Osuel: 40 anos de música com homenagem ao café

A Orquestra Sinfônica da UEL (Osuel) - a primeira do Paraná nesta modalidade - dá início à programação de concertos que comemoram seus 40 anos às 20h30 desta quinta-feira (14), no Cine Teatro Ouro Verde. O concerto de abertura chega com uma dobradinha e o público poderá assistir à apresentação também na sexta-feira (15), no mesmo horário.

A data reservada para o lançamento oficial guarda um motivo nobre: foi em 14 de março de 1984 que a orquestra foi criada, na gestão do Reitor Marco Antonio Fiori. E neste ano, a composição artística alcança o marco de 40 anos de trajetória de musicalidade atravessando diferentes gerações e uma evolução para alcançar, cada vez mais, o público. A ocasião é especial também para a cidade de Londrina, que completa, em dezembro, 90 anos de emancipação política.

RICA HISTÓRIA CAFEEIRA

A temporada 2024 se estenderá até dezembro e terá séries dedicadas a diferentes tipos de café (Arábica, Bourbon, Catuaí e Conilon). Ao todo, serão 24 concertos com composições dos mestres da música clássica. Na abertura, serão executadas obras de Mozart, Prokofiev e Brahms, com referência ao café tipo Arábica.

Nesse período, haverá a reunião de convidados em torno das obras de compositores clássicos e da Música Popular Brasileira (MPB), caso do grupo mineiro e mundialmente aclamado Clube da Esquina que também deverá constar na programação.

Os concertos desta semana contarão com a participação do pianista convidado Cristian Budu e será regido pelo diretor artístico e regente titular Osuel, Rossini Parucci. O titular ressalta o quão significativo é esse momento, pois é a primeira vez que é apresentada uma temporada anual.

Considerado pela revista Gramophone como “um pianista original, com maturidade e compreensão musicais de causar admiração em colegas com o dobro de sua idade”, Budu é formado em música pela Universidade de São Paulo (USP) e estudou no Conservatório de Música da Nova Inglaterra, em Boston (EUA).

Em 2016, foi reconhecido pelo Guia Folha, do jornal Folha de S.Paulo, com o prêmio de "melhor concerto do ano."

As quatro séries temáticas, com nomes de variedades de café, representam um resgate da rica história cafeeira da região e diversificam o repertório, de acordo com as características de aroma e sabor de cada um dos tipos.

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FORMAÇÃO DE PÚBLICO

Além destas quatro séries, haverá a série Música de Câmara. "Ao longo da temporada, ofereceremos não apenas as séries da Temporada Ouro Verde, mas também três séries educacionais, voltadas para a formação de público, que são as séries Concertos nas Igrejas, Música no Campus e Concertos Didáticos", diz o maestro Rossini Parucci.

Grato pelo apoio constante do público fiel, Parucci entende que o lançamento de uma temporada anual de concertos só é possível graças ao apoio e entusiasmo da comunidade. "Estou radiante com a realização deste projeto e mal posso esperar para compartilhar momentos inesquecíveis de música", alegra-se.

No plano, estão incluídas parcerias que irão fomentar apresentações nos bairros e distritos rurais, além dos já conhecidos Concertos Didáticos com alunos da Rede Municipal de Ensino de Londrina. Também são desejos do maestro realizar ensaios abertos à comunidade, além de concertos que irão homenagear grandes compositores de trilhas sonoras do cinema. Para isso, diálogos e parcerias já estão sendo alinhadas.

UM LONDRINENSE NA REGÊNCIA

Em 2023, Parucci aceitou o desafio de retornar à sua cidade natal para comandar a mais antiga orquestra sinfônica do Paraná. Rossini vai iniciar essa jornada pela programação alusiva ao aniversário de 40 anos da orquestra, fundada em 14 de março de 1984 por Othônio Benvenuto, falecido em 2021, de quem, inclusive, foi aluno.

Satisfeito pelo posto, recorda que a Osuel lhe abriu as portas para a música de concerto no início de sua carreira. "Eu me sinto muito honrado em ter sido escolhido pela orquestra, ciente da responsabilidade e dos grandes desafios que teremos pela frente".

