Na obra "Mulheres: autoconhecimento, lutas e empoderamento", a escritora e compositora Sofia Pellegrini faz uma abordagem holística em torno do ser feminino. Os principais assuntos ligados aos movimentos femininos são descritos: história, atualidade e discussões nada amornadas sobre direitos reprodutivos, maternidade, violência obstétrica - além de o conteúdo deixar bem claro e ajudar a identificar relações abusivas e padrões de dominação e subordinação. Para quem busca mais autonomia, força, autoestima e conhecimento sobre os direitos das mulheres, é um manual de A a Z.

Mas não o livro não é só para elas, mas para todos os leitores de diferentes idades, área de atuação e nível de informação sobre o assunto. Uma leitura esclarecedora e que vai ao encontro da empatia com a figura feminina - e suas diferentes facetas. "Foi muito gostoso ver o livro pronto depois de tanto tempo de trabalho, e o feedback das pessoas tem sido ótimo. Em geral as pessoas se encantam com o a estética do livro, com as ilustrações e com os diversos conteúdos que ele traz", divide.

Sofia explica que o elemento motivador desse livro foi perceber a quantidade de desinformação, preconceitos e confusões em torno de temas como mulher e feminismo. "Daí surgiu a vontade de escrever um material que reunisse discussões com informações confiáveis e de qualidade sobre esses temas". Sobre o processo de criação e produção, ela conta que foi bem longo e desde as primeiras pesquisas até a impressão foram quatro anos. "Foi um processo de muita lapidação do material." Ela recorda que em 2017 já tinha uma primeira versão do material completo. " Depois disso, passou por muitas leituras críticas, muito conteúdo saiu, outros entraram, e o livro passou por esse processo de reescrita e edição fundamental pra chegar nesse resultado ", crê.

.
. | Foto: Lucas Martins / Divulgação

Paralelamente ao conteúdo e pesquisa, o projeto gráfico é uma leitura à parte. "Planejei um material atraente, com uma visualidade rica, e o Lasca Studio arrasou. As ilustradoras Ana Matsusaki, a Catarina Bessel e a Larissa Ribeiro, abraçaram a ideia e depois teve a campanha no Catarse, que a gente fez para viabilizar a impressão do livro e pagar as profissionais. A campanha foi um sucesso: alcançamos 125 % da meta e tivemos um primeiro feedback muito positivo das pessoas", comemora.

Cala a boca já morreu

"Cala a boca"; "continue sendo esse lixo de esposa" ; "não se mete na empresa", "ruim comigo, pior sem". A agressão verbal é uma realidade na vida de muitas mulheres. Calam-se por diferentes motivos, mas se libertam, conseguem nadar, nadar e chegar a praias inteiras. Mas para isso, atravessam um mar revolto. São doses de coragem diárias e muitas vezes, sem qualquer aporte, é na base das braçadas e da fé que se reencontram com si mesmas.

Quando a casa se torna o lugar mais perigoso, lançar-se ao mar pode ser a saída. "Um estudo da ONU -Organização das Nações Unidas, de 2018, realizado pelo Escritório das Nações Unidas contra Drogas e Crime (UNODC), revelou que, dos 87 mil homicídios de mulheres registrados em 2017 no mundo. Esses dados mostram que a própria casa, surpreendentemente, é o lugar mais perigoso para uma mulher", destaca a autora ao abordar a violência contra as mulheres.

O cotidiano é também uma fonte para o tema. Ainda hoje, 2021, segundo ela, é preciso informar, alertar, defender direitos tão básicos. "As mulheres ainda são vítimas de feminicídio. Ainda são assediadas, abusadas, estupradas. Ganham menos que os homens, são as principais encarregadas dos trabalhos domésticos e do cuidado com crianças e enfermos. Ainda vivem maternidades compulsórias, sofrem com diversos mecanismos de controle sobre seus corpos. Isso só para citar algumas das manifestações dessas desigualdades", enumera.

"As causas mudam, mas acredito que as lutas sempre existirão", reflete. A autora não despreza as vitórias. "Houve avanços e estamos vivendo um tempo de reflexão sobre as desigualdades de gênero, com as pessoas tendo muito mais acesso a informações e discussões sobre esse assunto, o que tem gerado mais conscientização e mudanças. Mas muita gente ainda não tem consciência de que todos esses direitos que temos hoje são fruto de muita luta feminista", acrescenta.

Serviço

"Mulheres: autoconhecimento, lutas e empoderamento"

Autora – Sofia Pellegrini

Editora – Pele

Páginas – 223

Quanto – R$ 85

Locais de venda: lojas Ciranda, Emma, Estúdio Wah. No site: www.livromulheres.com.br , ou instagram: @sofia.apellegrini.