Com 12 milhões de exemplares vendidos entre janeiro e março deste ano, o setor injetou cerca de R$ 544 milhões na economia do Brasil
Com 12 milhões de exemplares vendidos entre janeiro e março deste ano, o setor injetou cerca de R$ 544 milhões na economia do Brasil | Foto: iStock

A escassez de atividades de lazer durante a pandemia de Covid-19 fez com que os brasileiros se dedicassem mais à leitura durante o isolamento social.

A mudança de hábito foi constatada em um levamento realizado pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel), que apontou um aumento de 25% no volume de livros vendidos no país no primeiro trimestre de 2021 quando comparado com o mesmo período de 2020. Com 12 milhões de exemplares vendidos entre janeiro e março deste ano, o setor injetou cerca de R$ 544 milhões na economia do Brasil.

Segundo dados do Snel, o varejo on-line foi o que registrou maior volume de vendas, já que boa parte das livrarias físicas passaram uma boa parte do tempo fechada por conta das restrições impostas pela pandemia. “Realmente sentimos um aumento muito maior no volume de vendas pelo nosso e-commerce em relação às vendas nas lojas físicas. Enquanto nas lojas o movimento caiu durante a pandemia, as vendas pela internet tiveram um aumento de cerca de 30%”, afirma Marcelo Basques, gerente do Sebo Capricho, que possui duas lojas físicas em Londrina e três em Curitiba, além do web site onde são comercializados cerca de 50 mil livros novos e usados.

De acordo com Basques, além de aumento no volume de vendas também houve uma mudança nos gêneros literários mais procurados pelos londrinenses. “Geralmente, no começo do ano a gente costumava vender muitos livros técnicos e acadêmicos. Porém, com a pandemia aumentou a busca maior por livros de literatura. Entre os mais vendidos, estão títulos de autoria de Arsène Lupin, autor do livro “O Ladrão de Casaca”, que inspirou a série Lupin, da Netflix. Outra coleção campeã de vendas foi “Anne de Green Gables”, relata.

Basques conta que também aumentaram as vendas de livros infantis. “Devido ao fato de os pais terem que ajudar na alfabetização dos filhos durante a suspensão das aulas presenciais, registramos um recorde de vendas da 'Cartilha Caminho Suave'. Obras de autores mais contemporâneos também foram muito procuradas, como os livros de Ana Maria Machado, Pedro Bandeira e Tatiana Belinky. Já entre os adolescentes, a coleção “O Diário de um Banana” foi uma das mais vendidas”, detalha.

O gerente do sebo relata ainda que apesar de o público londrinense geralmente comprar mais romances e livros de literatura, durante a pandemia as publicações voltadas para o lazer tiveram recorde de vendas. “Nunca vendemos tanta revista de palavras-cruzadas e caça-palavras como estamos vendendo agora”, conclui.

“Livros têm poder curativo”

Bibliotecária e diretora do Sistema de Bibliotecas da Secretaria Municipal de Cultura de Londrina, Leda Maria Araújo incentiva o hábito da leitura sobretudo neste período de pandemia. “A leitura permite que a gente amplie nossos horizontes e promove reflexões importantes. Neste momento de medo que todos estamos vivendo, o hábito de ler pode nos tirar desta realidade e nos fazer acreditar num mundo possível, pois os livros têm poder curativo”, enfatiza.

Entre as dicas de leitura destacadas por ela estão grandes nomes da poesia. “Gosto muito de poesias, pois elas falam muito com a gente pelas entrelinhas. Neste segmento, indico os poemas de Cecília Meireles e coletâneas de poemas afro-brasileiros", recomenda.

Após permanecer vários meses fechadas por conta da pandemia, as sete bibliotecas públicas municipais de Londrina retomaram o atendimento ao público no final do ano passado. O empréstimo de livros pode ser solicitado pelo e-mail [email protected] ou pelo telefone (43) 3371-6500 de segunda a sexta-feira, das 7h30 às 18 horas. A biblioteca irá informar sobre a data possível para retirada, assim como o dia de devolução da obra.

“Antes de solicitar o empréstimo, o público pode consultar nosso catálogo on-line disponível no site da biblioteca (http://bibliotecas.londrina.pr.gov.br), onde os usuários poderão conferir a disponibilidade dos acervos. Cerca de 98% dos títulos disponíveis já se encontram no acervo on-line criado de forma pioneira em 2018”, detalha Leda. Ela informa que a rede de bibliotecas tem realizado uma média de 200 empréstimos por mês através do sistema de agendamento. “Entre os títulos mais procurados estão os livros pedidos no vestibular e clássicos da literatura brasileira e mundial.”

Crianças indicam seus títulos preferidos

Uma pesquisa realizada com 992 crianças e jovens na faixa etária de 1 a 15 anos revelou quais são os livros preferidos pelo público infanto-juvenil.

O estudo envolveu leitores de Curitiba, Cascavel, Foz do Iguaçu, Londrina e Ponta Grossa, além de Florianópolis e Joinville. "Sabíamos quais os livros mais indicados por especialistas, professores e críticos literários, mas nunca vimos uma lista de livros infantis indicados de crianças para crianças", comenta Patrícia Russo Gibran, diretora de marketing das unidades do Colégio Positivo, responsável pelo levantamento de dados.

Apenas para os alunos da Educação Infantil (crianças até 5 anos), os pais preencheram a lista dos livros preferidos. No topo do ranking, a fábula dos “Três Porquinhos”. Outros personagens entre os mais citados foram a “Turma da Mônica”, “João e o Pé de Feijão” e “Chapeuzinho Vermelho”. Entre as crianças de 5 a 7 anos, o livro preferido é "A Vaca Fotógrafa", de Adriano Messias. Na faixa de 8 a 11 anos, três coleções lideraram o ranking: “Harry Potter”, “Diário de um Banana” e "A Casa na Árvore". Best-seller mundial, a série de sete livros do bruxinho “Harry Potter” é líder isolada da preferência dos jovens de 12 a 15 anos.

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