Que atire a primeira rolha quem nunca brindou com espumante a chegada do novo ano. Além do champanhe e do grande círculo de taças, há diferentes costumes que se repetem como rituais de passagem - numa verdadeira crença positiva de que as promessas serão cumpridas e a vida fluirá - com lutas e conquistas. Da comida a hábitos considerados sagrados, é interessante observar como alguns são seguidos à risca por gerações. Fica a leveza, o conhecimento de cada cultura, o simbolismo e o respeito às diferenças e experiências.

Bacalhau: ora pois, o hábito de comer bacalhau chegou ao Brasil com os portugueses. No entanto, foi com a vinda da Corte, no início do século XIX, que esse costume se difundiu. Na ceia, o peixe é uma alternativa ao consumo de aves (frango, peru) que, como reza a lenda, por ciscarem para trás, remetem a um “atraso de vida”. Outra opção bastante explorada na gastronomia é a carne de porco. Assada no forno, na churrasqueira ou feita na panela, a carne também é muito apreciada pelo fato de o fuçar para frente.

Lentilha: O hábito é comum em muitos países e segundo a tradição comer lentilha, além do prazer, serve para garantir fartura e prosperidade. A origem do hábito é italiana e foi trazida ao Brasil pelos imigrantes. Na Itália, dizem: "Lentilha no Ano-Novo, dinheiro o ano todo" (“Lenticchie a capod´anno franchi tutto l´anno"). Há quem acredite que isso se deve ao fato de o formato do grão se assemelhar a uma moeda.

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Romã: de acordo com historiadores, a tradição de comer a fruta no réveillon veio da Grécia. Lá, eles jogam a romã no chão para quebrá-la e dividi-la entre todos. Pelo catolicismo, em 6 de janeiro, Dia de Reis, é costume comer e guardar algumas sementes na carteira para atrair sorte e riqueza ao longo do ano. Essa tradição remete às cerimônias e cultos da antiga civilização romana, que via na fruta um símbolo de ordem, riqueza e fecundidade.

Uva: O costume veio da Espanha, tendo surgido em 1909: depois de uma farta colheita, o rei Alfonso XIII distribuiu a fruta na véspera do Ano-Novo. Desde então, os espanhóis comem um dúzia delas, acompanhando as doze badaladas do relógio. Para alguns, cada uva simboliza um mês de sorte no ano que se inicia; outros deixam pronta previamente uma lista com doze desejos. Para os portugueses, comer três, sete, ou a quantidade correspondente ao seu número de sorte, garante prosperidade e fartura de alimentos. Para também atrair dinheiro, há quem guarde as sementes na carteira ou na bolsa.