O maestro que viu o Festival de Música nascer
No último dia do 40º FIML, realizado de forma online este ano, Norton Morozowicz faz um balanço deste importante evento musical
PUBLICAÇÃO
sábado, 12 de dezembro de 2020
No último dia do 40º FIML, realizado de forma online este ano, Norton Morozowicz faz um balanço deste importante evento musical
Reportagem local
O maestro Norton Morozowicz, paranaense que vive atualmente em Curitiba ao lado da professora e pianista Glacy Antunes, tem uma relação intrínseca com Londrina. Segundo ele, foi “amor à primeira vista”, no momento em que desembarcou na terra vermelha para uma apresentação do Duo Morozowicz formado por Norton e o irmão Henrique de Curitiba, durante o jubileu do Conservatório Musical de Londrina.
“Assim que cheguei imediatamente me apaixonei pela exuberância da cidade, aquele dia azul e a simpatia das pessoas com quem convivi durante minha estada em Londrina. Pude assistir à alta qualidade da apresentação do Coral do maestro Othonio Benvenuto. Muita admiração, e esse sentimento ficou guardado comigo”, relembra em entrevista à assessoria de imprensa do Festival.
Tempos depois, o governador Ney Braga criaria Secretaria de Estado da Cultura e o titular da pasta, Luiz Roberto Soares, iniciava os preparativos do 1º Festival de Música Barroca de Antonina, sob a coordenação de Morozowicz, que na época morava no Rio de Janeiro e atuava como flautista na Orquestra Sinfônica Brasileira. Por problemas técnicos, o festival não ocorreu na cidade litorânea.
Ainda encantado com a terra fértil no norte do Estado, o maestro rapidamente sugeriu que o evento fosse realizado em Londrina. “Começamos as primeiras reuniões com a presença do maestro Othonio Benvenuto, a professora Walkíria Ferraz e Marco Antonio Fiori, na época, diretor da Casa de Cultura da UEL. Essas pessoas formaram comigo, os pilares do evento. Finalmente em 27 de julho de 1979 realizamos o 1º Festival de Música Barroca de Londrina com excelente público e repercussão.”
Norton Morozowicz, que esteve à frente do Festival em diferentes momentos, revela que o grande legado do evento de Londrina é o seu caráter democrático e formativo. “O formato do festival com os seus eixos artístico e pedagógico, atingem o grande público sem distinção de idade, grupos sociais ou etnias. A sua proposta inovadora na diversidade de cursos e em todas as atividades oferecidas, faz cumprir a missão de proporcionar a todo e qualquer cidadão a oportunidade de participar do evento.”
Norton Morozowicz ressalta que após quatro décadas, o Festival já se tornou uma tradição não só para a cidade, mas para todo o país. “É uma semente que gerou frutos espalhados por todo o mundo, formou gerações de músicos e artistas, além da criação da Orquestra Sinfônica e do curso de Música, ambos da Universidade Estadual de Londrina. Estamos vivendo uma fase difícil agravada pela pandemia. Temos que ser criativos, criar parcerias, se reinventar, resistir e não deixar a cultura morrer.”
Ao refletir sobre a perenidade do Festival ao longo desta intensa trajetória, Norton Morozowicz comenta sobre as centenas de programas, CDs gravados, intercâmbios com universidades e a missão de divulgação da música brasileira. “Quando vejo que se passaram 40 anos e o festival segue com passos firmes, penso que acertei ao trazer o evento para a cidade de Londrina. Nessa terra fértil, o evento floresceu.
Serviço:
40º Festival Internacional de Música de Londrina
Encerramento neste sábado (12), às 20h30
Apresentações pelo canal do evento no YouTube com momentos do Kids Festival; Festival na Rua; Tangos de Gardel a Piazola e o Quarteto Ancestral, com chorinho “Nazareth na Terra do Café