Espetáculo "De uma a outra": nos bastidores, todo tipo de dificuldade deve ser superada numa transmissão on-line
Espetáculo "De uma a outra": nos bastidores, todo tipo de dificuldade deve ser superada numa transmissão on-line | Foto: Luciano Galbiati/ Divulgação

A transmissão de espetáculos pela internet teve seu boom no início da pandemia. E apesar de passar por um período de saturação, as apresentações artísticas por streaming continua sendo uma das poucas alternativas de programa cultural no Brasil durante o período de isolamento social. O que muitas vezes o público não imagina são as situações inusitadas que acontecem nos bastidores do formato on-line e que, na maioria das vezes, não chega ao conhecimento dos espectadores. Nas últimas semanas, atores, diretores e produtores de dez grupos teatrais de Londrina que participaram da Ocupação Usina Cultural viveram a experiência inédita de participar do primeiro festival da cidade transmitido em tempo real.

Todos os espetáculos da Ocupação Usina Cultural, evento que teve patrocínio do Promic (Programa Municipal de Incentivo à Cultura) haviam sido planejados antes da pandemia e precisaram sofrer readequações. “Tivemos que nos adaptar para o formato on-line, mas não queríamos produzir vídeos e editá-los para transmiti-los em qualquer horário. Então a gente optou por fazer a transmissão em tempo real, ou seja, levar ao público as apresentações no momento em que elas aconteciam no palco. E isso exigiu um uma série de adaptações, tanto dos atores quanto dos diretores e da equipe técnica”, esclarece Eddie Mansan, diretor da Usina Cultural.

Segundo ele, a falta de interatividade dos atores com o público foi o maior desafio enfrentado durante o festival. “Todo os grupos estavam muito animados pelo fato de poder voltar a ensaiar e atuar no palco, mas com muito receio de fazer apresentações sem a plateia. Além disso, tivemos que criar uma série de adaptações técnicas para tentar despertar pela tela sensações parecidas com as que as público teria se estivesse assistindo os atores ao vivo em cena”, destaca.

“Para nós, atores, o frio na barriga aumenta muito quando as apresentações acontecem no formato on-line. Isso porque não sabemos quem está assistindo, se a internet do público está ou não travando, se estamos conseguindo passar a mensagem da forma como havíamos planejado no palco. Enfim, é uma experiência muito nova”, destaca a atriz e diretora Camila Fontes ao ressaltar que a interação com a plateia acabou sendo substituída pela presença da equipe técnica que atuou no festival. “Nosso público acaba sendo quem está atrás das câmeras, dos microfones e da iluminação”, diz.

Cena de "Psicose 2": em apresentações pela internet é preciso calcular riscos como molhar o equipamento, se a atriz balançar os cabelos úmidos, ou onde pendurar o microfone se alguém do elenco estiver nu
Cena de "Psicose 2": em apresentações pela internet é preciso calcular riscos como molhar o equipamento, se a atriz balançar os cabelos úmidos, ou onde pendurar o microfone se alguém do elenco estiver nu | Foto: Luciano Galbiati/ Divulgação

Músico, produtor musical, técnico de gravação de áudio e vídeo e diretor do Fábrika Estúdio e Produtora, Luciano Galbiati afirma que nas transmissões on-line a equipe técnica acaba atuando como uma ponte entre o público e o artista. “Além de conhecimento técnico é preciso ter sensibilidade artística para identificar as intenções dos diretores e atores e realizar todas as adaptações necessárias para que as transmissões sejam fidedignas ao que está sendo apresentado no palco”, ressalta.

Galbiati diz que a sinergia entre a produção artística e a equipe técnica começa a ser estabelecida a partir de uma conversa prévia com atores e diretores. “A partir daí a gente sugere algumas adaptações que pode incluir mudanças de cenário e intensificação ou diminuição de luz e som. Durante a Ocupação Usina Cultural, por exemplo, enfrentamos vários desafios, como o caso de uma peça em que a atriz aparecia nua e não tinha onde pendurar o microfone. A solução que encontramos foi espalhar microfones por todo o espaço onde ela atuava. Em outro espetáculo, a atriz mexia com água e o cabelo molhado dela poderia danificar os equipamentos de som. Neste caso, pedimos que ela balançasse menos a cabeça durante a encenação e substituímos rapidamente os microfones molhados para evitar danos. Os desafios são enormes, mas com algumas adaptações conseguimos superá-los. E o resultado acaba surpreendendo positivamente tanto para os artistas quanto para o público”, diz o técnico e produtor.

A equipe técnica responsável pelas transmissões da Ocupação Usina Cultural contou ainda com o trabalho de Maurício Marques, iluminador cênico e diretor da empresa Luz & Arte, e de Sara Delallo, produtora musical e técnica de áudio da empresa Áudio Sonora.

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