Paris - O estilista francês Pierre Cardin, um profissional visionário e pioneiro do prêt-à-porter, faleceu na terça-feira (29), aos 98 anos. Cardin, um filho de imigrantes italianos que se transformou em um empresário mundialmente conhecido, morreu esta manhã no hospital americano de Neuilly, ao oeste de Paris.

Pierre Cardin abriu antes de muitos outros um "posto de venda" em uma loja de departamentos e incluiu homens nos desfiles. Além disso, adotou um sistema de licenciamento em larga escala que assegurava a presença da marca em todo mundo. A estampa de seu nome passou a ser vista em produtos variados, que incluíram gravatas, cigarros, perfumes, ou água mineral.

“Meu objetivo era a rua, que meu nome e minhas criações estivessem na rua. As celebridades, as princesas... isso não era meu. As respeitava, jantava com elas, mas não as via em meus vestidos", dizia.

“Pierre Cardin era um homem sem dúvidas extraordinário. Para ele, a criação não tinha comportamentos, nem fronteiras entre a moda, o design ou a arquitetura. Um sopro que impulsionou minha imaginação", disse o estilista Jean-Charles de Castelbajac, diretor de arte da marca Benetton.

O MAIS VELHO

"Sou o estilista mais velho", disse Cardin em uma entrevista em 2019, quando tinha 96 anos, na qual reconheceu que estava preparando sua sucessão e tinha três criadores de seu ateliê para continuar produzindo roupas futuristas.

Cardin começou a trabalhar como aprendiz de alfaiate e, aos 14 anos, já sabia confeccionar os próprios desenhos. Essa habilidade rara hoje no mundo da moda lhe permitiu traduzir suas ideias em peças reais.

A história de Cardin se confunde com a da moda. Formado na Maison Christian Dior, ele a abandonou em 1950 para fundar a própria empresa e, em 1953, apresentou sua primeira coleção. "Na Dior, aprendi a elegância, evidentemente", afirmou.

Sempre um precursor, ele olhou muito cedo para a Ásia, onde tinha uma grande reputação: viajou desde 1957 para o Japão, então em plena reconstrução pós-Segunda Guerra Mundial, e organizou desfiles na China a partir de 1979.

Seu "museu" pessoal, em Saint-Ouen (periferia de Paris), tem 3.500 metros quadrados destinados à moda, 3.500 metros quadrados para os móveis, e abriga quase 10.000 modelos que guardou desde o início da carreira.

"Italiano de nascimento, Pierre Cardin nunca esqueceu as origens, ao mesmo tempo em que mostrava um amor incondicional pela França", escreveu a família ao noticiar sua morte. "Consagração suprema, finalmente foi o primeiro estilista a entrar para a Academia de Belas Artes, fazendo que a moda fosse reconhecida como uma arte de pleno direito", completa a nota.

No Instagram, a ex-modelo Carla Bruni também o homenageou. "Senhor Pierre Cardin, você partiu para se unir à sua Jeanne e outros anjos...", escreveu referindo-se à atriz Jeanne Moreau, com quem o estilista teve uma história de amor por quatro anos.