Parque de Ibiporã recebe obras de grandes artistas
Esculturas de Yutaka Toyota e Claudio Tozzi integram o acervo a céu aberto do Parque Geminiani Momesso com inauguração neste sábado (28)
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sexta-feira, 27 de outubro de 2023
Esculturas de Yutaka Toyota e Claudio Tozzi integram o acervo a céu aberto do Parque Geminiani Momesso com inauguração neste sábado (28)
Walkiria Vieira
O Parque Geminiani Momesso, localizado em Ibiporã, terá duas inaugurações neste sábado (28) com a apresentação das obras "Espaço Arco-Íris", obra de Yutaka Toyota, e uma escultura do artista plástico Claudio Tozzi para o público. A programação é das 10 às 17 horas.
O evento de inauguração contará com cerimônia oficial com a presença do colecionador Orandi Momesso, dos artistas plásticos Yutaka Toyota e Claudio Tozzi; de autoridades como o embaixador do Brasil no Japão, Octavio Henrique Garcia Cortes; o consul Geral do Japão em São Paulo, Ryosuke Kuwana; o governador do Estado do Paraná, Carlos Roberto Massa Junior; o prefeito de Ibiporã, José Maria Ferreira, e representantes do Ministério das Relações Exteriores e do Itamaraty.
A 25 km de Londrina, o parque é considerado um paraíso ecológico formado por uma área 1.355 milhão metros quadrados, dos quais 121 mil são de mata virgem que encontram o Rio Tibagi, um dos mais importantes da região. A área foi doada por Orandi Momesso e está sendo paulatinamente transformada no centro cultural com o projeto do importante paisagista Rodolfo Geiser.
Dividido em pavilhões, projetados pelo escritório Reinach Mendonça, para abrigar diferentes segmentos e artistas. Entre os espaços confirmados estão os destinados para urnas funerárias pré-cabralinas, objetos de engenho, arte popular, sacra, de povos originários, mobiliário, carrancas, para obras do escultor Angelo Venosa e um local para exposições temporárias que leva o nome e homenageia o pintor Raphael Galvez.
A obra “Espaço Arco-Íris”, de Yutaka Toyota, é uma escultura de 10 metros e celebra a união entre Brasil e Japão. A proposta é fortalecer a posição do Paraná no roteiro cultural e artístico brasileiro O artista nipo-brasileiro criou a obra para a comemoração do Centenário do Tratado de Amizade, Comércio e Navegação Brasil-Japão. O monumento alusivo a um arco-íris foi concebido para ser composto por duas partes iguais: uma foi implementada em 1995 na cidade de Yokohama e agora, 28 anos depois, a peça complementar é instalada no novo museu a céu aberto.
A escultura remete à história destes países com trajetórias marcadas pela imigração e intercâmbio cultural. A escolha da peça também busca valorizar o Brasil como país que acolhe a maior população nipônica fora do Japão e o estado do Paraná como segunda maior colônia japonesa em solo brasileiro. Toyota também desenvolverá para o Parque uma nova versão da obra “Espaço Vibração 2000”, que foi comissionada para a exposição coletiva “O Bardi dos Artistas”, realizada para homenagear Pietro Maria Bardi, e doada para Pinacoteca de São Paulo.
ESCULTURA DE CLÁUDIO TOZZI
Integrada ao ambiente, a escultura do artista plástico Claudio Tozzi tem aproximadamente seis metros de altura. A obra é executada em tesselas de vidro aplicadas sobre uma base de alvenaria estrutural. A solução cromática foi elaborada com o uso de várias tonalidades da mesma cor resultando em uma vibração cromática, acentuando os reflexos de cada tom. A soma ótica de cada cor possibilitará uma relação de brilhos e reflexos que encantam o espectador.
Para Tozzi, as artes plásticas percorrem um caminho de recuperação da superfície que a contém e sua existência transcende a representação e se funde ao meio circundante tornando-se “massas de cor”, “pinturas objeto”, “land art”, “performances”, “instalações” e se tornam linguagens que se integram e se fundem com a arquitetura, com o ambiente, com a cidade, com a paisagem urbana e com a natureza. Neste caso, um respeitável parque com 1.355 milhão metros quadrados.
Na trajetória de Tozzi, são inúmeras as experiências de caráter ambiental,
com intervenções sobre a complexidade do espaço realizadas por artistas, tendo como proposta redesenhar os espaços em sua entidade física e metafórica no âmbito das linguagens contemporâneas.
Antes de embarcar para Londrina, Tozzi concedeu entrevista por telefone à FOLHA de Londrina e expressou a sua satisfação por integrar esse projeto. "Estou muito feliz porque Londrina tem uma relação com a arte graças a suas galerias e ao Museu de Arte. Esse espaço, por sua vez, amplia essa convivência podendo fazer desta atração um polo turístico para a arte", considera.
Para o público em geral e para estudantes de Artes, Arquitetura e Urbanismo, por exemplo, reconhece que será uma oportunidade para que visualizem melhor os artistas, seus conceitos e referências. "Essa é uma das possiblidades a céu aberto de um parque com uma estrutura de convivência com restaurantes e outros equipamentos onde as famílias passem o dia com as crianças tendo seu primeiro contato com a arte e suas dimensões", pensa. Tozzi parabeniza também o pioneirismo do projeto. "Uma alternativa diferente de um espaço tradicional como os museus e galerias e que pode vir a se tornar uma referência em todo Brasil, como o Parque Inhotim, em Brumadinho, Minas Gerais", cita.
PAISAGISMO
Empresário, colecionador e incentivador das artes, Orandi Momesso, fundou o Parque Geminiani Momesso e a organização sem fins lucrativos Instituto Luciano Momesso, que tem a responsabilidade de administrar o museu a céu aberto. Construída ao longo de cinco décadas, a Coleção Orandi Momesso é um importante acervo de arte brasileira, reunindo cerca de 5 mil obras, relevantes trabalhos de uma grande diversidade de artistas, em praticamente todos os períodos da arte brasileira, incluindo clássicos, pré-modernos, modernistas e contemporâneos. Frequentemente, trabalhos integrantes desse conjunto são doados para integrar o acervo de instituições brasileiras, como o MASP, a Pinacoteca do Estado de São Paulo e MAM.
O projeto do escritório Rodolfo Geiser Paisagismo e Meio Ambiente tornou possível regenerar e preservar a flora, o solo e a água da região escolhida para receber o Parque Geminiani Momesso. Com mais de cem mil plantios já realizados, sendo a maioria de árvores, a proposta abraçou a vegetação típica de Mata Atlântica valorizando dezenas de espécies nativas e agregando poucos exemplares de outros biomas brasileiros e exóticos de outros países para criar um visual exuberante e marcante.
A concepção eleva a experiência do público ao proporcionar um ambiente de relacionamento entre arte e natureza. Os maciços arbóreos abrigam surpresas visuais ao longo do trajeto e recebem, em seus intervalos, esculturas em grandes dimensões e pavilhões expositivos. Geiser destaca as experiências sensoriais vivenciadas no Parque: “O olfato, o tacto, a audição, a contemplação e o paladar. A beleza visual, o aroma das flores e dos frutos, as diferentes condições climáticas, o toque das plantas e a percepção de suas nuances de textura, a ação do vento sobre a vegetação e até o sabor de frutas silvestres”.
Pelo caminho o visitante também passará por decks de madeira, pontes e mirantes que foram pensados para proporcionar a fruição entre a paisagem, as esculturas e os pavilhões. Assim, a hidrografia e o relevo do museu a céu aberto também foram enaltecidos ao mesmo tempo que direcionam o público para momentos de apreciação da arte.