O regente confirma que sua missão é a de aprimorar a administração da orquestra nos próximos anos. “O nosso objetivo é o de reestruturar o modelo de gestão da orquestra nos moldes das grandes orquestras do País".

Entre os exemplos, cita o modelo de gestão em vigor na Orquestra Filarmônica de Minas Gerais. "Orquestra da qual faço parte como contrabaixista e atuo como regente convidado, e que oferece possibilidades de desenvolvimento tanto na estrutura administrativa quanto artística”, destaca.

Como regente, já esteve à frente do Madrigal de Londrina, Coral Viva Voz, All Saints Chamber Choir - Phoenix, Orquestra de Câmara Solistas de Londrina, Orquestra de Câmara Vivace, Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, Orquesta de Cámara de la Universidad Mayor, no Chile, e a Orquestra Sesiminas Musicoop.

UMA HISTÓRIA MUSICAL

A Osuel é formada por músicos profissionais - hoje 40, contratados mediante concurso público e com a incumbência de realizar este trabalho que coube, inicialmente, ao Maestro Othônio Benvenuto. Foi ele que já em 1978 realizava as primeiras experiências com um pequeno grupamento instrumental intitulado “Conjunto Música”. Benvenuto fez o seu último movimento, aos 95 anos, quando faleceu, longe da Osuel desde 2002, e residia em Gurupi, no Tocantins.

Na sequência ao trabalho pioneiro de Benvenuto, a OSUEL foi dirigida pelos maestros: José Gramani, Cláudia Feres, Norton Morozowicz, Evgueni Ratchev, Wagner Polistchuk, Martin Tuksa, Henrique Vieira, a cubana Elena Herrera, Maurizio Colasanti, Alessandro Sangiorgi e atualmente, por Rossini Parucci.

Suas atividades incluem regularmente a série de concertos oficiais denominada “Temporada Ouro Verde” e são reconhecidas por oferecer ao público o privilégio da escuta de obras do repertório sinfônico dos mais importantes compositores da música erudita internacional e brasileira.

Em sua trajetória, sempre contou com a participação de renomados solistas e regentes convidados, além de ter como solistas, músicos da própria orquestra. Desenvolve também, o projeto educacional “Concertos Didáticos” que, através de aulas-concertos, contribui para a formação cultural de estudantes da rede pública de ensino despertando-lhes o interesse pela música de concerto, além de estimular a formação de novos públicos.

Com dois CDs gravados, também é evidente o seu relevante papel na sociedade local e regional, participando dos mais importantes eventos culturais e artísticos do estado. Em 2003, recebeu a “Comenda Ouro Verde” - uma das mais importantes honrarias concedidas pela Câmara Municipal de Londrina a entidades que se destacam em diferentes áreas do conhecimento e contribuem para o bem-estar da comunidade londrinense.

O MAIS ANTIGO DA TURMA

O londrinense Galeno Brasil Pires Gonçalves é um dos mais antigos músicos da orquestra, seguido da violista Maria Aparecida de Miranda. Sua relação data de 1977, quando começou a frequentar aulas de flauta doce na Casa de Cultura da UEL, nascida como Coordenadoria de Assuntos Culturais seis anos antes. Lá, Galeno conheceu Othônio Benvenuto, regente do Coro UEL na época e criador do Conjunto Música, embrião do que seria a Osuel.

Entre tantas vivências, participou do plantio da 42ª Peroba Rosa, em comemoração ao aniversário de 42 anos da UEL, em 2013. Hoje, aos 61 anos, relata que seguiu os passos de sua professora de flauta doce e integrou o pequeno conjunto musical, cresceu atuando junto ao coral da Universidade em apresentações institucionais na cidade. O resultado desta união foi a criação da Orquestra Sinfônica da UEL, em 1984. Com fôlego, o músico ostenta com orgulho o oboé – hoje, seu instrumento principal, junto do corne-inglês, ambos instrumentos de sopro.

* Com informações de O Perobal

SERVIÇO

Concerto da Orquestra Sinfônica da UEL - Série Arábica

Quando: quinta (14) e sexta (15), às 20h30

Onde: Cine Teatro Universitário Ouro Verde - Rua Maranhão, 85

Ingressos no site da Osuel