O jornal ‘‘Nicolau’’, editado pela Secretaria de Estado da Cultura, teve uma vida relativamente curta mas intensa. Enfim, o suficiente para ainda hoje ser citado como se não tivesse desaparecido há seis anos. Nesta noite, às 19h30, na Universidade Tuiuti (Campus Barigui) será inaugurada uma exposição com 20 banners que reproduzem as capas de 55 exemplares do jornal, perfazendo sete anos de história, entre 1987 e 1994.
As 55 edições são aquelas que foram editadas pelo escritor Wilson Bueno. Ao lembrar a importância do ‘‘Nicolau’’ a idealizadora do evento, Denise Azevedo Duarte Guimarães, manteve associados o criador e a criatura. Depois desse número, com a saída de Bueno, houve descaracterização do jornal. Nada seria como antes.
‘‘Foi um marco na cultura paranaense. Tanta gente surgiu ali: o Marcelo Sandman, Miguel Sanches Neto estavam nas mesmas páginas que Domingos Pellegrini Jr, Cristóvão Tezza’’, lembra a professora. Assim como novatos e emergentes assinavam ali seus textos, autores consagrados também contribuíam. Foi o caso de Octavio Paz, Manuel de Barros, Lygia Fagundes Telles. Havia ainda a tradução poética e resenhas de livros.
A diversidade encontrada no ‘‘Nicolau’’ é exemplificada por Denise na edição em que saiu Wilson Martins e Arnaldo Antunes, como gerações distintas envolvidas numa mesma história. ‘‘Foi muito importante o então secretário da Cultura, René Dotti, abrir esse espaço que saiu dos moldes tradicionais’’, lembra a professora.
A exposição que abre hoje no 4º andar do Bloco C da universidade, fica em cartaz até o dia 20. No dia 21 estará no Shopping Mueller numa temporada que encerra em junho. Deverá seguir para a Biblioteca Pública do Paraná e, em sua itinerância, há chances de ser levada para o Aeroporto Affonso Pena, a Escola de Comunicações e Artes, da USP (SP) e Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Wilson Bueno será homenageado com uma sessão no auditório do Campus da Tuiuti. ‘‘Estou extremamente sensibilizado. Esta é uma prova inconteste de que ‘‘Nicolau’’ não foi um projeto provisório, mas surgiu para ser perene’’, observa. A perenidade foi simbolizada na visita que recebeu há pouco tempo de um aluno gaúcho. O rapaz de 21 anos falava com tanta intimidade do jornal, que deixou Bueno intrigado.
Ao abordar o rapaz sobre como ele sabia com detalhes das matérias escritas tempos atrás, ouviu uma resposta inesperada: ‘‘Você se esquece que sou da geração dos que lêem o ‘Nicolau’ nos arquivos das bibliotecas’’. ‘‘Foi um dos maiores presentes que eu poderia receber’’, confessou o escritor.
O mesmo acontece com esta exposição: ‘‘É uma homenagem que me emociona muito, mas não posso esquecer da pequeníssima equipe que trabalhou comigo. Além de mim tinha o Fernando Karl, Juba Tridente e Angelo Zarek. Éramos quatro apaixonados. Só pela via da paixão consigo explicar esse sucesso’’.
‘‘Nicolau: Um Recorte na Vida Literária de Curitiba’’, exposição reúne capas e páginas do jornal cultural que marcou época. Abertura hoje, às 19h30 no Bloco C, 4º andar, da Universidade Tuiuti, Câmpus Barigui, em Curitiba. Permanece até dia 20.