Pagando os ‘‘bugs’’
Gastou-se mais de 300 bilhões de dólares no mundo para a prevenção dos estragos que a simples falta de dois dígitos causaria para os serviços informatizados. E ainda dizem que não houve o ‘‘bug’’. Ora, o ‘‘bug’’ é isso mesmo: por causa de uma economia, movida pela ganância e feita há alguns anos atrás, gastamos essa dinheirama espetacular. E digos gastamos porque vocês bem sabem quem vai pagar a conta da arrumação informática feita.
Mas estamos aí para pagar por qualquer ‘‘bug’’ produzido por economias feitas por tecnocratas. Cortando um númerozinho aqui e outro ali, vai-se produzindo ‘‘bugs’’ fantásticos: tem o do desemprego, da distribuição de renda, da segurança, da saúde. E por aí vai, uma lista imensa, mais numerosa que os cindo dedos da mão de qualquer candidato.
É muito ‘‘bug’’. E o governo do bipresidente Fernando Henrique Cardoso ainda produziu mais um inesperado: o ‘‘bug’’ da democracia, aquele que deu no Rio de Janeiro no revéillon presidencial, quando soldados do exército resolveram mostrar sua coragem guerreira espancando jornalistas armados de máquinas fotográficas.
Mas tem muito mais ‘‘bug’’ por aí, apesar da mídia estar alardeando que deu ‘‘bug’’ no ‘‘bug’’. Vamos conhecer alguns especiais que andam grudados no pé de gente conhecida nossa.
OS ‘‘BUGS’’ DE CADA UM
Ana Maria Braga Ela tem o Chaves, um ‘‘bug’’ do SBT que prejudica bastante o funcionamento de seu programa. Apesar dos ‘‘milhares’’ de e-mails que diz receber, sua audiência anda baixa. Ela não contava com a astúcia do Chapolin, que anda papando seu Ibope.
FHC Nem precisa dizer, né gente? É um ‘‘bug’’ da Bahia: arretado, apimentado e bem malvado.
Real Está pererecando com seu ‘‘bug’’ de sempre, o dólar. Mas alguns também acham que o problema sério mesmo é o ‘‘bug’’ que dirige o ministério da Fazenda.
Rede Globo Tem ‘‘bugs’’ espalhados por todas as emissoras concorrentes que sempre estão causando sérios danos ao seu plim-plim. Até que ela contrata esse ‘‘bug’’.
MPB O ‘‘bug’’ é o acústico ao vivo, mania nacional da tal Música Popular Brasileira. O ‘‘bug’’ é na hora de ouvir: eles se esquecem que o que é ruim em estúdio fica pior ao vivo. E sem o talento da mesa de som, sempre dá ‘‘bug’’.
Revistas Brasileiras A falta de talento – e de assunto – causa ‘‘bugs’’ todas semanas. E ‘‘bug’’ de capa. Atendem por vários nomes, mas os mais frequentes são Galisteu, Angélica, Xuxa, Matteo, Giovanna...
Tenho sentido falta nestas retrospectivas do Milênio de alguns imperadores romanos. Nero, por exemplo, que reinou ali por volta de 60 depois de Cristo.
Louco, incendiou Roma e matou mandou matar a própria mãe. Gastador incontrolado, torrou o tesouro de seu império. Para ele não tinha terceira via, era direto: chegou até a mandar matar a própria mãe. Faria bonito entre os estadistas de hoje.
Tinha também Calígula, outro ser enlouquecido que governou um pouco antes de Nero. Chegou a nomear seu cavalo, Incitatus, para o senado. E não se pode dizer que foi um erro. O nobre equino foi um dos parlamentares mais fiéis de sua base parlamentar – era habilidoso, inclusive, nas patadas. Calígula, que também era um gastador, neste caso revelou-se bom administrador: os votos saiam baratos, à base de feno. Um voto para a reeleição, seu houvesse, saia por uma merreca: uns poucos quilos de aveia. Baratinho mesmo.
Para mim é o político do Milênio. Não o Nero ou o Calígula, mas o Incitatus.
AVANÇA, BRASIL!
Tim, tim para os tucanos, temos mais uma década perdida. À década perdida de 80 acrescenta-se agora a de 90. Com uma qualidade especial: esta segunda é 60% feita pelos tucanos.
Brasil 500 anos. Como dizia o primeiro português que pisou por aqui: um dia vamos rir de tudo isso.
1 Seguindo o exemplo de Bill Clinton, o bipresidente Fernando Henrique Cardoso sobrevoou a região do Vale da Ribeira para ver os estragos provocados pelas enchentes.
Para ajudar os marqueteiros de FHC – e comprovando mais uma vez que não sou um fracassomaníaco – sugiro que o presidente sobrevoe também a região do ABC paulista e outras áreas industriais de todo o país. Faça chuva ou faça sol, e este pode ser até de rachar mamona. É para ver os estragos provocados por sua política econômica.
Vai ser um agito aéreo legal, com muito espaço na imprensa.
2 Chato quando está alegre acaba soltando rojão para avisar todo mundo. Por isso é que especialistas – chatólogos – no assunto recomendam nunca dar motivos para para a alegria do chato. É que pode ficar muito chato.
3 O Ibope de Ana Maria Braga caindo pelas tabelas: já anda perdendo para o Chaves. Desesperado, Carlos Heitor Cony – que junto com o Louro José anima as tardes da loura que tem o estranho hábito de comer debaixo da mesa – pensa em entrar para a Academia Brasileira de Letras.
3 FHC promete fazer neste segundo mandato tudo que não fez no primeiro, Isto é: tudo.
Para baixo todo santo ajuda. Mas para cima só com o apoio do PFL.
‘‘Chuvas causam desastres e mortes.’’ Parece notícia velha, do ano passado.
‘‘Autoridades colocam culpa nas chuvas.’’ Jornal mais antigo ainda. Do ano retrasado.

