No mundo dos animais domésticos os porcos sempre foram discriminados. São considerados os bichos mais sujos, imundos e bagunceiros do reino animal. Em outras palavras, ‘‘porcos’’.
Talvez esse preconceito exista justamente porque são raras as pessoas que tiveram a oportunidade de ver um porco tomando banho, penteado os cabelos, lavando as orelhas, aparando o casco e usando desodorante.
Foi esse tipo de preconceito que ocupou o pensamento de Gabriela Galinha, Clóvis Coelho e Doutor Raposo quando viram que o novo morador do prédio que habitavam seria um porco.
Grabriela Galinha foi a primeira a torcer o bico e resmungar: ‘‘Meu Deus! É... um Porco! Uma Porco vem morar aqui! Assim não dá. Todo mundo sabe que os porcos são bagunceiros, sujos e lamacentos.’’ Clóvis Coelho e Doutor Raposo concordaram plenamente com as palavras da vizinha e logo começaram a procurar defeitos no comportamento do novo habitante.
Durante sua mudança, o Porco derrubou alguns pedaços de lenha na calçada e um saco de farinha na escada do edifício. Ainda deixou algumas pegadas de barro pelo corredor. Os vizinhos ao verem aquela sujeira, pensaram que o prédio iria se transformar num chiqueiro. O que os bicho não viram foi que o próprio Porco se encarregou de limpar tudo. Corroídos pelo preconceito, preferiram dar mais atenção ao ato de sujar do que ao ato de limpar do novo morador.
Com o hálito exalando raiva, a Galinha, o Coelho e o Raposo, resolveram tirar satisfações do Porco por sua conduta ‘‘porca’’. Através de uma conversa simples e direta, descobrem que foi o próprio Porco que limpou toda a sujeira. Constrangidos, percebem que julgaram prematuramente e de maneira parcial e pré-estabelecida o novo vizinho.
Essa história, que revela de maneira simples como o preconceito pode evitar que as pessoas enxerguem a verdade, está em ‘‘Um Porco Vem Morar Aqui!’’, obra infantil criada pela escritora e ilustradora inglesa Claudia Fries. Lançado pela Editora Brinque-Book, o livro é uma bela e alegre fábula moderna. Mostra às crianças, de maneira simples, como o preconceito nasce como um sentimento desprovido de sentido e razão. Um sentimento que nasce no interior daquele que sente, e não naquele que sofre, o preconceito.
‘‘Um Porco Vem Morar Aqui!’’ - texto e ilustração de Claudia Fries, tradução de Lilian Jenkino, 28 páginas, R$ 16,00. Editora Brinque-Book (e-mail: [email protected]).