geral.

O bate-papo "E Londrina, dá samba?", com a pesquisadora  formada em Ciências Sociais pela UEL, Laura Grosso, foi realizado no último domingo (9), no Sesc Londrina Cadeião Cultural. Na oportunidade, a mestre em sociologia explicou que "E Londrina, dá samba?", foi o título da matéria do jornal Folha de Londrina em 1976 e sua pesquisa apura que mesmo Londrina tendo um amplo e rico histórico de desfiles de escolas de samba, pelo menos de 1960 a 2013,  quase não existem informações públicas sobre esse percurso.

"Encontramos na realização de uma pesquisa documental no NDPH (Núcleo de Documentação e Pesquisa Histórica - UEL) jornais da Folha e nas memórias dos interlocutores, através de entrevistas, 58 anos de histórico de escolas de samba em uma cidade em que os eventos sociais do município, no período, eram praticamente restritos aos clubes privativos os quais, naquele momento, implicitamente não permitiam a entrada de pessoas negras". Relata ainda que, ao longo deste período, contabilizam-se pelo menos 22 escolas de samba existentes. "Vislumbramos também quatro gerações diferentes que transformaram o desfile de escolas de samba no maior carnaval da cidade. As escolas foram construídas majoritariamente nas regiões periféricas da cidade e mantidas pela população negra e pobre, sem restringir a participação de outros grupos".

Ao final da pesquisa, Grosso aponta que, mais tarde, "os sujeitos que usualmente apareciam ou em notícias de violência ou no futebol, passaram a ocupar páginas do jornal, para falar sobre suas iniciativas, fazerem suas reclamações e ainda se diferenciarem entre si. Afora isso, convém reiterar que samba, com essa nomeação, só chega em Londrina e passa a ser reconhecido enquanto existente no território, a partir da prática das escolas de samba. É essa história que gostaríamos de partilhar e narrar", ratifica.

O Sesc Mulheres no Cadeião continua até o próxima sexta-feira (14), sendo que algumas exposições que integram o evento permanecem abertas ao público até o final do mês.