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Folha 2 5m de leitura

O mundo fantástico do criador de Alien

ATUALIZAÇÃO
21 de maio de 2017

Célia Musilli<br>Reportagem Local
AUTOR

A arte de H.R.Giger traz o horror e o erotismo associados: produto de sonhos, elementos da biomecânica e outras fontes de inspiração



Ao final do filme "Alien: Convenant", em cartaz nos cinemas, o diretor Ridley Scott presta um tributo ao artista plástico suíço Hans Ruedi Giger, criador das formas monstruosas do ser que assombra espectadores por sua voracidade na condição de predador de humanos. Para criá-lo, o artista associou formas biomecânicas a seus próprios sonhos.

Giger faleceu em maio de 2014, aos 74 anos, antes da estreia do filme que é mais uma de suas grandes contribuições ao cinema. Além de receber uma homenagem nos créditos finais, seus croquis aparecem também em algumas cenas deste novo Alien, pendurados nas paredes do reduto de um dos androides, como uma amostragem do seu processo de criação. O artista era ligado às correntes surrealistas e da arte fantástica e o Alien é apenas uma amostra de sua condição de exímio escultor, pintor e cenógrafo.
H.R. Giger – como era conhecido no mundo artístico – trabalhava nos limites entre o horror e o erotismo. Usava como técnica principal a aerografia que tem tudo a ver com os processos da arte hiper-realista bastante difundida nos últimos anos, além de participar ativamente da evolução do 3D.



Seu trabalho no primeiro filme da série - "Alien – o Oitavo Passageiro (1979) - lhe deu um Oscar de Melhores Efeitos Especiais e o reconhecimento irrestrito no cenário da arte contemporânea no qual passou a ser copiado.
Ridley Scott conheceu o trabalho de H.R. Giger quando folheava seu livro "Necronomicon" (1978) buscando formas para as criaturas bizarras que levaria às telas, a partir deste contato desenvolveram vários trabalhos juntos. Antes, Giger já havia participado de documentários desenhando criaturas mutantes, associando formas humanas e mecânicas.



Um museu na cidade de Gruyères, na Suiça, concentra sua obra caracterizada pelo uso do azul, cinza e preto como cores dominantes. O espaço também abriga obras de outros surrealistas como Salvador Dalí e tornou-se um ponto turístico que atrai pessoas do mundo inteiro.
A homenagem prestada por Scott a Giger tem tudo a ver com uma frase de Nietzsche:"Temos a arte para não morrer de verdade."
Ao derrubar as fronteiras da realidade e da ficção, os artistas surreais e da vertente fantástica realizam a fusão que amplia possibilidades, dando à sua obra o sentido de estranheza e diversidade ausente na criação dos adeptos das formas padronizadas a quem falta um bocado de imaginação.

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