Quando D'Artagnan – a caminho de Paris é dado como morto após escaramuça em uma estalagem – recobra a consciência e literalmente brota da terra após ser enterrado na floresta, o diretor Martin Bourboulon e a dupla de roteiristas Matthieu Delaporte - Alexandre de la Patellière dão início da forma clara e convincente a mais uma versão cinematográfica de uma das mais arrebatadoras realizacões da literatura mundial: “Os Três Mosqueteiros: D'Artagnan” , a primeira parte de um díptico extraído do famosíssimo romance de Alexandre Dumas (publicado em 1844). Trata-se de reviver este clássico preservando e estimulando o coração (ação constante, duelos, cavalgadas, amizade dos mosqueteiros da guarda do Rei Luis XIII, delitos da organização criminosa cardeal Richelieu, etc.), sem estritamente respeitar os ingredientes da obra original.

Uma revisitação-modernização que desde o inicio deste mês vem se revelando às plateias europeias (França, Bélgica, Itália, Alemanha, República Checa, Áustria e Espanha, e agora tambem no México e America do Sul: Argentina, Brasil, Peru, Colômbia, Bolívia, Chile, Uruguai). Uma vasta campanha de lançamento que marca uma nova etapa na estratégia de produção da francesa Pathé, destinada a dar forma a obras espetaculares para o grande público sobre o património cultural e histórico francês (o Conde de Monte-Cristo e um díptico sobre Charles De Gaulle).

Os puristas das letras de Dumas poderão se divertir, detectando as variações em relação ao original, mas a base da história (já várias vezes levada à tela grande e um romance arquiconhecido em todo o mundo) obviamente continua a mesma. O jovem Gascon D'Artagnan (François Civil) sai da Gasconha e vai para Paris com o objetivo de se tornar mosqueteiro da guarda do Rei Luís XIII, interpretado por Louis Garrel. Ao longo do caminho, ele acidentalmente interfere em uma trama arquitetada pelo Cardeal Richelieu (Éric Ruf) e sua cumplice Milady (Eva Green) para desacreditar a Rainha (Vicky Krieps), que se apaixonou secretamente pelo Duque de Buckingham (Oliver Jackson- Coen). D'Artagnan conhece então os mosqueteiros Athos (Vincent Cassel), Porthos (Pio Marmaï) e Aramis (Romain Duris), e desafia a todos para um duelo antes de encontrarem um inimigo comum: os guardas do Cardeal. "Um por todos, todos por um": a aventura começa e continuará em ritmo frenético, com as inevitáveis voltas e reviravoltas temperadas com um pouco de amor como bônus (com Constance Bonacieux interpretada por Lyna Khoudri).

Atores de grosso calibre (menção especial para Vincent Cassel, mas todos estão impecavelmente conectados com os personagens originais), cenários e figurinos em absoluto capricho e dando total alcance à história, 'mise en scène' criativamente exasperada (orquestradas por um jovem diretor, Martin Bourboulon, 43, cuja trajetória de três filmes é mesmo a do atual "garoto de ouro" do cinema francês a quem se pode confiar um orçamento enorme e que cumpre à risca sua missão).

“Os Três Mosqueteiros: D'Artagnan” é um puro entretenimento, e de muito boa qualidade. Agora é esperar para o final do ano a segunda parte, “Milady”.

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