Um dos nomes mais atuantes da cultura brasileira nas últimas décadas, a paranaense Lucia Camargo faleceu na última segunda-feira (20). Ex-secretária de Cultura do Paraná, ela faleceu na capital paulistana, aos 76 anos, vítima de complicações de um AVC (Acidente Vascular Cerebral). Artistas e produtores culturais lamentaram a morte da gestora que dirigiu importantes espaços artísticos do país, entre eles o Teatro Guaíra, em Curitiba, e o Theatro Municipal de São Paulo.

Ao longo de sua trajetória, Lucia Maria Glück Camargo esteve profundamente envolvida com a arte. Formou-se em Jornalismo e Pedagogia. Cursou especialização em Produção para Televisão Educativa e era mestra em História. Além de atuar como professora universitária na Universidade Federal do Paraná (UFPR) e na PUC-Paraná. Na capital paranaense, compôs o conselho de arte, foi diretora da Fundação Teatro Guaíra e dirigiu e presidiu a Fundação Cultural de Curitiba. Também trabalhou como diretora do escritório sulista da Funarte e como secretária de Cultura do Paraná, cargo para o qual foi nomeada em 1999, na gestão do governador Jaime Lerner.

Durante o período em que morou em Minas Gerais, foi diretora presidente do Instituto Cultural Orquestra Sinfônica, presidente da Fundação Clóvis Salgado e diretora do Centro de Referência Audiovisual da Fundação Municipal de Cultura de Belo Horizonte.

Radicada em São Paulo nas últimas décadas, atuou como diretora da Divisão de Teatro da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo, no início dos anos 1990. Trabalhou como diretora artística e técnica do Theatro Municipal entre os anos 2001 e 2004. Em 2011, passou a integrar a equipe da SP Escola de Teatro, onde criou projetos de formação abertos à comunidade. Em 2016, assumiu o cargo de secretária adjunta de Cultura de São Paulo, na pasta comandada por José Roberto Sadek, função que exerceu durante dois anos. Foi uma das responsáveis pela pela programação do Teatro Sergio Cardoso e jurada do Prêmio Shell de Teatro em São Paulo.

Morte de Lucia Camargo comoveu artistas e produtores culturais que lembraram de seu legado
Morte de Lucia Camargo comoveu artistas e produtores culturais que lembraram de seu legado | Foto: Divulgação

COMOÇÃO NAS REDES SOCIAIS

A morte da paranaense causou comoção entre artistas e produtores culturais de todo o país, que manifestaram pesar

"Lucia foi uma agitadora cultural quando essa expressão nem existia. Ocupou cargos públicos com alma de artista.Ajudou seus pares em tudo que lhe era permitido. Ficou um vazio enorme. Fomentou festivais artísticos, foi curadora de salas de espetáculos, diretora de fundações culturais, educadora. Me pergunto quem hoje pode exercer tais funçõescom o coração como fazia Lucia Camargo, tão apaixonada e discretamente."

Maria Fernanda Coelho, produtora cultural

“Profissional da mais alta competência, Lucia Camargo teve um papel fundamental no cenário cultural de Curitiba e do Paraná. Presidente da Fundação Cultural de Curitiba, secretária estadual de Cultura, respeitada nacionalmente, há quase 20 anos morava em São Paulo, onde exerceu cargos de destaque. Estava ótima até sábado, quando sofreu um AVC severo. Ontem ela partiu. A ela devemos muitas homenagens”.

Jaime Lechinski, jornalista

“Foi com grande tristeza que recebemos a notícia da partida de nossa amiga, parceira e ex-curadora Lucia Camargo. A Lucia foi uma profissional brilhante que contribuiu enormemente com todas as organizações por onde passou. O Festival de Curitiba vai continuar honrando o seu legado de realizações, seguindo o seu exemplo de humildade, dignidade, caráter e poder de realização”.⠀

Leandro Knopfholz, idealizador e diretor do Festival de Teatro de Curitiba

“Lucia Camargo é uma mulher fundamental na história do teatro brasileiro, seja à frente de projetos de formação artística, na gestão de importantes instituições culturais do País e como curadora e júri de premiações e festivais. Uma pessoa inteligentíssima, atenta e dedicada à sua grande paixão, que era a arte”.

Ivam Cabral, diretor da SP Escola de Teatro e fundador da Cia. de Teatro Os Satyros

“O Brasil fica pobre culturalmente sem Lucia Camargo. Ela era figura que impunha respeito por onde quer que passasse, devido sua longa trajetória de contribuição às artes. Sua presença nas plateias era sinal de prestígio para qualquer espetáculo. E, bem antes que se falasse em mulher empoderada, foi pioneira em postos de comando da cultura brasileira”

Miguel Arcanjo Prado, jornalista, colunista crítico da APCA e criador do Prêmio Arcanjo de Cultura