Peças estão catalogadas mas sem conservação
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quinta-feira, 03 de fevereiro de 2000
Peças estão
catalogadas mas
sem conservação
De CuritibaA pedido da família Carneiro, o Iphan, a Secretaria de Estado da Cultura e a Fundação Cultural cederam, no final do ano passado, técnicos para a catalogação das peças, que estão no museu. Esse trabalho, minucioso - com ficha descritiva e fotografia digital de cada objeto - levou mais de cinco meses para ser executado. Seis técnicos do Iphan, três da Secretaria de Estado da Cultura, um da Fundação Cultural e quatro da Casa da Memória, catalogaram 1.877 peças.
Segundo o diretor da 10ª Superintendência Regional do Iphan, em Curitiba, José La Pastina, a maior preocupação é com o estado das peças. Fizemos um trabalho emergencial de salvamento do acervo referente ao Paraná. Agora, queremos fazer o mesmo trabalho com as peças que estão depositadas no Iphan, afirma. Lá estão 1.800 lotes. O Iphan é o fiel depositário mas as peças não foram descritas nem receberam qualquer tratamento. Temo que, ao abrir as caixas, encontre peças raríssimas em mau estado de conservação, lamenta.
Na avaliação do diretor, a pinacoteca - com quadros do pintor De Bonna, aquarelas de John Eliot e de Debret - tem grande valor. O Museu Histórico Nacional, no Rio de Janeiro, já demonstrou interesse pelos quadros e pela armaria. Do Império há uniformes, espadas, louças e muitos quadros. Da Revolução Federalista, desde canhões, objetos usados pelos soldados, louças e relíquias, móveis e objetos pessoais. Uma reprodução aquarelada do pintor Debret com a vista de Porto Alegre, mas polemicamente registrada como sendo de Paranaguá, tem o original no Museu Castro Maia, no Rio de Janeiro. Vistas de Curitiba datadas de 1855, além de quadros de Arthur Nisio, compõem uma importante e rara coleção, reconhece La Pastina.
Talvez ainda haja tempo de restaurar este acervo que o professor David Carneiro levou a vida inteira, pesquisando, colecionando, mantendo e mostrando aos visitantes. É sem dúvida alguma, o maior registro histórico que temos no Paraná. Mas, infelizmente, falta vontade política. Não consigo entender por que nem o governo estadual, nem o municipal ainda não tomaram providências no sentido de recolocar este acervo em exposição pública, questiona.
O Iphan deve liberar em alguns dias as peças que não são tombadas para que a família possa vendê-las. Alguma coisa, como o pelourinho de Paranaguá e o marco zero da Estrada de Ferro já foram doadas pela família. Mas nós não fomos informados sobre o que foi feito dessas peças. Entregamos e a Prefeitura de Paranaguá ficou de colocá-las num local público, esclarece Heloisa Carneiro, neta do historiador. As peças tombadas poderão, ainda, ser alvo de outro leilão. Não é interessante para ninguém manter essas peças num depósito por tempo indeterminado.