São Paulo, 20 (AE) - Os palcos do Rio parecem ter recuperado sua antiga vocação musical, outrora responsável pelo enorme sucesso de público do gênero teatral chamado teatro de revista, espécie de versão tupiniquim da popular opereta francesa. Nélson Gonçalves, as irmãs Linda e Dircinha Batista, Chiquinha Gonzaga e Dolores Duran foram algumas das personalidades da música popular brasileira transformadas, recentemente, em protagonistas de espetáculos musicais.
Agora é a vez de "Noel - Feitiço da Vila", que estréia amanhã (21) no Teatro Hilton, em São Paulo, depois de ter feito a maior bilheteria da temporada no Teatro Carlos Gomes, no Rio. O ator Marcelo Serrado interpreta o genial compositor nascido no bairro de Vila Isabel, liderando um elenco formado por 13 atores e quatro músicos, sob direção de Andréia Fernandes, também responsável pelo texto. Espetáculo - O musical conta a história do autor de "Fita Amarela" e "O Orvalho Vem Caindo" desde seu nascimento, em 1910, até sua morte, por tuberculose, aos 27 anos. O público vai ouvir ainda 16 canções de Noel, entre elas, além das já citadas, "Até amanhã", "Três Apitos", "Com Que Roupa?", "Conversa de Botequim" e, claro, "Feitiço da Vila". Segundo a autora, o público pode esperar bem mais do que a narrativa comum a espetáculos do gênero, que alterna uma ceninha - retratando um episódio da vida do protagonista - com uma canção.
"Cada número musical está estritamente ligado à história contada no palco", afirma Sandra. "O espetáculo tem uma estrutura dramática consistente; não tem isso de interromper a ação para interpretar uma música, tudo está interligado". Pesquisa - Utilizando como principal fonte de pesquisa o ótimo livro "Noel Rosa - Uma Biografia", de João Máximo e Carlos Didier, Sandra traça um panorama histórico do Rio nos anos 20 e 30, período em que o samba desceu do morro para tornar-se música da identidade nacional. A peça tem início com a menção à passagem do cometa Halley - que coincide com o nascimento de Noel e provocou numerosas predições de fim de mundo na época -, metáfora do papel do compositor símbolo da mudança para uma nova era na música popular brasileira.
Quem só conhece as músicas do compositor, pode surpreender-se com sua história. O afundamento no queixo causado pelo fórceps utilizado no parto - que fazia Noel esconder-se para comer - ajudou a construir a falsa imagem de um homem feio, um boêmio deprimido. "Levamos ao palco o personagem alegre, farrista, irreverente e sedutor que ele sempre foi; um conquistador nada tímido", diz Sandra.
O dançarino Carlinhos de Jesus foi o responsável pela preparação corporal do ator Marcelo Serrado. "Eu o escolhi antes de mais nada por sua sólida formação teatral", garante Sandra. "Além disso, ele toca violão, gaita, tem ritmo é afinado e tem um temperamente sedutor e irreverente como o de Noel". No palco, Serrado e elenco dançam as coreografias criadas por Tânia Nardini e Mabel Tude, ao som dos arranjos de Luís Felipe de Lima, também responsável pela direção musical. Serviço - "Noel - Feitiço da Vila". Texto e direção de Andréia Fernandes. Direção musical de Luís Felipe de Lima. Duração: 2 horas, com 15 minutos de intervalo. Sexta e sábado, às 21 horas; domingo, às 18 horas. R$ 25,00 e R$ 30,00 (sábado). Teatro Hilton. Avenida Ipiranga, 165, tel. 259-6508. Até 27/2

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