Berlim organiza as comemorações do 100º aniversário de nascimento de Marlene Dietrich e prepara um grande espetáculo internacional no teatro de revista sucessor do lendário Grosses Schauspielhaus, no qual a atriz estreou, em 1925.
‘‘Queremos brindar Marlene Dietrich com uma homenagem que ela mesma teria desejado para um acontecimento assim’’, afirma Alexander Iljinski, diretor-geral do teatro Friedrichstadtpalast, anfitrião da apresentação de gala, no próximo dia 28 de dezembro, que será transmitida pela TV para todo o mundo, segundo ele.
A praça diante do Palácio do Festival Internacional de Cinema de Berlim leva hoje o nome artístico da atriz: Marlene Dietrich. Marie Magdelene von Losch - seu nome verdadeiro - nasceu em 27 de dezembro de 1901, naquela cidade. Começou a trabalhar como atriz de teatro e cinema mudo em 1922, após estudar com o então inovador diretor teatral Max Reinhardt, que dirigiu o Grosses Schauspielhaus até aquele ano, antes de se transferir com a companhia para sua própria casa, na hoje Reinhardtstrasse, e fundar o Deutsches Theater.
Dietrich, que se uniu em várias oportunidades à companhia de Reinhardt, teve que substituir uma corista doente e acabou fazendo sua estréia na peça de revista ‘‘De Boca em Boca’’, no Grosses Spielhaus.
Após sete anos trabalhando como extra em filmes do cinema mudo, Dietrich ganhou fama ao interpretar a sedutora cantora de cabaré de ‘‘O Anjo Azul’’, de Josef von Sternberg. Em Hollywood, Dietrich e Sternberg realizaram na década de 30 obras-primas do cinema, como ‘‘Marrocos’’, ‘‘O Expresso de Shangai’’, ‘‘A Vênus Loira’’ e ‘‘Mulher Satânica’’, em que a atriz encarna a mulher fatal.
A ascensão do nazismo na Alemanha, em 1933, fez com que ela se opusesse radicalmente a Adolf Hitler, adotasse a cidadania americana em 1937 e atuasse diante das tropas aliadas.
A partir da década de 50, Dietrich passou a trabalhar mais como cantora e fez algumas aparições no cinema antes de se retirar definitivamente de cena e vir a morrer, no dia 6 de maio de 1992, em Paris.
Construído em 1860 para ser um mercado, as instalações do Grosses Spielhaus, com capacidade para 5 mil pessoas, transformaram-se primeiro em um circo e depois em teatro de revista. O prédio histórico desapareceu na década de 80, no auge das construções de casas na então República Democrática Alemã, e foi substituído pelo Friedrichstadtpalast, teatro de arena localizado a 300 metros, na Friedrichstrasse, uma das ruas mais movimentadas do Centro de Berlim.
Uma década depois da queda do Muro de Berlim e da reunificação alemã, o Friedrichstadtpalast, com capacidade para 2 mil pessoas, é o maior teatro de revista do mundo.