"Quanto vale ou é por quilo?" (2005), filme de Sérgio Bianchi põe o dedo na ferida das questões sociais brasileiras
"Quanto vale ou é por quilo?" (2005), filme de Sérgio Bianchi põe o dedo na ferida das questões sociais brasileiras | Foto: Divulgação

Em 19 de junho é comemorado o Dia do Cinema Nacional. A data foi escolhida em referência ao dia em que o ítalo-brasileiro Afonso Segreto – o primeiro cinegrafista e diretor do Brasil – registrou as primeiras imagens em movimento no território brasileiro, em 1898. Uma lei de autoria do então senador Cristóvão Buarque, de 2014, tornou obrigatória a exibição de filmes e audiovisuais de produção nacional nas escolas de ensino básico de todo o país por, no mínimo, duas horas mensais.

Porém, a inclusão de filmes nos currículos escolares não é uma novidade na educação brasileira. Ao longo dos anos, educadores, diretores e produtores de cinema debateram sobre as possibilidades de usar os filmes como um recurso pedagógico. A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) prevê a valorização das manifestações artísticas e culturais entre as 10 competências gerais da Educação Básica, destacando o cinema nas competências específicas de arte para o Ensino Fundamental 2.

"O ano em que meus pais saíram de férias" (2006): dirigido por Cao Burguer, filme narra a história de um menino cujos pais, militantes de esquerda, são obrigados a se esconder no período da ditadura
"O ano em que meus pais saíram de férias" (2006): dirigido por Cao Burguer, filme narra a história de um menino cujos pais, militantes de esquerda, são obrigados a se esconder no período da ditadura | Foto: Divulgação

"Trabalhar o cinema como instrumento de aprendizagem é ajudar a escola a reencontrar a cultura ao mesmo tempo cotidiana e elevada, pois o cinema é o campo no qual a estética, o lazer, a ideologia e os valores sociais mais amplos são sintetizados em uma mesma obra de arte", afirma Norton Nicolazzi Junior, coordenador editorial do Sistema Positivo de Ensino.

Segundo o educador, introduzir a exibição de filmes nacionais no cotidiano das escolas e explorar essas produções como ferramentas para a aprendizagem podem viabilizar a identificação de professores e alunos com um cinema pouco conhecido e, muitas vezes, estigmatizado. "Nossa cultura predominante favorece o cinema hollywoodiano, o que não beneficia o cinema nacional. Promover esse encontro com as produções brasileiras abre espaço para que professores e alunos pensem juntos sobre as questões e temáticas que são abordadas e problematizadas nesses filmes", acrescenta.

"Getúlio", de João Jardim, mostra os últimos dias do ex-presidente no Palácio do Catete
"Getúlio", de João Jardim, mostra os últimos dias do ex-presidente no Palácio do Catete | Foto: Divulgaçao

O educador criou uma lista de produções nacionais que podem ser utilizadas como ferramentas de aprendizado, tanto em sala de aula, como na programação de fim de semana, para gerar debates em família. Os títulos sugeridos por ele são: "Quanto vale ou é por quilo?”, dirigido por Sérgio Bianchi, 2005; "Narradores de Javé” (Eliane Caffé, 2003); “Getúlio” (João Jardim, 2014); “Nós que aqui estamos, por vós esperamos” (Marcelo Masagão, 1999); “O ano em que meus pais saíram de férias” (Cao Hamburguer, 2006) e “Guerra de Canudos”, (Sérgio Rezende, 2001).