Se esse negócio de vidas passadas for mesmo para valer, coitadas das pessoas que lá no futuro estão sofrendo sendo a gente agora no Brasil.
Sejamos otimistas: com a polícia envolvida em tantos crimes, ficou muito mais fácil o trabalho de se infiltrar no meio da bandidagem.

Beleza não põe mesa, mas compra cada apartamento de cobertura.
O Ministério da Saúde adverte: o Ministério da Fazenda faz mal para a sua saúde.

Quando você ouvir um tecnocrata empregando muito o verbo ‘‘otimizar’’ pode acreditar que se algo vai ficar ótimo será sempre para ele.
O crime no Brasil anda tão bem organizado que pode faltar genérico nas farmácia, mas não faltará genérico falso de remédio falso.
Como justificativa para sair de um partido como o PMDB o governador Itamar Franco pode muito bem alegar legítima defesa.
CURIOSIDADE
No Brasil qualquer composição feita em estilo blues torna-se imediatamente música de humor, mesmo que o tema escolhido pelo compositor seja bem doloroso. Certos especialistas apontam como causas do fantástico fenômeno de transmutação a proliferação de ‘‘Oh-Yeah’’ totalmente sem sentido nos blues brasileiros ou mesmo a ausência de gargantas temperadas durante anos com uísque vagabundo – a exemplo dos negros norte-americanos, criadores do blues – para roufenhar com paixão as dolentes composições que são a marca do blues.
Eu sabia que a Justiça era cega, mas não desconfiava que ela gastava tanto.
Agora estou sentindo que a coisa vai: depois de cinco anos sendo acusado de indeciso, o bipresidente veio a público e deu uma resposta dura a seus críticos.
Um dos ‘‘Beatles’’ esfaqueado por um fã inglês. É nessa hora que a gente tem que aplaudir os fãs brasileiros que no máximo fazem um filho.
FHC, autor do imposto sobre grande fortunas, antes de ficar amigo dos ricos.

Agora, quebrando o protocolo a segurança presidencial desce o cacete em jornalistas.
O Ibope de Ana Maria Braga caindo pelas tabelas: já anda perdendo para o Chaves. Desesperado, Carlos Heitor Cony que – junto ao o Louro José anima as tardes da loura que tem o estranho hábito de comer debaixo da mesa –, pensa em entrar para a Academia Brasileira de Letras.
Existem aqueles que escrevem para a posteridade e aqueles que dizem governar para a posteridade.
Notícias vindas de Brasília garantem que o mundo não acabou. Mas, se isso tivesse acontecido, o Banco central estava preparado para a defesa do real.
INFORMAÇÃO
A interjeição ‘‘hein’’, muito usada no lugar de ‘‘sim’’ ou de ‘‘não’’ – por exemplo, no elogio a alguém: ‘‘Mas esse Tom Jobim é um grande compositor, hein?’’ – é a única palavra da língua portuguesa que tem o ‘‘n’’ no final. Outro dado interessante é que no dicionário Michaelis ela está grafada com o acento de exclamação o que para mim é um erro, pois frequentemente ‘‘hein’’ é usado com a interrogação.
Não é uma grande informação, caro leitor e cara leitora, mas é muito interessante, hein?
Na América Latina, militares em tempo de paz costumam não dar paz aos civis.
Não tenho tudo que quero e o governo de renda ainda me leva quase 30% todo mês.
Rico ri à toa. E o advogado do rico mais ainda.
Com o telefone do suposto ‘‘Beira-Mar’’, a CPI do Narcotráfico inaugurou o depoimento virtual. O único problema é em caso de dar voz de prisão. Ficará mesmo só na voz.
Não tem erro: governo que faz pouco acaba sempre mexendo no que já está dando certo. O ministro do Turismo, Rafael Greca, quer mudar o calendário de férias escolares e com isso pretende ampliar o fluxo de turismo interno.
Bingo! Mas eu acho que o fato de os pais estarem viajando pouco com a criançada é um assunto para o ministro da Fazenda. O problema não é com a data, é com o bolso.

E o tão esperado ano 2000 chegou. Mas as boas entradas estão nas mãos de cambistas.